Política

Anchieta fala sobre alianças e diz que deixou um legado em seus governos

Folha dá continuidade às entrevistas com os cinco pré-candidatos que já divulgaram seu interesse em disputar o Governo de Roraima

O ex-governador Anchieta Júnior (PSDB) é o segundo a participar da rodada de entrevistas com pré-candidatos ao Governo de Roraima. Ele respondeu a perguntas sobre cenário eleitoral, programa de governo e avaliou a atuação política roraimense. Confira:

Folha: O senhor veio de um governo que já recebeu críticas. Como o senhor acredita que vai ser sua aceitação em relação à nova pré-candidatura ao governo?

José de Anchieta: O povo de Roraima nos deu oportunidade para passarmos por duas vezes no Governo do Estado e o que sinto hoje, na rua, é uma boa receptividade. Logicamente ainda é muito cedo para falar porque eu acho que ainda não estão definidas todas as candidaturas e a gente tem que caminhar com muita humildade, com muita cautela e tentar convencer o povo. O que me leva a ter vontade e o prazer de poder concorrer é a história do nosso governo.

Eu acho que nós construímos e deixamos um legado de algumas ações dentro do governo, que isso hoje está sendo reconhecido e lembrado pelo povo, como as obras de infraestrutura que fiz no Estado. Eu me preocupei muito em construir as obras de infraestrutura necessárias para que o Estado pudesse produzir, construí estradas vicinais. Eu fui o único governador desse país a asfaltar vicinal. Levei energia de alta tensão para a maioria dos municípios do interior, trocando os motores sucateados da CERR [Companhia Energética de Roraima].

Os programas sociais, conduzidos no nosso governo, o crédito social, eu atendia 50 mil famílias e agora o governo atual só atende a 25 mil famílias e tinha um discurso de aumentar o número de beneficiados e, pelo contrário, fez foi diminuir. E isso influencia muito na economia local. O carinho que tive, o respeito que tenho pelo servidor deste Estado, com os salários em dia, com os Planos de Cargos e Salários aprovados de várias categorias. Na saúde deixamos duas unidades em construção. Enfim, fazendo uma analogia, uma comparação com o governo que hoje está, é que a gente fica confortável de nos colocarmos à disposição do povo para sermos avaliados mais uma vez.

Folha: Em relação ao quadro de alianças políticas para essa pré-candidatura, como está a conversação, principalmente com alguns deputados já declarando apoio a outros pré-candidatos?

José de Anchieta: Nós estamos conversando. Conversando com os políticos, conversando com as pessoas, com lideranças, com a sociedade. Logicamente ainda não tem nada definido, mas eu tenho buscado alianças e o apoio de partidos, lideranças e da sociedade civil organizada, mantendo esses contatos. No meu caso, não tem portas fechadas para ninguém, diferentemente de alguns pré-candidatos que já anteciparam escolhas, que coligam com A, mas não coligam com B. Acho que ainda está muito cedo para isso.

Eu aprendi na política que quem veta pode ser vetado. Eu não veto ninguém, não acho que seja impossível a coligação, seja com quem for, e tenho que ter humildade e tenho certeza que Deus mostrará o caminho para a gente. Por enquanto, a melhor coligação que estou tentando fazer, e estou aos poucos fazendo, e essa é a melhor mesmo, é a coligação com o povo. Estou conversando muito, andando muito e, lógico, estou conversando com os partidos porque se faz política com político.

Então formar um bom grupo é importante. Eu tenho conversado muito com os deputados. Tenho uma amizade com vários vereadores da Capital, tenho uma relação boa com vários prefeitos do interior, os quais ajudei nessa última eleição, uma base boa dentro da Assembleia Legislativa. Tenho uma relação muito boa com o presidente da Assembleia, deputado Jalser Renier [SD], e tenho amizade muito boa com vários deputados. A questão primordial dessa coligação, o principal será o futuro de Roraima, pessoas que tenham compromisso com o Estado para que juntos possamos resgatar e reconstruir, recomeçar e dar continuidade ao trabalho que fizemos lá atrás.

Folha: O senhor imagina como vai ser sua chapa? Qual o perfil de quem o senhor quer ao seu lado?

José de Anchieta: Vai depender de algumas negociações. O perfil tem que ser de uma pessoa que esteja alinhada conosco, que pense parecido e que possa realmente me ajudar a colocar este Estado novamente nos trilhos. Acho que tem que ser um perfil de uma pessoa técnica. Nós precisamos reconstruir o Estado, precisamos resgatar a alegria das pessoas.

As pessoas têm que voltar a ter o prazer de dizer que são felizes porque moram em Roraima. Na minha época, mais de 85% das pessoas se sentiam felizes por morar em Roraima. Não quer dizer com isso que eu era responsável exclusivo disso, mas ajudei muito a desenvolver Roraima. Então, eu acho que o caminho seria um grupo que se identificasse, o ideal é nos unirmos com pessoas que possam contribuir, pessoas mais novas, pessoas com mais experiência.

Folha: O senhor tem receio de uma candidatura lutando contra a máquina governamental estadual e municipal?

José de Anchieta: Receio eu não tenho. Eu tenho respeito, mas receio, não. Alguns paradigmas já foram quebrados no Estado. Na eleição de 2014, as duas máquinas estavam juntas, governo e prefeitura, e perderam o governo. Então, vai depender da vontade do povo. O povo está ficando cada vez mais exigente, mais inteligente e mais precavido das escolhas de seus representantes. Nós tivemos eleição este fim de semana em Manaus e tinha lá um senador que já foi governador, experiente, do PMDB, e perdeu para um líder antigo, que estava fora da política, Amazonino Mendes, pelo menos no primeiro turno. Amazonino saiu na frente. Isso é um sinalizador de que o eleitor está pensando diferente.

Folha: Quais serão as prioridades do possível governo Anchieta Júnior?

José de Anchieta: A questão de valorização do setor produtivo com a implementação dos órgãos que estão atrelados ao setor produtivo. Nós precisamos aparelhar a Secretaria de Agricultura e voltar com assistência técnica ao homem do campo. Agricultura familiar é fundamental, como o agronegócio também é. Precisamos trabalhar a Secretaria de Agricultura no que diz respeito à assistência técnica porque hoje o mundo inteiro preza pelo aumento de produtividade, destravar o Iteraima [Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima], voltar a titular as terras. A Femarh [Fundação do Meio Ambiente] tem que dar as licenças ambientais num ritmo mais célere e investir na Aderr [Agência de Defesa]. Essas quatro peças são as pernas da mesa do setor produtivo. Isso é fundamental.

Paralelo a isso, nós precisamos dar continuidade às obras de infraestrutura, a interligação de Tucuruí, que vai dar a tranquilidade de termos uma energia segura, tem que concluir as obras que precisam para que o interior fique amparado com redes de alta tensão. Se não houver uma urgência na conclusão dessa obra do Linhão Tucuruí, nós vamos precisar voltar aos motores que nós tínhamos 25 anos atrás. Então, nós precisamos dar continuidade às obras de infraestrutura deste Estado, nós precisamos continuar asfaltando vicinais, precisamos continuar levando energia segura, precisamos recuperar as vicinais desse interior que está abandonado, isso é fundamental.

Com relação aos servidores. Eu passei 75 meses no governo e nunca atrasei salário e todos os anos eu dava aumento equivalente à inflação, no mês de maio, em torno de 5% ou 6%. Fiz vários concursos. Aprovei o plano de cargos e salários de várias categorias, ajudei a Defensoria Pública com projeto de lei, Procuradoria do Estado, da Polícia Civil. Aprovei o Plano de Cargos, Carreiras e Salários de todas as categorias da Polícia Civil. Então tive muito respeito por todos os servidores do Estado.

Segurança Pública eu tratei com muito carinho, com muito respeito, e continua sendo fundamental uma união do sistema de segurança como um todo. Aparelhamento da PM como armamento, munição, viaturas, cursos de capacitação. Eu acredito que o sistema penitenciário brasileiro é um sistema falido. Aqui nós temos uma condição um pouco melhor ainda porque, embora esteja com a lotação acima da média, mas em comparação com outros estados nós estamos muito bem.

Folha: O que o eleitor pode esperar do senhor em caso de possível candidatura e eleição?  

José de Anchieta: O eleitor pode esperar uma campanha simples, pé no chão, humilde, contando a história, narrando os fatos, não com promessas, mas mostrando o que fez e com promessa de homem 10 anos mais experiente, com relação à primeira vez que assumi o governo. Uma pessoa bem mais humana. Eu sempre fui um cidadão que tem um amor imenso por essa terra, já mostrei isso. Estou aqui há 26 anos, estou com 52 anos de idade, engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Ceará (UFCE) e já dei provas de que escolhi este Estado como meu Estado para viver o resto da vida.

Então, pode esperar um homem comprometido com este Estado, um homem que ama e quer o melhor para este Estado. Pelo que fiz e hoje pela experiência que tenho de tudo, o que a gente passou nesses 10 anos poderemos fazer muito mais, com o apoio, não vou fazer sozinho, não vou fazer milagres. Vou precisar de todos, de uma equipe técnica boa, de pessoas que realmente possam se dedicar e serem escolhidas tecnicamente para ajudar o Estado. Meu partido tem vaga para dois senadores, oito deputados federais e 24 estaduais. E hoje eu posso te dizer que tem muita gente boa, gente que já está e gente que quer entrar na política. Meu projeto é ser candidato a governador e vou respeitar o sentimento do povo. O que eu sentir que o povo quer, vou respeitar. Se a gente sentir que tem chance e que as pessoas efetivamente querem, eu não vou abrir mão, não vou decepcionar, serei candidato.