Cotidiano

Apenas 25% do público-alvo foi imunizado contra o HPV em RR

Busca pela imunização é tão inferior a procura, que boa parte do estoque está com o prazo de validade perto de vencer

Mais de duas mil doses da vacina contra o vírus do Papiloma Humano (HPV) correm o risco de serem jogadas no lixo se não forem utilizadas até agosto, quando expira o prazo de validade. Isso porque a procura do público-alvo pela imunização tem sido abaixo da média em Roraima. A meta de vacinação estipulada pelo Ministério da Saúde (MS) é de 90%, mas o índice atingido no Estado é de apenas 25% na primeira dose.

A baixa procura provocou o acúmulo de vacinas nos estoques dos postos de saúde dos 15 municípios de Roraima. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), na segunda dose, que ocorre seis meses após a primeira, foi registrado 13% de cobertura até o momento.

A situação está preocupando o Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (NEPNI) pelo fato de a vacina evitar o desencadeamento de situações mais graves, como cânceres de útero, de pênis e de boca. Para a coordenadora do núcleo, Amanda Antunes, um dos motivos da baixa procura é a desinformação de pais e responsáveis sobre os benefícios da vacinação. “O que vemos muito são os pais se preocuparem mais quando se trata de vacinação a um bebê. Há um desconhecimento muito grande sobre os benefícios da vacina. Os próprios adultos deixam de se informar e acabam prejudicando a saúde da criança e do adolescente”, explicou.

Outro motivo da procura abaixo do esperado é a falta de divulgação mais incisiva. Há alguns anos, conforme acrescentou a coordenadora, as ações eram mais eficazes e iniciavam dentro da sala de aula. Quando a vacina passou a fazer parte do Calendário Nacional de Imunização, as pessoas passaram a se preocupar menos. “A vacina agora está ali, disponível sempre, mas as pessoas não dão importância. Anteriormente se fazia muita divulgação, principalmente nas escolas, enviávamos comunicado aos pais, ‘panfletinho’ e outras coisas. Conversamos agora com os municípios e alguns afirmaram que vão resgatar algumas dessas ações para aumentar a nossa cobertura vacinal”, disse Amanda.

Em relação as mais de duas mil doses com o prazo de validade próximo ao vencimento, a coordenadora explicou que mensalmente cada cidade é abastecida com vacinas, mas a quantidade varia de acordo com a necessidade da região. “Os municípios nos enviam um quantitativo do número de doses que vão precisar. Talvez tenham feito essa estimativa esperando que as pessoas levassem as crianças para vacinar, o que não aconteceu. Mas a população pode ficar tranquila, porque já temos no estado novas vacinas com período extenso de validade”, garantiu.

CAPITAL – Em Boa Vista, a cobertura vacinal, incluindo meninas e meninos, é de 26% atualmente. Sendo 32,04% de meninas e 19,01% de meninos. Há aproximadamente oito mil doses disponíveis, que podem ser encontradas em todas as unidades básicas de saúde do Município.

PÚBLICO-ALVO – A vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV) foi inserida no calendário de rotina nas unidades de saúde para meninas de 9 a 13 anos em 2014. Hoje também estão inclusas no calendário as meninas de 14 anos que não tomaram a vacina ou que não completaram as duas doses indicadas, e meninos de 12 e 13 anos.

DOENÇAS – O HPV é um vírus que pode causar câncer do colo do útero e verrugas genitais. Ele é altamente contagioso e a transmissão acontece, principalmente, pelo contato sexual. A vacina distribuída no SUS é quadrivalente, ou seja, protege contra os quatro tipos de HPV. Além da vacina, a prevenção contra esse tipo de câncer também continua envolvendo o uso de preservativo e o exame Papanicolau, que identifica possíveis lesões precursoras do câncer que, tratadas precocemente, evitam o desenvolvimento da doença. (C.C)