Cotidiano

Após 18 óbitos em dois dias, Sesau diz que população pode ficar tranquila

Maior causa das mortes foram por doenças crônicas como diabetes, cirrose, pancreatite, hipertensão e insuficiência renal crônica

Em entrevista coletiva realizada na tarde de ontem, 27, na sede da Coordenadoria Estadual de Vigilância em Saúde, o Governo do Estado tratou sobre o número elevado de mortes ocorridas no último final de semana no Hospital Geral de Roraima (HGR), totalizando 18 óbitos.

O secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Paulo Linhares, descartou qualquer hipótese de infecção hospitalar, considerando que o índice de infecção hospitalar do HGR é de 2,2%, menor do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 5%.

“Infelizmente, quando as pessoas chegam ao hospital em estado grave, uma das evoluções do quadro pode ser o óbito. O último final de semana foi atípico com relação ao número de mortes, com 12 mortes no sábado e seis no domingo. A média diária no HGR é em torno de cinco a seis mortes dia, mas isso depende muito do perfil dos pacientes”, esclareceu.

Conforme Linhares, com exceção dos pacientes crônicos e uma grávida que estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com morte cerebral, a média de idade dos falecidos era de 77 anos. Seis deles com doenças sistêmicas graves, como cirrose decorrente do abuso de álcool, diabetes, hipertensão, insuficiência renal crônica e com sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) e cinco com doenças mais graves, como uma pancreatite também relacionada ao consumo de bebida alcoólica, má formação vascular cerebral e um caso de pneumonia.

“Eram pacientes realmente graves que poderiam vir a óbito em qualquer unidade hospitalar do país, mas nenhuma morte tem relação com a outra. Todos os prontuários estão abertos para investigação do Conselho Regional de Medicina, Ministério Público. Não temos nada a esconder, somente a lamentar”, reforçou.

O diretor do Pronto-Socorro e Pronto Atendimento do HGR, Douglas Teixeira, informou que segundo a legislação da Organização Mundial da Saúde, quando o paciente chega a estado grave e falece antes de 24h de assistência médica, o óbito não é considerado como hospitalar.

“Significa que o paciente chegou tão grave que o hospital não teve tempo para que as medidas tomadas sejam eficazes. Dos 18 casos, sete óbitos ocorreram antes das 24h de internação. Um deles, inclusive 22 minutos depois da entrada no HGR e outro 15 minutos depois”, informou.

Linhares acrescentou ainda que foi informado por um profissional do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que no final de semana encaminhou três pacientes idosos para o HGR, somente “para terem a dignidade de morrer com oxigênio e medicamento para dor”.

REDE ESTADUAL – Paulo Linhares disse ainda que não houve qualquer reclamação de nenhum familiar por conta dos óbitos ou por falta de assistência e atendimento. “Não houve falta de medicamento, nem de oxigênio. Pelo contrário, nós resolvemos o problema do oxigênio, que era um drama no início da nossa gestão, e acabou o problema com as quedas de energia”, acrescentou o adjunto.

O Governo do Estado também ressaltou que obedece todos os protocolos de limpeza e desinfecção e que tem trabalhado para reforçar o número de profissionais na saúde, convocando mais concursados para completar a equipe e abastecer as unidades.

Outro ponto levantado pelo secretário-adjunto é que, muitas vezes, os pacientes chegam ao HGR em estado grave porque falta atendimento na atenção básica. “Faltou o remédio para pressão, remédio de diabetes, o paciente se agrava e procura a rede estadual, o que sobrecarrega a unidade hospitalar mais próxima que é o HGR”, avaliou. (P.C)

Denúncia aponta revezamento de médicos no plantão do HGR

Servidores que atuam no Hospital Geral de Roraima (HGR) denunciaram à Folha um suposto esquema de plantão dos médicos na unidade hospitalar. Conforme a denúncia, a previsão é que houvesse três médicos por plantão durante os turnos da manhã, tarde e noite para os pacientes da área vermelha do Grande Trauma, no entanto, a informação é de que os profissionais de saúde estão realizando esquema de revezamento.

“Ao invés de ter três médicos em cada turno de plantão, só fica um médico pela manhã, um médico à tarde e, no plantão noturno de 12 horas, cada médico fica em torno de quatro horas por plantão, ou seja, dos três plantonistas que eram para ficar atendendo ao mesmo tempo, fica só um médico de 19h as 23hs, o segundo médico fica de 23h as 3h da manhã e o terceiro de 3h as 7h da manhã”, relataram.

Para um dos denunciantes, fica claro nessa situação que “o esquema prejudica a assistência dos usuários, pois sabemos que é um setor de pacientes graves que requerem atenção constante. Os pacientes não são assistidos de forma adequada devido à demanda ser muito alta só para um médico. Acredito que isso tenha ocasionado óbitos no setor”, acrescentou.

Questionado sobre o caso durante a coletiva, o diretor do setor do Pronto- Socorro e Pronto Atendimento do HGR, Douglas Teixeira, disse que a gestão não recebeu nenhum tipo de reclamação e que a coordenação realiza o acompanhamento dos trabalhos dos profissionais que atuam na unidade.

O diretor também ressaltou que recentemente houve uma adequação na escala dos profissionais que tinham um horário de trabalho reduzido para ampliar as horas de trabalho, com o intuito de melhor atender a população. “O que se tem feito nesse momento é uma adequação na escala, no último mês, para que o médico esteja mais presente, o maior tempo possível. Nós tínhamos alguns médicos que tinham uma carga horária reduzida e nós entendemos que, pela complexidade da emergência, quanto mais inserido no atendimento ao paciente grave, melhor, por isso que houve essa adequação”, explicou. (P.C)