Polícia

Após revista em ala, clima volta a ficar tenso na Penitenciária

Detentos teriam jogado água fervente, pedras e pedaços de pau nos agentes, que reagiram com balas de borracha e bombas de efeito moral

Pouco mais de duas semanas após o massacre que culminou na morte de 33 presos, a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), localizada na zona rural de Boa Vista, voltou a registrar tumulto e clima de tensão, na noite de domingo. Presos iniciaram uma confusão generalizada após agentes e policiais iniciarem uma revista na Ala 15 do presídio.

As primeiras informações eram de que os detentos teriam incendiado parte do prédio, o que foi negado pela Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc). Testemunhas disseram que presos chegaram a ferir agentes penitenciários utilizando pedras e água quente. A polícia teria revidado o ataque com balas de borracha e bombas de efeito moral.

Após o princípio de motim, as equipes de segurança do Grupo de Intervenção Tática (GIT) da Sejuc e do Grupo de Resposta Rápida (GRR), além do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, iniciaram uma entrada tática na ala para conter os ânimos dos presos.

Em áudio divulgado pelas redes sociais, um dos presos relatou os momentos de tensão na Pamc. “Tem neguinho com braço quebrado e cabeça machucada. Não pode ser atendido, senão apanha mais. Estamos esperando só peia hoje, amanhã e depois”, diz a gravação.

Imagens também divulgadas pelas redes sociais mostraram dezenas de presos sentados enfileirados e completamente nus no pátio da unidade, sendo vistoriados por agentes do Bope e da Força Tática. Outras imagens mostraram presos chegando ao Pronto Socorro Francisco Elesbão com braços e cabeça enfaixados.

Apesar do clima tenso, as equipes de segurança que fizeram a ronda na área externa da unidade afirmaram que não houve registro de fuga. Na manhã de ontem, 23, agentes de segurança entraram novamente na ala que foi 70% deteriorada. Nenhuma morte foi registrada.

BOMBA RELÓGIO – No início de janeiro, a Penitenciária Agrícola foi palco do maior massacre da história do sistema prisional de Roraima, o 3º maior do país. Ao todo, 33 presos foram mortos por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina a unidade prisional.

Nem mesmo a presença de agentes da Força Nacional de Segurança (FNS) vem sendo suficiente para conter os ânimos dos detentos da Pamc. Na semana passada, a maior unidade prisional do Estado registrou mais uma tentativa de fuga, após nove detentos da Ala 12 tentarem escapar do presídio.

O Governo do Estado ainda aguarda resposta da Presidência da República e do Ministério da Defesa para que militares das Forças Armadas do Exército possam entrar nas unidades prisionais e auxiliar nas revistas das alas.

Governo confirma que visitas estão suspensas até o próximo fim de semana

De acordo com a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), sobre a situação de domingo, no momento em que os policiais deram a ordem para que os presos se retirassem das celas, os internos jogaram água fervente, pedras e pedaços de pau nos agentes.

“Diante da situação, as forças de segurança utilizaram o uso progressivo da força. Após a contenção, o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros foram acionados para atender aos reeducandos que tiveram escoriações”, informou.

A Sejuc reforçou que o remanejamento dos detentos para outra ala da Pamc foi necessário. “O trabalho de reestruturação foi iniciado. Informamos ainda que, devido ao tumulto, as visitas do próximo fim de semana estão canceladas para conclusão das obras na referida ala destruída parcialmente pelos reeducandos”, frisou. (L.G.C)

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