Cotidiano

Área plantada com soja em RR deve chegar a 43 mil hectares

Em 2017, o grão foi cultivado em área de 32 mil hectares. Para este ano, há expectativa de ampliação em 34% na área de plantio

Segundo a Cooperativa Grão Norte, organização que reúne empresários que investem na produção de grãos em Roraima, a expectativa do plantio de soja para 2018, é de 43 mil hectares. O número representa um aumento de 34% em relação à área plantada em 2017, que foi de 32 mil hectares. O plantio foi feito no final de abril e o grão deve ser colhido em meados de setembro, no calendário americano e na entressafra do restante do Brasil. 

Presidente da Grão Norte, o empresário Afrânio Webber, afirmou que o setor sonha em chegar a marca de 100 mil hectares. Nesse patamar, o Estado teria condições de receber indústria beneficiadora do grão, proporcionando um desenvolvimento econômico a passos mais largos. “É difícil estimar, mas acredito que em até três anos, talvez menos, possamos chegar nessa marca”, afirmou.

Ele afirmou que apesar do desejo, várias questões podem travar as expectativas. “Quando começamos a ter um crescimento mais expressivo em 2012, época em que o plantio de grãos tomou um impulso, enfrentamos problemas com a seca, crise financeira em todo o país, além de problemas pontuais aqui no Estado quanto à questão fundiária e de licenças ambientais que desacelerou um pouco”, lembrou.

O setor vem crescendo mesmo com a crise financeira que abala o Estado desde 2015. Webber ressaltou que gradativamente o plantio de soja vem aumentando. “Vendo do ponto de vista otimista, podemos chegar aos 100 mil até mesmo no próximo ano, pois houve uma migração de muitos empresários de fora que compraram fazendas aqui, principalmente do Paraná, que estão iniciando os seus plantios”, disse.

Outro fator que pode influenciar o crescimento do setor é a questão econômica. O presidente da Grão Norte lembrou que 2018 é um ano político e os candidatos precisam lançar atrativos, fazer um programa de incentivo que consiga deslanchar o setor. “Depende muito da política que vai ter no Estado, da segurança para investidor e lógico a questão econômica em geral do país, e até mundial em relação à soja”, pontuou.

Ele afirmou que o sonhado desenvolvimento ainda não chegou devido à falta de políticas públicas focadas no setor produtivo. “Precisamos também de licenciamento ambiental, linhas de créditos especiais para atrair investimentos, em escala maior do que já acontece. Em momento algum estou afirmando que o governo atual não está fazendo isso, tem até feito bastante. O problema é que o Governo está focado na solução de problemas mais urgentes como saúde, segurança, crise imigratória, tudo isso com pouco dinheiro”, disse.

A partir do momento em que o Governo enxergar o potencial e investir no setor produtivo, vai ver o lucro da atividade. “A soja, por exemplo, no mesmo ano que eles investirem o dinheiro, em poucos meses terão o retorno. A consequência disso será a melhoria na economia do Estado. A agropecuária é a única coisa que proporciona uma transformação rápida e resolve um monte de outros problemas, gerando riqueza”, afirmou.

ENERGIA – Na visão dos empresários, outro fator limitante é a questão de energia. “Nós precisamos de energia confiável. Hoje infelizmente ainda temos as termoelétricas que é uma energia instável e caríssima. Além disso, dependemos da Venezuela, que pode cortar o nosso fornecimento a qualquer momento”, disse.

A energia atrairia mais investidores de fora, tanto no setor de irrigação quanto da própria indústria. Pois uma coisa é produzir e transportar. Outra coisa é beneficiar aqui mesmo, isso aumentaria a arrecadação de ICMS. O imposto ficaria no Estado e o emprego também.

Setor produtivo é saída econômica para Estado

Segundo dados da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), o setor produtivo é responsável por apenas 6% do Produto Interno Bruto de Roraima (PIB). A responsável pela maior fatia é a folha de pagamento do funcionalismo público, que responde por 49%. Outros 36% são movimentados pelo setor de serviços e 9% pela indústria.

Webber afirmou que a agropecuária está em último lugar no PIB de Roraima, com apenas 6% da fatia, justamente devido à falta de políticas para o desenvolvimento do setor. Ele frisou que se houver investimentos, esse setor vai crescer e passar a ser o responsável por uma maior fatia do PIB, podendo estar até mesmo em primeiro lugar.

“Não é somente a soja que vai proporcionar isso, nós temos aqui plantio de milho, feijão e algodão, que são culturas de alto valor. A partir da hora que nós tivermos aqui um pouco mais de cada cultura dessas, chegar ao 100 mil hectares de plantio, com todas as culturas somadas, iríamos pular para primeiro nesse ranking. Com esse sonhado desenvolvimento, o governo passaria a arrecadar mais e teria recursos para priorizar outros setores como saúde, segurança e educação”, concluiu.

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