Cotidiano

Autônoma desabafa contra demora de TFD

Paciente oncológica desde setembro do ano passado, a autônoma Adriana Gomes de Sousa, 29 anos, conta em suas redes sociais o drama para conseguir uma autorização de TFD (Tratamento Fora de Domicílio) objetivando avaliação com especialistas fora do Estado. A Secretaria de Saúde nega a versão da paciente. 

Sentindo fortes dores na mama esquerda, resultado de um procedimento cirúrgico realizado há cerca de três meses, ela conta que tem passado dificuldades para tentar levar uma vida normal.

“Antes de descobrir o câncer, eu trabalhava fazendo bolos sob encomenda. Como tive que fazer a mastectomia há três meses, fiquei incapacitada de fazer esforços. Hoje, vivo de auxílio dado pelo INSS. Meu marido está desempregado e não sabemos o que fazer. Além de gastos com os meus remédios, temos quatro filhos para sustentar”, disse.

Em entrevista à Folha, a autônoma contou que os problemas iniciaram depois de retirar uma das mamas. A cirurgia foi realizada por recomendação dos especialistas da Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia do Estado (Unacom). Até aí, tudo dentro da normalidade. Mas, ela acredita que houve falhas no decorrer do procedimento.

“Fiz todo o tratamento quimioterápico até que recomendaram a cirurgia. A equipe fez uma mastectomia radical, ou seja, a retirada total da mama, mas não sobrou pele para fechar o meu ferimento. Por isso me deixaram assim, com a ferida aberta”, relatou.

Durante o período pós-cirúrgico, a região onde o procedimento foi realizado começou a apresentar secreção com mau cheiro. Preocupada, ela fez tratamento homeopático a base de óleo de cannabis. No entanto, acabou abandonando o método devido ao forte efeito neurológico.

Adriana procurou novamente a unidade para informar sobre a secreção e saber o que poderia ser feito para resolver o problema. A resposta, segundo ela, foi de que a dor era psicológica e os medicamentos receitados seriam suficientes para fechar o ferimento.

“Vou praticamente todos os dias ao HGR, mostro a ferida para os médicos de plantão, mas eles dizem que não podem fazer nada, além de aliviar a minha dor e mandar de volta pra casa. Já não sei mais o que fazer, pois a dor é insuportável”, completou.

Sem uma solução junto à unidade responsável pelo tratamento de pacientes oncológicos, a autônoma informou que recorreu à ajuda de amigas. Uma delas lhe recomendou o Hospital Santa Rita, em Vitória (ES), uma das unidades de referência para o tratamento de câncer no país. Mesmo obtendo a consulta com especialista, sem o TFD teve que pedir a remarcação do procedimento.

“Havia conseguido uma consulta para o dia 27, mas sem a liberação desse TDF, perdi a oportunidade. Por sorte, eles permitiram o reagendamento para 30 de janeiro, e eu preciso dessa autorização, pois há muitas despesas que não posso custear”, pontuou.

SESAU – Questionada sobre o caso, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu, em nota, que tem ofertado todo o tratamento disponível no SUS adequado ao caso, inclusive com acompanhamento psicológico. Porém, tem esbarrado na resistência da paciente.

“A Sesau esclarece que existe à disposição da paciente tratamento alternativo ao cloridrato de Tramadol, com a mesma eficácia, indicado pela equipe médica da Unacon, o que não foi aceito por ela. Além disso, a paciente abandonou o tratamento na unidade e se recusa a seguir as orientações médicas, tendo ido por conta própria a um hospital no Espírito Santo, onde foi sugerido o mesmo tratamento proposto pela Unacon do Hospital Geral de Roraima (HGR)”, frisou.

A nota ressalta que todos os trâmites, bem como a oferta dos tratamentos recusados pela paciente estão documentados e à disposição dos órgãos fiscalizadores. A nota destaca ainda que, a Unidade tem estado à disposição da paciente para prestar os esclarecimentos.