Cotidiano

Baixa procura por vacina pode fazer poliomielite voltar a circular

Ministério da Saúde afirma que os Municípios de Alto Alegre e Cantá estão em alerta por conta da baixa cobertura de vacinação

A baixa procura por vacinas tem causado preocupação no Ministério da Saúde, que realizou uma reunião com os representantes dos estados e municípios do país e descobriu que 312 municípios estão com a cobertura vacinal abaixo dos 50% para a poliomielite. Em Roraima, os Municípios de Alto Alegre e Cantá estão entre eles. Esse número representa um alerta sobre a possibilidade de uma das doenças que já foi erradicada no Brasil voltar a circular.

Isso tem acontecido porque a população não está aderindo às campanhas de vacinação promovidas nacionalmente para evitar o contágio de vírus que estão voltando a circular no país. Semelhante ao que aconteceu com o sarampo, doença que não era mais registrada no Brasil e voltou a ser registrada por conta da imigração venezuelana que tem ocorrido nos últimos anos.

Conforme o gerente do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (NEPNI), Rodrigo Danin, um dos principais fatores que as equipes de saúde encontram para a baixa cobertura está justamente em como a população acredita que as doenças foram erradicadas e não existem mais a possibilidade de serem reintroduzidas. “Nos dias de hoje a gente não vê mais crianças com paralisia infantil. Isso faz com que os pais achem que não existe mais o poliovírus, então ele acha que não precisa vacinar, isso faz com que a cobertura vacinal venha caindo”, comentou.

De acordo com o gerente, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) tem procurado tomar medidas e fazer planejamentos para que os municípios tenham mais responsabilidade em relação às coberturas vacinais e as ações feitas pelas prefeituras para que a população tenha interesse na vacinação.

“Isso é uma preocupação nossa desde o início de 2016. O Estado vem com treinamentos, com orientações, demonstrativos de dados, reuniões com os gestores. A gente olhou nos nossos documentos e viu um dado em abril de 2016 referente a cobertura vacinal no Estado de Roraima, que estava proporcionando a reintrodução de algumas doenças. Foi o que aconteceu com o sarampo. Então a gente vinha fazendo esse alerta, vinha conversando com todo mundo”, afirmou Rodrigo.

A situação ficou mais contrastante com o fim da Campanha de Vacinação contra a Gripe no mês passado. Em Roraima, nenhum município atingiu a meta de vacinação dos grupos prioritários e fez com que o Estado tivesse o pior resultado do país. Para evitar que haja a reintrodução da poliomielite e também um aumento no número de casos de sarampo, uma campanha será feita em agosto. Mas que é necessário que a população tenha conscientização da importância de realizar essa adesão.

O gerente afirma que o momento é apenas de alerta em relação a volta da poliomielite e que, no pior dos eventos, ela pode voltar a circular, mas que a população já esteja protegida contra a doença para evitar futuros contágios. Dentro dos grupos prioritários, as crianças menores de cinco anos e as gestantes são os que menos têm adesão e que isso é um motivo que preocupa as equipes de saúde.

MOVIMENTO ANTIVACINAS – Com o alerta da volta de algumas doenças que já haviam sido erradicadas, levantou o debate sobre a funcionalidade das vacinas. Para um determinado grupo, elas não devem ser tomadas porque afirmam que as vacinas causam mais doenças e outros tipos de deficiências. Por esse tipo de pensamento, o número de pessoas que procuram as vacinas está caindo drasticamente e reflete nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.

Para Rodrigo Danin, o movimento antivacinas em Roraima não é grande, mas existem pessoas isoladas que não aceitam a vacinação. “Isso acontece por ignorância, por não conhecer o produto, a história da vacina, acham que a vacina pode vir a fazer mal, mas no Estado nós não temos grupos antivacinas, porque esses grupos passam uma irrealidade, eles prestam um desserviço à população, fazem com que a gente nade e morra na praia”, confessou o gerente do NEPNI.

Algumas pessoas que não aceitam a vacinação estão ligadas a grupos religiosos ou são indígenas, como acontece na comunidade de Sorocaima, próximo do Município de Pacaraima. “Ali a vacina não entra porque a população indígena não é adepta da vacina. Isso é uma grande preocupação nossa porque o vírus do sarampo está entrando pela imigração venezuelana e ali é passagem. Então existe esse fato, mas não existe nada em Roraima muito alarmante”, finalizou. (A.P.L)