Cultura

Bispo diz que violência é uma questão de políticas públicas

Campanha da Fraternidade segue até a última sexta-feira do mês (30)

Até a próxima sexta-feira santa (30), a Igreja católica aborda a ‘Superação da violência’ durante a Campanha da fraternidade deste ano. O tema vem sendo amplamente debatido em eventos não só religiosos, mas também como em audiências públicas. 

De acordo com o bispo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, a temática não trata apenas da violência em si, mas como um apelo a políticas públicas que possam diminuir o avanço da criminalidade. Padres, líderes comunitários, coordenadores de movimentos sociais, comunitários e sindicais que atuam na igreja ou não participam da campanha.

“A violência tem várias faces, tem a face doméstica, a religiosa, e também a política, e precisamos tratar no ambiente político, porque a paz não depende só de boa vontade, mas de políticas públicas que visem a melhoria da nossa população”, explica.

Segundo ele, a temática é justificada a partir dos números relacionados ao avanço da criminalidade no mundo, no Brasil e no Estado. É preciso inverter essa cultura que enxerga com normalidade a violência. Para isso, se deve querer bem e ajudar o próximo. Ninguém nasce violento, o que acontece é que esse comportamento pode ser aprendido na família e replicado ao longo da vida em outras relações sociais. É aí que a Igreja Católica deve atuar — explica o religioso.

Dom Mário acrescenta que as forças de segurança não estão dando uma resposta satisfatória ao avanço da criminalidade. E, nesse sentido, coloca a Igreja à disposição para que uma nova estratégia seja repensada, especialmente se as ações estiverem voltadas à educação pela prevenção.

“É do nosso conhecimento a realidade da violência no Brasil, e em Roraima, e que precisamos enfrentá-la em sua complexidade com caminhos novos que geram harmonia e entendimento, e comunhão entre nós, seja na nossa família em sociedade. A Campanha da fraternidade trata de superar a mentalidade da violência, mas não necessariamente eliminar os violentos, mas oferecer oportunidade para que conscientes do seu mal, e mudar de vida e tomar opções pela paz, pela justiça e pela concórdia”, ressalta.

Segundo ele, a proposta é levar a população a fazer uma uma reflexão e assumir um compromisso que enxergue com realidade a violência, mas também a esperança de um mundo cheio de paz.

“A campanha também nos convida a cultivar a paz, com uma prática de perdão e de reconciliação, diálogo e entendimento, e, sobretudo por uma prática de justiça defendendo o bem comum”, informou.

CAMPANHA – A Campanha da Fraternidade 2018 é realizada todos os anos pela Igreja Católica no Brasil, começando na quarta-feira de cinzas e se estende durante o ano todo.

O evento tem como principal objetivo despertar a solidariedade de todos os seus fiéis e também da sociedade brasileira, em um problema que envolve todos nós, buscando assim uma solução para resolver esses determinados problemas.

A CF 2018 é realizada em âmbito nacional, e envolve todas as comunidades cristãs católicas e ecumênicas do Brasil. A arrecadação da Campanha da Fraternidade compõe o Fundo Nacional de Solidariedade e os Fundos Diocesanos de Solidariedade, onde 60% da arrecadação são destinadas ao apoio de projetos sociais da própria comunidade diocesana, e os outros 40% restantes compõem o FNS, que são destinados para o fortalecimento da solidariedade em diversas regiões do país.

Hino da Campanha da Fraternidade

1 – Neste tempo quaresmal, ó Deus da vida,
A tua Igreja se propõe a superar.
A violência que está nas mãos do mundo,
E sai do íntimo de quem não sabe amar. (Mc 7,21)

Refrão:
Fraternidade é superar a violência! (Mt 14, 1-12)
É derramar, em vez de sangue, mais perdão! (Jo 20, 21-23)
É fermentar na humanidade o amor fraterno! (Mt 13, 33)
Pois Jesus disse que “somos todos irmãos”. (Mt 23,8). (2x)

2 – Quem plantar a paz e o bem pelo caminho,
E cultivá-los com carinho e proteção,
Não mais verá a violência em sua terra. (Is 59,6)
Levar a paz é compromisso do cristão! (Ef 6, 15)

3 – A exclusão que leva à morte tanta gente, (EG 59)
corrompe vidas e destrói a criação. (LS 70)
– “Basta de guerra e violência, ó Deus clemente!” (Mq 2,2)
É o clamor dos filhos teus em oração.

4 – Venha a nós, Senhor, teu Reino de justiça,
Pleno de paz, de harmonia e unidade. (Mt 6, 10 e Rm 15, 17-19)
Sonhamos ver um novo céu e uma nova terra:
Todos na roda da feliz fraternidade. (Ap 21, 1-7)

5 – Tua Igreja tem o coração aberto, (EG 46-49)
E nos ensina o amor a cada irmão.
Em Jesus Cristo, acolhe, ama e perdoa,
Quem fez o mal, caiu em si, e quer perdão. (Mt 18, 21)