Cotidiano

Bispo faz avaliação de dez meses na condução da Igreja Católica de RR

Fazer-se presente nas mais de 600 comunidades católicas foi o grande desafio apontado pelo bispo de Roraima

Em entrevista coletiva na manhã de ontem, 08, o bispo da Diocese de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, fez uma avaliação dos trabalhos realizados à frente da Igreja Católica no Estado. “Convocamos a imprensa para justamente partilhar com toda a nossa igreja e também com a sociedade o que temos vivenciado nesses dez meses. Primeiramente, eu tive a oportunidade de visitar os municípios do Estado e, nessas andanças, notei a grande alegria e esperança dessa gente em lutar não só por uma igreja mais missionária, profética, mas também uma instituição com princípios alinhados aos votos de união e de compromisso com a vida”, disse.

Empossado no dia 19 de setembro do ano passado, ele foi designado para o cargo no dia 22 de julho, por determinação do Papa Francisco, ocupando a vaga deixada por Dom Roque Paloschi. Antes de assumir como bispo no Estado, o sacerdote era bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, no Amazonas, cargo que ocupou por quase seis anos.

Segundo Dom Mário, a Igreja Católica de Roraima possui mais de 600 comunidades espalhadas pelo Estado, o que torna os trabalhos de evangelização um dos principais desafios para a Diocese. “O primeiro desafio da igreja em Roraima é sem dúvida se fazer presente nas comunidades mais distantes. Não temos um número grande de missionários para realizar um trabalho de evangelização integral, mas estamos bastante esforçados para isso. Então, a nossa batalha a partir desse momento é fazer com que a formação de nossas comunidades, as celebrações eucarísticas, se tornem mais frequentes, levando a fé e a esperança para todas as pessoas”, destacou.

O atendimento aos anseios dos jovens também foi outro ponto destacado pelo bispo durante a entrevista. Segundo ele, o número de crianças e adolescentes envolvidos com a criminalidade e a crescente escalada da taxa de suicídios envolvendo esse público é encarado como outro desafio a ser encarado pela Igreja Católica no Estado. “Temos muitos jovens em nossa sociedade, ou seja, muita vida, por isso é preciso acompanhá-los, porque cuidar dos jovens é cuidar do presente e do futuro de nossa igreja e de nossa sociedade”, salientou.

Diocese tem atuado na crise migratória

A crise migratória em Roraima também foi outro tema explanado durante a entrevista com Dom Mário Antônio. Segundo ele, o problema expõe o lado triste da falta de sensibilidade das lideranças governamentais da Venezuela, o que acaba forçando muitos de seus cidadãos a buscarem refúgio em Roraima.

O bispo aproveitou para enfatizar os trabalhos que vêm sendo realizados pela Igreja Católica, que contam com o apoio de outras instituições e principalmente da sociedade. “Primeiramente, nós temos feito um trabalho de sensibilização, junto à população, de acolher e de respeitar o migrante. Depois, um trabalho prático, por meio de campanhas de arrecadação de alimentos, de roupas, possibilitando às vezes até aqueles que procuram por trabalho e aluguel para moradia. Temos também feito um trabalho através do CMDH [Centro de Migração de Direitos Humanos]. de organizar as campanhas junto à Polícia Federal e outras pastorais, no que diz respeito à regularização de documentos, assegurando os seus direitos básicos para essa população, seja como refugiado ou imigrante aqui no nosso Estado”, destacou.

Apoio aos indígenas é reafirmado

Outro assunto tratado pelo bispo de Roraima, Dom Mário Antônio, foram os compromissos firmados pelos sacerdotes durante o Seminário sobre Laudato Si’ e Rede Eclesial Pan-Amazônica Repam, realizado no final do mês passado, em Boa Vista.

Entre os compromissos assumidos pelos representantes da Igreja Católica na Região Amazônica estão o apoio e fortalecimento do protagonismo dos povos indígenas no país, a articulação com os movimentos sociais para assegurar o direito à cidadania plena, defesa do ecossistema amazônico, a execução de políticas públicas de saneamento por parte do poder público, o combate às violações dos direitos socioambientais, entre outros.

“Nós realizamos 15 seminários em toda região da Amazônia Legal, sendo que aqui, na Região Norte 1, que compõe os estados do Amazonas e Roraima, foram realizados dois, sendo um no ano passado, no Amazonas, e esse segundo aqui, em Roraima”, frisou.

Segundo ele, esse seminário é a reflexão e aplicação da Carta Encíclica do Papa Francisco, que trata sobre o cuidado da casa comum, que é o cuidado com o nosso planeta. “Ele nos chama a atenção para defendermos uma ecologia integral, com atenção máxima para garantirmos um mundo melhor para as futuras gerações. Ou seja, um compromisso não só apenas de salvação do meio ambiente, mas também na preservação da vida humana, o homem e a mulher criados por Deus a sua imagem e semelhança”, frisou. (M.L)