Cotidiano

Boa-vistenses preferem ficar na cidade e aproveitam comércio e lazer no feriadão

Sem dinheiro, a população, que antes aproveitava os dias de folga para viajar, optou por programas mais caseiros para economizar

Feriados prolongados costumavam ser sinônimos de prejuízos ao setor comercial na Capital. A realidade, no entanto, começou a mudar. A maioria dos boa-vistenses, que antes aproveitavam os dias de folga para viajar para o interior ou outros estados, optou por economizar nas passagens e consequentemente aqueceu o comércio local, com compras e atividades de lazer.

Contrariando o retrospecto de anos anteriores, o comércio tradicional boa-vistense decidiu abrir as portas durante o feriado prolongado da Independência. Esta foi a medida encontrada pelos comerciantes para fugir da crise financeira.

No Centro Comercial da Avenida Jaime Brasil, praticamente todas as lojas estavam em funcionamento, o que acabou propiciando um incremento nos lucros das empresas e uma oportunidade para que clientes comprassem algo que estavam necessitando.

O servidor público Paulo Teixeira contou que costumava viajar para o Amazonas durante os feriados, mas que este foi diferente. “O mês de agosto foi muito apertado, parecia que não acabava nunca. Saí quase sem dinheiro e não pude viajar, mas quis aproveitar fazendo compras básicas e aproveitando com a família”, disse.

O empresário do ramo de alimentação, que possui uma lanchonete no Centro há mais de 20 anos, Nildo Arruda, disse que há muito tempo não sentia um movimento tão intenso em um feriado. “Feriados normalmente costumam ser ruim, mas acho que esse foi bom para todo mundo. Além dos que ficaram na cidade, ainda recebi muita gente vinda de outros estados, como o Amazonas”, contou o comerciante.

Para clientes como Priscila Ferreira, a abertura do comércio durante o feriado simboliza mais uma maneira de manter o comércio vivo em tempos de crise. “Isso mostra que está também havendo uma mudança no hábito do comerciante, que antes optava por fechar nos feriados, o que acaba limitando o poder de escolhas do consumidor”, avaliou.

A movimentação de clientes não se resumiu somente a área central da Cidade. Nos bairros mais afastados, o comércio também registrou a presença de muita gente, como foi o caso das pizzarias e supermercados.

SHOPPINGS- Durante o feriado de 07 de setembro, quando foi comemorado o Dia da Independência do Brasil, um shopping localizado no bairro Cauamé, zona oeste de Boa Vista, recebeu um número intenso de consumidores. O fluxo de pessoas que passou pelo empreendimento aumentou 136% em relação ao mesmo período do ano passado.

Para atrair ainda mais os consumidores, o local ofereceu uma série de opções de entretenimento, principalmente voltada a toda família. Outros atrativos, segundo o próprio estabelecimento, foram as grandes estreias do cinema, além do lançamento de novas coleções na maioria das lojas.

Perfil do consumidor mudou com a crise econômica, avalia economista

A Folha ouviu o economista Raimundo Keller para saber o motivo de a maioria dos boa-vistenses optarem por programas mais caseiros a viajarem no feriado. Para ele, o perfil do consumidor mudou com a crise econômica do país. “O Brasil ainda tem 13,5 milhões de desempregados. Não temos governos que inspiram confiança e, apesar de a economia apresentar indicadores positivos, como a queda dos juros, da inflação, ele [consumidor] não quer mais se endividar”, explicou.

Conforme o especialista, a proximidade do feriado de Independência com o período pós-férias do meio do ano também influenciou. “Agosto é como janeiro, ocorre logo depois das férias de julho e cai um feriadão logo em seguida. Não tem como viajar, sobretudo nesse panorama que estamos vivendo. O brasileiro não quer mais saber de dívidas e está sendo mais educado economicamente, mas creio que é apenas o início”, destacou. (L.G.C)