Cotidiano

Acusados de espionagem, roraimenses são libertados na Venezuela

O uso dos drones para tirar fotos dentro de Santa Elena foi uma das razões que motivou a prisão dos brasileiros

Os três fotógrafos brasileiros que ficaram mais de 24 horas presos nesta terça-feira, 18, na cidade venezuelana de Santa Elena de Uiarén, acusados de espionagem, foram liberados no final da tarde pelo governo de Nicolás Maduro.

Além de serem soltos, os fotógrafos Luan José Soares Silva e Diego Silva Veras, de Roraima, e Gabriel de Rezende, do Espírito Santo, tiveram devolvidos seus materiais de trabalho, máquinas fotográficas e um drone, que foram apreendidos pela Guarda Nacional Venezuelana. A liberação dos três fotógrafos foi confirmada à equipe de reportagem pela correspondente da Folha de Boa Vista em Pacaraima, Fátima Araújo.

Os profissionais foram flagrados pela Guarda Nacional, em Santa Elena, registrando com um drone e máquinas fotográficas a migração venezuelana. Os familiares estavam apreensivos pela liberação dos profissionais. 

Bruna Jéssica Neres, esposa do fotógrafo Luan Soares, contou à reportagem que tinha conhecimento da ida do marido à fronteira, mas não sabia que iria fotografar em território venezuelano. “Se eu soubesse disso teria aconselhado a não passar a fronteira para evitar qualquer dor de cabeça, até porque sabemos que qualquer pessoa, mesmo fazendo foto de celular, dentro da Venezuela, corre o risco de ser preso sob a acusação de espionagem”, disse.

Segundo ela, o seu esposo e o fotógrafo capixaba Gabriel de Rezende só se conheciam por rede social. “Ele fez contato com o Luan para que o acompanhasse até Pacaraima para fotografarem a passagem de venezuelanos para Roraima. Atravessaram a fronteira e foram presos, inclusive tiveram máquinas fotográficas e um drone apreendidos. Depois de detidos tiveram autorização para ligar para advogado ou familiar. Fiquei sabendo do ocorrido por volta das 22h de segunda-feira, mas graças a Deus que tudo terminou bem, pois estávamos muito preocupados com o que pudesse acontecer”, ressaltou Bruna. 

A empresária Neuraci Soares, parente de um dos rapazes, informou que na manhã dessa terça-feira um vereador de Pacaraima esteve com os fotógrafos em Santa Elena. “Esse parlamentar me disse que eles estavam bem, que haviam jantado na segunda-feira e ontem tinham tomado café. Inclusive fez uma foto dos três e enviou aos familiares para que ficassem calmos”, comentou.

Autoridades roraimenses estiveram em contato com governo da Venezuela

Desde que a notícia da prisão dos brasileiros se espalhou na cidade, autoridades locais estabeleceram contato com o governo venezuelano para que liberasse os fotógrafos. 

Por meio de nota, a Coordenação de Assuntos Exteriores do Governo de Roraima informou que o Consulado do Brasil em Santa Elena do Uairén, na Venezuela, informou que buscou abertura de diálogo com o governo venezuelano, a fim de pleitear a liberação dos brasileiros.

O senador Telmário Mota (Pros), por telefone, disse que fez pedido para o embaixador do Brasil na Venezuela e autoridades venezuelanas. “Justifiquei que eles foram apenas registrar a movimentação na fronteira, por conta do fluxo de imigrantes entrando no Brasil, e que não eram espiões”, comentou.

Também por meio de nota, a presidente da Comissão de Relações Fronteiriças da Assembleia Legislativa de Roraima, deputada Ione Pedroso (Solidariedade), informou que não mediu esforços para que os três profissionais fossem liberados de forma pacífica, prevalecendo o diálogo e a cooperação entre os dois países. 

“Quero agradecer o vice-cônsul do Brasil na Venezuela, Ewerton de Oliveira; Erik Gana, cônsul da Venezuela no Brasil, e o general Eduardo Pazuello, coordenador da Operação Acolhida, que desde o primeiro momento do nosso pedido de ajuda atuaram de forma ágil e diplomática na solução desse impasse”, disse.