Cotidiano

Grupo cria movimento Pró-Monarquia em Roraima

AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi um “golpe” que afundou o Brasil em corrupção. A solução? Restaurar a monarquia. Para um grupo de roraimenses esta é a solução mais viável para a renovação política do país. O grupo, ainda em fase de criação no Estado, reivindica a volta do regime político original do Brasil. Surgido por meio das redes sociais, o Monarquia Roraima acredita que o sistema político monárquico seria a melhor opção para a nação brasileira.

O antropólogo Carlos Borges, que é um dos coordenadores do núcleo, afirma que sempre houve simpatizantes da ideia e que isso vem aumentando durante os últimos anos por conta da intensificação das crises políticas do país, o que tem feito várias pessoas acreditarem que a restauração desse sistema político seja a melhor opção para a nação.

“O que fazemos aqui é difundir ideias daquilo que é a monarquia e da possibilidade desse sistema resolver o problema da representação política do nosso país. Há pessoas que têm o mesmo ideal e chegaram à mesma conclusão que nós, então por isso que criamos o grupo”, explicou Ronaldo Parente, colaborador do movimento.

O trabalho de divulgação da ideia, uma das metas do grupo, já está em execução, sendo a colocação de um outdoor no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) a ação mais concreta até o momento. “É uma maneira de iniciar a construção de um movimento aqui em Roraima”, acrescentaram os dois membros.

RESTABELECIMENTO – O movimento pró-monárquico afirma que o restabelecimento da monarquia resolveria o problema da representação e pontua que a figura do imperador é de unidade.

“Por exemplo, o presidente consegue angariar votos de uma maioria e tem aqueles apoiadores, mas acontece que a grande maioria não voltou naquele presidente. Já o monarca está no trono com a força da Constituição e ele tem o papel de unidade. Você olha esses países monarcas, como a Noruega, onde a figura do rei é essa figura de unidade, mas também é uma figura moralizadora do ambiente político. Além disso, esse sistema político é mais natural”, explicou Parente.

Para os novos tempos, a volta da monarquia brasileira seria nos moldes parlamentar-constitucionalista, algo parecido com o que é feito em países europeus, como a Inglaterra, onde o rei tem suas limitações e prerrogativas.

“Não vai ser tipo: ‘Acordei, vou dissolver o parlamento’. Ele vai ouvir o conselho de estado, obedecer ao que está escrito na Constituição. Tem todo um sistema de checkand balances (pesos e contrapesos) de arranjos institucionais que proporcionam a desconcentração do poder político”, argumentou Parente.

Não existe mais espaço para a monarquia, diz cientista político

O cientista político Paulo Racoski, que deu considerações em relação à reivindicação (Foto: Wenderson Cauivo Folha BVbral/Arq)

O cientista político Paulo Racoski não vê ilegitimidade na reivindicação da volta da monarquia ao Brasil, mas argumentou que não existe mais espaço para esse sistema político nos dias atuais. 

Racoski também aponta que o surgimento desse movimento se deve à ligação da monarquia ao conservadorismo e ao neoliberalismo econômico, o que a encaminha para diretrizes parecidas com a direita política brasileira.

“Eu sinceramente não entendo por que no Brasil a extrema direita capitaneou a monarquia como um bastião da lealdade e como um modelo de Brasil que nunca existiu, já que a monarquia naquela época não era muito diferente do que não agrada hoje na República, com a diferença que no momento imperialista, você não tinha espaço livre para reclamar, você era calado pelo sistema de ordem jurídica muito fechada que interessava ao imperador e a família monárquica”, considerou o cientista político.

Racoski também questionou se, no caso da restauração do imperialismo, quem seriam os nobres à frente do país e relembrou que houve, anos atrás, um plebiscito que estabeleceu a forma como seria a estrutura política que conduziria os rumos do Brasil. “Execramos a monarquia e o parlamentarismo, escolha feita pela própria população”, finalizou.