Cotidiano

Caminhoneiros reclamam de lentidão para liberação de cargas na fronteira

Ministério da Agricultura afirma que tem adotado todos os procedimentos e diz que Receita Federal é responsável por liberar cargas

Motoristas de caminhões da Cooperativa de Transportes Autônomos de Cargas do Norte (Coopertan) procuraram a Folha para reclamar da demora na análise de calcário feita pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Roraima, destinado a importação da Venezuela para o Brasil. Os motoristas alegaram que, até o ano de 1997, a demora da análise era de no máximo de 24 horas e que atualmente chega até sete dias.

Conforme o motorista Lúcio Wolff, há dez anos era viável para a categoria transportar calcário da Venezuela, mas que nos dias atuais o entrave devido à demora na análise do produto tem dado pouco lucro e desestimulado a classe. Ele disse que sete dias com o veículo parado no posto do Mapa, em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, é dispendioso e estressante. “É complicado para o motorista. O prejuízo é enorme e tem gente que não quer mais transportar o produto por conta desse gargalho”, reclamou.

A secretária administrativa da Coopertan, Francineide da Silva, reforçou a reclamação do motorista. Ela disse que financeiramente fica difícil fazer o transporte do calcário, pois os custos são muitos e acaba não compensando por conta do tempo de espera.  “É impossível trabalhar assim. Como vamos faturar? O tempo de espera é muito e gera despesas. Pedimos das autoridades competentes uma solução”.

MAPA – Segundo o superintendente federal de Agricultura em Roraima, Plácido Alves, a análise do produto é prevista em regulamento do Mapa, e todos os critérios de avaliação são seguidos à risca. “Vamos nos ater a fatos. Em 1997 não tinha nenhum tipo de produção no Estado, mas hoje sim. Temos uma expressão na área agrícola e a análise é prevista em regulamento. Fazemos tudo da maneira correta”, afirmou.

Conforme o auditor fiscal Agropecuário do Mapa, Anastácio Pinho, a reclamação dos motoristas não é verídica e que a análise dura no máximo cinco horas se a documentação da carga estiver regular. Disse que quando acontece demora de mais de cinco horas é por conta de problemas com o Sistema de Comércio Exterior (Siscomex), pois muitas vezes o sistema fica fora do ar, que é uma responsabilidade do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em Brasília (DF). Outra situação que faz com que o tempo de análise aumente, segundo ele, é que após o trabalho concluído, quem libera a carga é a Superintendência da Receita Federal, onde muitas vezes os servidores do órgão estão com serviços paralisados em reivindicação de direitos.

RECEITA – A Folha tentou por várias vezes fazer contato com a Receita Federal em Roraima, mas não obteve êxito. (E.S)