Política

Candidatos ao Governo apresentam propostas para crise migratória

Todos os candidatos ao Governo avaliam que a crise migratória precisa ser solucionada urgentemente, mas apenas o representante da esquerda é contrário a um possível fechamento da fronteira

Na continuidade da série de reportagens da Folha sobre temas de interesse dos boa-vistenses, os candidatos ao Governo falam sobre como agiriam se estivessem a frente da gestão para resolver a questão migratória que atinge Roraima. Eles falaram das providências que tomariam e muitos ainda não têm propostas concretas para controlar a situação.

Anchieta (PSDB) – O candidato afirmou que a decisão da governadora Suely Campos de fechar a fronteira é inócua, visto que ela já sabia que o decreto não tem nenhum valor. “Eu jamais faria esse decreto, pois não tem segurança jurídica e nunca assinaria algo que iria ser derrubado. Sou a favor de uma reunião urgente com o Ministério das Relações Exteriores para se fazer uma triagem e fechar a fronteira, como a Colômbia já fechou, e outros países da Europa já determinaram o número de migrantes que iriam receber. É humanamente impossível continuar assim. É preciso negociar com o governo federal, estabelecer uma cota e fechar a fronteira”, afirmou.

Denarium (PSL) – O candidato se posicionou favorável a um controle maior e mais rigoroso na fronteira com a Venezuela. “Embora desde o Tratado de Assunção e posteriormente incorporado no Mercosul, há um acordo internacional de livre trânsito entre os países, sabemos que um país não cabe dentro de um Estado e esta questão é bastante complexa. Vivemos dias de insegurança, violência e caos social. Embora não concorde com a decisão judicial, ela deve ser cumprida. Como governador, buscaria alternativas jurídicas de proteção a Roraima”, frisou.

O candidato, no entanto, não explicou como fará para criar mecanismos para lidar com a questão. “Vamos recorrer a todas as instâncias possíveis até esgotarem-se todas as possibilidades de recursos. Fora isso, não há medidas práticas que possam ser executadas diretamente pelo governo estadual, que não sejam questionadas e derrubadas pelo governo federal assim”, disse.

Fabio Almeida (PSOL) – O candidato da frente socialista de esquerda acredita que não se pode ter ações de retaliações pelo fato de na Venezuela existirem muitos brasileiros. “Nós temos um número significativo de brasileiros que ainda moram lá e somos signatários de acordos internacionais em que o direito de migrar é estabelecido”. Ele afirmou que se for eleito governador vai buscar estabelecer um diálogo com o governo venezuelano por conta da migração social. “É uma situação em que envolve a necessidade dos dois países e precisamos estabelecer uma ação conjunta. Acredito que o Governo do Estado deveria pautar um debate em torno de quais os países da América Latina e da América do Sul podem receber essa população venezuelana”, sugeriu.

Para o candidato, os números divulgados sobre a migração não são reais. “Temos algo em torno de 25 mil venezuelanos dentro de Boa Vista que poderiam migrar para países que têm a língua espanhola onde pudessem tentar reconstruir suas vidas por lá, pois esse é um desejo da maioria deles”, citou.

Suely Campos (PP) – A candidata à reeleição afirmou que vai continuar na defesa do povo de Roraima combatendo a forma equivocada do Governo Federal, que tem competência de tratar da fronteira e de restringir a entrada de imigrantes. “Deixei clara a nossa posição na ação no Supremo Tribunal Federal, que pede não só o fechamento temporário da fronteira, mas também o ressarcimento de todo o esforço que somos obrigados a fazer nas áreas da Saúde, Educação, Assistência Social e Segurança Pública para minimizar os impactos da crise migratória nessas áreas. Pedimos de imediato o ressarcimento de R$ 184 milhões que nós, roraimenses, fomos obrigados a custear para atender os estrangeiros, enquanto o resto do país observa, de longe, uma crise que está inteiramente concentrada em nosso Estado, trazendo epidemias, caos social e que já aumentou em 6.500% o número de atendimentos em nossa rede de saúde pública”, assegurou.

A governadora afirmou que se for reeleita vai continuar lutando contra essa omissão do governo federal em cumprir sua obrigação constitucional de fazer o controle policial, de imigração e sanitário na fronteira, além de ampliar e dar uma efetividade ao processo de interiorização. “Também vamos continuar cobrando o hospital de campanha em Boa Vista, que cobrei do presidente Michel Temer quando veio a Roraima, para atender aos imigrantes, e assim permitir que as melhorias que realizamos na área de saúde possam garantir atendimento de qualidade ao povo de Roraima, como planejamos”, disse.

Telmário Mota (PTB) – O candidato afirmou que, se for eleito, vai tentar fazer algo para controlar a migração. “Se eu fosse governador, mobilizava a bancada e o presidente da República e exigia providência imediata do fechamento da fronteira. O presidente Temer está jogando o quanto pior, melhor. Ele e o senador Romero Jucá, que é do partido dele, estão deixando as pessoas com raiva do governo do estado e passando ilesos por conta desse caos”, avaliou.

Para o senador licenciado, Roraima não suporta essa migração. “Todos viram a avalanche de pessoas quando reabriram a fronteira. É preciso tomar providências emergenciais. Os venezuelanos ricos foram para outros países, quem tem mão de obra qualificada, foi interiorizado e quem não tem nenhuma qualificação ficou aqui”, criticou. 

Para Telmário Mota, Roraima está despreparado para enfrentar essa crise. “O governo federal tem que fazer o reparo de todos os prejuízos que o Estado está tomando e dar a compensação devida desse custo que o Estado está pagando. Então isso tem que ser realmente feito, pois Roraima não aguenta mais e essa migração que está aí é muito cruel”, concluiu.