Cotidiano

Casal pede doações para crianças que foram abandonadas pelos pais viciados

Principais necessidades das crianças são roupas, um ventilador e um colchão de casal para que as duas possam dividir

A vida da agente de limpeza Maria de Lourdes, de 43 anos, mudou há menos de um mês quando decidiu cuidar de dois irmãos, um menino de 1,3 ano e uma menina de 4 anos, que estavam em situação de vulnerabilidade junto à mãe, que é usuária de drogas. Por não ter condições de dar tudo o que as crianças precisam, Maria e o marido pedem doações a quem puder ajudar. As principais necessidades são roupas, um ventilador e um colchão de casal para os irmãos dividirem.

Segundo a agente, que é avó do menino, os dois são irmãos apenas por parte de mãe. Ela explicou que conheceu a mãe dos dois no início da gravidez da menina de 4 anos e que acompanhou toda a gestação. “Tinham matado o marido dela. Eu trabalhava numa empresa e comecei a dar o enxoval antes da menina nascer. O meu filho, que também é usuário, é pai do pequeno, mas não está nem aí”, lamentou.

Pela situação que passava, Maria convidou a gestante a morar em sua residência e tentou ajudar, a fim de que a mulher se livrasse das drogas, mas não conseguiu. Após anos resistindo, e com objetos sumindo de casa, Maria de Lourdes pediu que a mulher se retirasse. Sob responsabilidade da mãe, as crianças começaram a ser prejudicadas. A menina faltava a escola com frequência e o bebê era levado pela mãe às bocas de fumo da cidade.

Após saber da situação de vulnerabilidade e do perigo que as crianças passavam, a agente decidiu agir. Ela ressaltou que a família da menina nunca procurou ajudar ou saber do paradeiro, mas que recebeu há pouco tempo uma ligação da avó materna, que mora em Manaus, dizendo que viria buscar a menina em Boa Vista. “Não tenho vínculo de sangue com ela, mas se me tirarem ela, é como se tirasse uma parte do meu corpo”, destacou.

Maria entrou em contato com a irmã mais velha da menina após a ligação, que também mora em Manaus. “Ela me mandou mensagem dizendo que me apoia. Ela também já foi abandonada pela mãe no passado e sabe que a família nunca deu nada pra menina”, frisou. Disposta a lutar pela guarda de ambos, Maria explicou que vai procurar o Conselho Tutelar do município.

Apesar de não verem mais a mãe, Maria de Lourdes destacou que o menino sofre pelo contato com as drogas. Ela explicou que, mesmo com menos de 2 anos, ele já apresenta sinais de stress e cansaço no peito em razão da nicotina. Maria afirmou que as crianças não frequentavam um pediatra. “A mãe deles, infelizmente, acabou com a vida deles. Eu não quero deixar eles, vou estar com eles enquanto eu estiver viva”, salientou.

Maria explicou que as crianças dividem um colchão de casal antigo e o único ventilador, que já não funciona tão bem. O pouco de roupa que as crianças tinham foi levada pela mãe. A agente acrescentou que qualquer tipo de ajuda às crianças será bem-vinda. “Se for roupa, não tem problema ser grande, porque dura mais tempo. Qualquer coisa que contemple eles, a ajuda não é para mim”, finalizou.

Os interessados em ajudar podem entrar em contato com Maria de Lourdes pelo número (95) 99167-4386. Ela afirmou que, caso não seja possível entregar as doações na casa dela, “eu mesma me viro e vou buscar”, disse. (A.G.G)