Cotidiano

Catador é agredido e tem pertences destruídos por seguranças

De acordo com a vítima, o fato ocorreu no último sábado, 03. A segurança passou a ser reforçada após ação judicial

Em denúncia encaminhada na manhã desta sexta-feira, 09, um catador de lixo de 31 anos afirmou que foi agredido por guardas municipais que fazem a vigilância do Aterro Municipal da Capital, localizado na saída Sul da BR-174.

A reportagem, o homem contou que a agressão ocorreu no sábado passado, 03, por volta das 10 horas. Além de hematomas espalhados pelo corpo, ele teve o braço esquerdo engessado, devido a uma lesão em dois dedos da mão.

“Estou desempregado há cerca de dois anos e sou o responsável por sustentar minha esposa e filha. Faço alguns bicos e também uso as sucatas do lixão para fazer render um pouco mais dinheiro. Isso nunca havia passado por uma situação dessas por lá. Foi desesperador estar naquela situação”, disse.

O catador relata que após ação judicial ocorrido no ano passado, a administração do aterro passou a reforçar a segurança na área. No entanto, muitas pessoas ainda conseguiam ter acesso área do pelo igarapé próximo do lixão.

“Muitas pessoas costumam estrar no aterro pelo igarapé, e foi por lá que entrei no sábado. Assim que cheguei, um dos seguranças já apontou uma arma para mim, arrastando-me para uma outra parte do aterro, onde já tinha outras pessoas. Eles arrancaram minha bolsa e jogaram tudo que eu tinha no fogo, inclusive a minha bicicleta”, relatou.

A vítima contou ainda ter sido alvo de diversos xingamentos enquanto era agredido pelos seguranças do local. “Nunca havia passado por uma situação dessas. É verdade que eles não podem mais permitir a entrada de pessoas no lixão, mas a atitude que tiveram comigo foi desproporcional”, comentou.

Após a agressão, ele foi encaminhado por parentes até o Hospital Geral de Roraima (HGR), para tratar dos ferimentos. O boletim de ocorrência (B.O) informando o fato, bem como o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), foi feito no dia seguinte.

Por fim, o homem lamentou que tenha sido alvo da agressão, e cobrou uma promessa da Prefeitura sobre a inclusão dos catadores em projetos de sustentabilidade.

“A Prefeitura prometeu que faria algo para ajudar as pessoas que vivem da reciclagem de lixo, tanto que até assinamos documentos para que fossemos incluído em projetos. Até hoje nada foi feito e isso é muito triste”, finalizou. 

O OUTRO LADO – Questionada sobre o fato, a Prefeitura de Boa Vista informou, por meio de nota, que nenhum agente da Guarda Civil Municipal (GCM) esteve no aterro no sábado, 03, e que a segurança do local é feita por uma empresa particular de vigilância contratada pela administradora do espaço. 

Ressaltou ainda que a empresa responsável pelo aterro sanitário vem cumprindo a decisão judicial para evitar a entrada de pessoas não autorizadas nas dependências do aterro.

Administração do Município destacou que vem buscando alternativas para a adequação dos catadores.

Já a empresa responsável pelo gerenciamento do local  informou que o fato ocorreu em uma APP (Área de Preservação Permanente), ou seja, fora das dependências do aterro, isentando a segurança terceirizada de qualquer responsabilidade.

A gerência operacional da empresa que realiza a segurança também se manifestou a respeito, destacando que seus profissionais só podem atual na vigilância patrimonial e que qualquer ação fora aterro passa a ser atribução do município, uma vez que é comum a atuação de fiscalização no perímetro por agentes da GCM.