Cotidiano

Centro de Referência ao Imigrante já realizou mais de 40 mil atendimentos

Diariamente são ofertados serviços de saúde, alimentação e encaminhamento para empregos aos estrangeiros

O Centro de Referência ao Imigrante, localizado atualmente no Ginásio do Pintolândia, na Rua Alípio Freire de Lima, já realizou mais de 40 mil atendimentos a estrangeiros, desde a sua implantação, em novembro do ano passado.

Conforme o secretário-executivo da Defesa Civil, tenente-coronel Doriedson Ribeiro, durante entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, os atendimentos foram possíveis em razão do decreto assinado pela governadora Suely Campos, em 17 de outubro do ano passado, que definiu que os órgãos da esfera estadual realizassem um trabalho voltado aos estrangeiros.

Com o decreto, foi criado o Gabinete Integrado de Gestão Migratória (GIGM), que definiu ações de assistência aos imigrantes, além da criação do Centro de Atendimento ao Imigrante, em Pacaraima, focado na contabilizado da entrada e perfil dos imigrantes que chegavam ao Estado e do próprio Centro de Referência, que promove atendimentos diversos e abriga cerca de 174 pessoas atualmente, entre adultos e crianças.

“Desde que iniciamos as atividades do Centro de Referência ao Imigrante, já fizemos mais de 40 mil atendimentos, com alimentação, atendimento médico, odontológico, vacinação, encaminhamento para empregos, corte de cabelos. Ou seja, esses atendimentos são feitos de forma diária, de domingo a domingo, no Centro de Referência ao Imigrante”, explicou Doriedson.

Segundo o secretário, as ações foram uma forma de o Governo do Estado, trazer para si o papel de apaziguador de situações que poderiam se tornar mais agravantes com o passar do tempo. “Nós temos legislações, o Estado se submete a essas leis e também atende aos pactos internacionais que o Brasil assina. Não poderíamos deixar as pessoas naquela situação degradante, pedindo esmolas em sinais, permanecendo em locais inadequados, como as feiras e a rodoviária, sem tomar nenhuma providência. Lógico que a governadora convidou os órgãos federais e as prefeituras para ajudar nesse trabalho social. Alguns atenderam ao chamado do Governo e outros não, mas nem por isso nos deixamos de fazer o nosso papel e tornar a nossa cidade mais agradável”, disse.

PERFIL DOS IMIGRANTES – O chefe da Divisão de Operações Emergenciais da Defesa Civil, tenente Emerson Lima, comentou que, no início do trabalho, o Governo do Estado não tinha noção do público com que estava lidando, até por que o controle de fronteira é competência dos órgãos federais.

Segundo o tenente, há dois perfis de estrangeiros. Um deles é dos indígenas da etnia Warao, que normalmente permaneceriam próximos aos sinais vendendo artesanatos ou pedindo esmolas; e o outro é de estrangeiros que possuem qualificação profissional ou ensino superior.

“Nós tentamos fazer o levantamento desse perfil dos imigrantes que estavam adentrando o território brasileiro e constatamos que eles estavam regulares aqui, que eles entravam com visto temporário, ou para turismo, para comércio, para atendimento de saúde ou pedido de refúgio. A irregularidade se dava depois do término do prazo desse visto. Nós percebemos que aqueles que passavam pelo Centro de Atendimento eram pessoas qualificadas e que tinham permissão para entrar no Brasil”, revelou Emerson.

“Se você conversar com algum venezuelano, seja no mercado formal ou informal, esses que limpam vidros de carros, são pessoas qualificadas, que investiram em educação, mas que passaram pelo problema da falta de emprego, o fechamento de indústrias. Então, eles estão buscando esse mercado no Brasil. Como o mercado aqui no Brasil já está saturado, o estrangeiro acaba se submetendo a esse emprego fora da sua área de trabalho”, lamentou.

ATUAÇÃO – O coronel Doriedson também procurou esclarecer que, embora o Centro de Referência abrigue cerca de 200 pessoas hoje em dia, o serviço não será fixo. “Essa ação terá um período de conclusão. Estamos trabalhando para que todas essas pessoas sejam encaminhadas de forma digna, para outros locais, para que possam ser atendidas, acolhidas e assim, encerrar as atividades do Centro, dando uma solução para essa questão humanitária”, esclareceu.

Outro ponto levantado pelo coronel foi em relação à mudança dos imigrantes para o Amazonas. Segundo ele, os órgãos do estado vizinho entraram em contato com a Defesa Civil para obter informações sobre o acolhimento dos estrangeiros. “Eles entraram em contato conosco para saber como nós lidamos com a situação por que eles estão tendo a mesma problemática lá, pessoas nas rodoviárias, nas feiras. Então, o nosso trabalho acabou se tornando uma referência, nós passamos para eles como nós atuamos aqui, para que eles possam fazer o seu trabalho no Amazonas”, explicou. (P.C)