Cotidiano

Chega a 7 o número de óbitos

Durante o primeiro trimestre deste ano, foram apurados mais de oito mil casos da doença, o que representa mais da metade dos 14 mil casos registrados em 2017

Somente nos quatro primeiros meses deste ano já foram confirmados sete óbitos por malária em Roraima, três a mais do que o ano passado. Além disso, durante o primeiro trimestre deste ano, foram apurados mais de oito mil casos da doença, o que representa mais da metade dos 14 mil casos registrados em 2017. Visando reduzir os números, profissionais de saúde estão passando por qualificação para diagnosticar precocemente a infecção.

Considerando o total de 2.280 casos que tiveram origem no próprio Estado, os municípios mais endêmicos são Rorainópolis, localizado na região Sul, que registrou 1.113 casos, e Cantá, na região Centro-Leste, que somou 527 casos. Em relação aos 800 casos importados de outras regiões do país, o município que mais recebeu a doença foi Boa Vista, com 669 casos. Os dados são referentes ao primeiro trimestre do ano.

Segundo a diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), Luciana Grisotto, a capacitação já vinha sendo pleiteada desde 2015 junto ao Ministério da Saúde (MS), a fim de evitar a descontinuação das ações de prevenção desenvolvidas pelos municípios, como a eliminação de possíveis criadouros e diminuição de vetores.

De forma simultânea às ações dos municípios, Luciana informou que também é preciso iniciar o tratamento o mais rápido possível junto aos infectados. “Quando você começa o tratamento específico, você vai ter a quebra da cadeia de transmissão. Nesse caso, mesmo que o vetor permaneça na pessoa, conseguir tratar rapidamente a doença vai permitir que ela não seja transmitida a outras”, disse.

Nesse sentido, o treinamento também traz informações a respeito dos tipos de malária. Em Roraima, a maioria dos casos é decorrente da vivax, considerada a mais comum e menos grave se tratada oportunamente. Por outro lado, a diretora apontou um aumento nos casos da falciparum, classificada como a mais grave por levar o infectado a óbito rapidamente se não tratada no momento certo.

Diante do aumento de casos, a diretora reforçou a descontinuidade de ações nos municípios como fator principal, tendo em vista às mudanças de gestões e necessidade de novas capacitações. “Falam muito da imigração e que isso é a razão para essa expansão. Acontece que houve, sim, uma colaboração para o crescimento com a imigração, mas a causa principal é a descontinuidade do serviço”, contou.

Pela importância de um tratamento específico ao tipo de malária, para que não haja recaídas, os médicos receberam informações que devem ser utilizadas durante a avaliação do paciente, como saber se ele está com outra doença que possa agravar o quadro. A primeira capacitação, realizada no mês passado, foi ministrada pelo médico infectologista Mauro Asato e teve a presença de mais de 50 médicos.

Estão previstas ainda outras capacitações junto aos agentes de endemias e supervisão dos municípios. De acordo com Luciana, é preciso que os números estejam nos sistemas de forma fiel para que as ações tragam resultados mais concretos. “Tem município que consegue manter o baixo índice da malária, como Normandia, por exemplo. Se tem um que faz, é possível que todos consigam, mas é preciso um trabalho contínuo criterioso”, finalizou.

MALÁRIA – A malária ou paludismo é uma doença infecciosa, causada por parasitas presentes em inseto transmissor conhecido como muriçoca. No Brasil, as espécies predominantes são Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum. Caso sinta calafrios, febre alta, dor de cabeça e sudorese, uma unidade saúde deve ser procurada o mais rápido possível. (A.G.G)