Polícia

Civil diz que ‘cortará na própria carne’ se houver culpa de agentes e delegados

Em resposta a ‘Operação Farsa’ desencadeada na manhã de sábado, 21, pela Polícia Federal (PF) em Roraima, a Polícia Civil (PC) concedeu entrevista coletiva no mesmo dia, afirmando ser favorável aos trabalhos, e se os três agentes e o delegado presos tiverem envolvimento com tráfico de drogas ou qualquer outro ilícito, a instituição ‘cortará na própria carne’.

Quem atendeu a imprensa foi o corregedor-geral, Herbert Amorim Cardoso, e segundo ele todo o trabalho de apuração está sendo feito em conjunto com a Polícia Federal, e caso comprovado o envolvimento, os suspeitos terão a devida punição. “Até o momento eles são declarados suspeitos, portanto não podemos afirmar que estão envolvidos ou não no tráfico de drogas. Essa investigação está a cargo da PF e confiamos no trabalho daquela instituição”, disse o corregedor-geral.

Ele disse ainda que as forças policiais estão unidas e irão agir da melhor forma possível para dar um retorno à sociedade e esclarecer as circunstâncias da morte do policial rodoviário federal. “Quero declarar a todos que é interesse nosso elucidar os fatos, se tivermos que ‘cortar na própria carne, vamos cortar’. Não podemos deixar macular a imagem da Polícia Civil por uma ação isolada. Temos trabalhado dia e noite, no combate ao crime organizado”, destacou.

EQUÍVOCOS – Questionado durante a coletiva se ele concorda com as afirmações da Polícia Federal acerca de que a operação conduzida pela PC no dia 7, “teria indícios de flagrante forjado, com simulação e manipulação de provas”, ele respondeu que desde o dia 8 de abril, [um dia após a morte do PRF], foi instaurado um procedimento.

“Desde a ocorrência instauramos inquérito tanto para investigar a morte de Ivo, quanto para apurar a suposta tortura ao rapaz J.P.A.D.A., 23 anos também preso. Estamos aguardando a chegada dos laudos e filmagens do hotel”, destacou o corregedor, ao completar que esta semana deverão sair os resultados do procedimento.

CONDUTAS – Perguntado sobre os antecedentes dos três policiais e do delegado presos no final de semana, o corregedor respondeu que eles já enfrentaram procedimentos dentro da corporação, porém teriam sido absolvidos pela justiça.

MORTE DO PRF – No dia 8 deste mês, durante operação realizada em combate ao tráfico de entorpecentes em Roraima, a Polícia Civil prendeu em flagrante, na noite de sábado, 7, o jovem J.P.A.D.A., 23 anos, pelo crime de tráfico de drogas. Ainda durante a operação, o policial rodoviário federal, Ivo Seixas Rodrigues, segundo a Polícia, teria reagido à abordagem e levou um tiro durante o confronto e morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR).

“Ele foi alvejado pelos policiais que agiram em legítima defesa, tendo sido socorrido e levado ao hospital para cuidados médicos, mas não resistiu”, reafirmou a polícia.

A droga, 19 quilos de skunk, foi encontrada dentro do carro de J.P.A.D.A., nas proximidades da Praça do Mirandinha, no bairro do Caçari, em Boa Vista. E o suspeito declarou que o entorpecente seria levado para Manaus (AM) por um comparsa que o aguardava.

Em diligências, a Polícia Civil foi ao local indicado por J.P.A.D.A., “em um hotel no centro da Capital, encontramos o policial rodoviário federal, Ivo Seixas Rodrigues, lotado na Superintendência Regional do Amazonas, suspeito que faria a escolta da droga”, afirmou a Polícia Civil de Roraima.

Ainda conforme os policiais que participaram da operação, ao receber voz de prisão, Rodrigues teria reagido à abordagem e sacado uma arma. “Para imobilizá-lo e salvaguardar suas vidas, os policiais civis, em legítima defesa, reagiram. Ivo Seixas Rodrigues foi alvejado e, em seguida, socorrido, mas infelizmente não resistiu”, detalhou a Polícia Civil.

As prisões em flagrante desse final de semana são a continuidade das operações que resultaram nos cumprimentos de mandados de prisão e de busca e apreensão, realizados pela Delegacia de Mucajaí durante a semana, referentes a crimes praticados por organização criminosa naquele município.

A prisão em Flagrante foi lavrada na 3ª DPD (Delegacia de Polícia Distrital) pelo delegado Adriano Santos pelos crimes de tráfico de drogas (Art. 33 da Lei 11.343/2006) e dano ao patrimônio público (Art. 163 do Código Penal), pois J.P.A.D.A. colidiu contra a viatura policial, tentando fugir da abordagem. A polícia reafirma que ele é reincidente e já cumpriu pena pelo crime de tráfico de drogas pela Comarca de Pacaraima.