Cotidiano

Cobrança por estacionamento em locais públicos preocupa condutores de veículos

Na Avenida Jaime Brasil, no Centro, houve casos em que os motoristas tiveram os carros riscados por se negarem a pagar “flanelinhas”

Por toda cidade, os chamados “flanelinhas” privatizaram os estacionamentos públicos, impondo pagamento para donos de motos e carros estacionarem. A situação acontece a qualquer hora do dia, tanto durante a semana quanto nos fins de semana, quando se tornou comum a presença de pessoas “vigiando” veículos em restaurantes, festas e shows.

A imposição de pagamento tem causado preocupação aos condutores e alguns optam por não pagar. No centro comercial da Avenida Jaime Brasil, no Centro, houve casos em que os condutores tiveram os carros riscados por não terem pagado. Um estudante da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que preferiu não se identificar, foi vítima de um dos “flanelinhas” que atuam no Centro.  

Ele disse que estacionou o carro por cerca de dez minutos em frente ao banco, apenas para realizar um saque e, quando voltou, foi surpreendido com a cobrança. Contudo, o estudante afirmou que não havia ninguém no local quando estacionou o carro e, pelo tempo e localização do estacionamento, não viu a necessidade de pagar. Ao sair, o estudante teve o carro riscado pelo “flanelinha”, que logo em seguido chamou outros companheiros.

Após o ocorrido, o estudante relatou que preferiu ir embora, tendo em vista a quantidade de “flanelinhas” no momento. Ao chegar em casa, ele contou que averiguou a situação do arranhão. Por ter optado não pagar, o prejuízo foi de quase R$200,00. “Se não bastassem os criminosos, a gente também precisa se sentir inseguro só por estacionar o carro?”, questionou.

Outra vítima da situação foi a professora Elizabeth Alves. Também na Avenida Jaime Brasil, ela contou que foi praticamente obrigada a pagar o “flanelinha”. Conforme relatou, ao voltar para o carro com moedas, foi surpreendida. “Ele mandou eu comprar pão com as moedas e disse que queria dinheiro em nota, nem que fosse R$2,00. Fiquei com medo e dei”, comentou.

PREFEITURA – Diante do caso, a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) destacou que a prática é irregular e que a população não deve contribuir com os chamados “flanelinhas”. Para denúncias sobre danos ou ameaças, a população pode ligar para a Guarda Municipal, no 153, ou para a Polícia Militar no 190. (A.G. G)
 
‘Por um todos pagam’

Apesar da imposição para pagamento nos estacionamentos públicos da cidade, alguns “flanelinhas” condenam o comportamento dos demais. Com os dois arraiais juninos no mês passado, em Boa Vita, os “flanelinhas” se apropriaram de todos os estacionamentos, tanto do lado de dentro quanto ao redor dos festejos.

No ramo há mais de dez anos, um “flanelinha” que não quis se identificar explicou que o certo é aceitar o que o condutor quiser dar, inclusive nada. Mesmo ciente de que a prática é irregular, ele relatou que decidiu atuar para dar segurança aos motoristas. “Às vezes, eu saía e sentia falta de alguém pra vigiar meu carro. Então decidi trabalhar nisso e, de quebra, garantir uma renda extra”, afirmou.

Sobre os que obrigam o pagamento e chegam a danificar os carros com riscos, ele comentou que lamenta a situação, que pode chegar a prejudicar toda a classe. “Por conta de um, todos pagam. Já cansei de ser insultado por gente que generaliza. Eu estudei, trabalho de forma digna. Quem quer e realmente acredita que a gente merece, dá nem que seja R$0,25”, destacou.

Uma funcionária pública, que também não quis se identificar, tem um pensamento firmado sobre o caso. No Centro, ela disse que o pagamento não deveria ser obrigatório. Mas, em eventos como o arraial, por exemplo, seria importante o credenciamento dos “flanelinhas”, tendo em vista as pessoas de má índole que aproveitam os eventos para furtar automóveis. “Eles deveriam ser credenciados, seria bom para os dois lados”, frisou. (A.G. G)