Cotidiano

Com fronteira fechada, empresários acumulam prejuízo por falta de turista

Crise começou com o desabastecimento no comércio venezuelano e só piorou com o fechamento da fronteira

Caiu em 80% o número de brasileiros que faziam turismo na ilha de Margarita, na Venezuela. O movimento no comércio de Pacaraima e de Santa Elena, cidades na fronteira dos dois países, também caiu de forma drástica. O setor hoteleiro foi um dos mais atingidos, com queda estimada de 60%.

As relações comerciais entre Brasil e Venezuela começaram a estremecer em dezembro passado, quando o presidente Nicolás Maduro decidiu fechar a fronteira com o Brasil. A decisão do presidente venezuelano gerou uma série de prejuízos tanto para os comerciantes brasileiros quanto para os venezuelanos.

Com o fechamento da fronteira, os turistas brasileiros, principalmente roraimenses e amazonenses, deixaram de viajar para as praias de Margarita. Antes disso, já com o desabastecimento no país vizinho, os brasileiros já tinham parado de fazer compras na cidade de Santa Elena, no município de Gran Sabana. A falta de turistas derrubou as vendas no comércio na cidade de Pacaraima, antes aquecido pelos visitantes.

O empresário Roberval de Souza, de 59 anos, dono de um hotel em Pacaraima, reclamou que o movimento caiu mais da metade durante o período de festas, no fim do ano passado. Ele colocou a culpa no presidente venezuelano, que fechou a fronteira e prejudicou o comércio dos dois países. “Sobrou para nós, comerciantes, que dependemos dos turistas que por aqui passam”, reclamou.

Apenas pedestres podem passar, no atual momento

A secretária-adjunta de Estado de Relações Internacionais, Fátima Araújo, confirmou ontem pela manhã, à Folha, a queda de 80% no setor turístico venezuelano. Os brasileiros deixaram de visitar a ilha de Margarita por causa da crise econômica e social no país vizinho. A fronteira continua fechada para carros, mas a adjunta lembrou que pedestres podem passar.

Sobre o comércio tanto na Venezuela quanto no Brasil, Fátima Araújo confirmou a queda nas vendas, mas acredita que o movimento logo será normalizado. “Os venezuelanos estão voltando a comprar em Pacaraima e logo o comércio voltará ao normal”. A adjunta disse que o Governo de Roraima está dando suporte para os brasileiros que estão no município de Gran Sabana, na cidade de Santa Elena, ou fazendo turismo na ilha de Margarita. “Orientamos os turistas brasileiros, dando informações sobre a viagem ou documentação”, ressaltou.

O presidente da Câmara do Comércio de Gran Sabana, Gilmer Puma, em entrevista à Folha, disse que a expectativa é que o comércio de Santa Elena retome as vendas ainda este mês, com o previsto desbloqueio da fronteira para carros, o que beneficiará os comerciantes venezuelanos. (AJ)