Cotidiano

Com funcionários em manifestação, população fica com serviços limitados

Apenas 30% das frotas de ônibus e lotação permaneceram trabalhando. No setor bancário, a população só teve acesso aos caixas de autoatendimento

Durante toda a sexta-feira, 28, as ruas do Brasil foram palco para milhares de trabalhadores que decidiram manifestar sua desaprovação em relação às reformas da Previdência e Trabalhista, propostas pelo Presidente da República, Michel Temer (VER PÁGINA 6A). Em Roraima, centenas de enfermeiros, policiais, bancários, taxistas e professores aderiram à greve geral e utilizaram o Centro Cívico, localizado em Boa Vista, como ponto de encontro. A adesão dos órgãos e entidades resultou em serviços limitados à população.

TRANSPORTE TERRESTRE – Em Boa Vista, apenas 30% das frotas de ônibus e lotação rodaram pela cidade. O chefe da fiscalização de transporte da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (EMHUR), Maurício Mendes, ressaltou que os ônibus funcionaram conforme horário de domingo, até a meia-noite, enquanto o lotação encerrou o expediente no horário normal, às 20h. “Esse funcionamento de domingo também implica em um espaço maior de tempo entre um ônibus e outro”, disse. Ele explicou que a frota foi reduzida à porcentagem mínima em razão dos servidores sindicalizados que aderiram à greve.

No Terminal de Integração do Caimbé, no bairro Buritis, zona oeste, os táxis intermunicipais não participaram da paralisação, mas sentiram o efeito do protesto. “Praticamente todos os carros das cooperativas estão aqui. Não temos passageiro, é mole? A gente vem trabalhar e não tem passageiro por conta dessa greve”, declarou um taxista, que não quis se identificar. Os demais taxistas do perímetro urbano também não aderiram ao manifesto.

TRANSPORTE AÉREO – No Aeroporto Internacional de Boa Vista – Atlas Brasil Cantanhede, nenhuma das três empresas aéreas aderiu à paralisação. Apesar disso, para evitar atrasos e cancelamentos, a empresa Latam sugeriu que os passageiros com viagem marcada para ontem verificassem a situação de seus voos por meio do site antes de comparecer ao aeroporto, bem como checar a situação dos voos que tivessem conexão com outras companhias nacionais. Da mesma forma, a empresa Gol possibilitou aos passageiros antecipar ou adiar as viagens, sem custo.

BANCOS – Na capital, quase todas as agências bancárias aderiram à greve. Nas agências, apenas os caixas de autoatendimento estivam disponíveis para quem precisou. Em alguns locais, as filas causaram indignação aos clientes. Foi o caso do servidor público Armando Dias. Cliente do Banco do Brasil, ele se dirigiu à agência da Avenida Ataíde Teive, no bairro Liberdade, zona oeste, para efetuar saque. “Tô há mais de meia hora aqui só pra sacar. Tudo bem que a greve é importante, mas e eu? Que preciso de dinheiro? Fico esperando isso passar?”, questionou. A agência da Caixa Econômica Federal do Centro foi a única que funcionou normalmente.

SAÚDE – Em todo o Estado, o setor de Enfermagem paralisou. Conforme a enfermeira Maria de La Paz, a paralisação começou às 7 horas de ontem, 28, e termina às 7 horas de hoje, 29. Por fazer parte de um serviço essencial, o comando de greve fez com que 30% dos atendimentos fossem mantidos em todas as unidades e hospitais. “O sindicato está legalizado e cumpriu todos os trâmites legais para o aviso de greve. Contudo, contamos com o apoio de outros profissionais da saúde”, frisou.

SEGURANÇA – De acordo com a Polícia Militar de Roraima, 110 policiais atuaram em Boa Vista no policiamento ostensivo, tanto nos pontos de manifestação, quanto no restante da cidade. Apesar disso, o setor administrativo das delegacias de Boa Vista não funcionou. No 5º DP, apenas a Central de Flagrantes funcionou, utilizando 30% do efetivo.

CORREIOS – As agências dos Correios tiveram expediente normal durante a greve. Segundo a entidade regional, apenas as agências de Roraima e Amapá não participaram da paralisação.

EDUCAÇÃO – Segundo a Secretaria de Comunicação Social do Governo de Roraima, 33 escolas da Rede Estadual de Ensino aderiram à paralisação ontem. No total, o Estado possui 383 escolas. As universidades e faculdades do Estado também seguiram a manifestação e cancelaram as aulas em razão da greve. De acordo com a Faculdade Cathedral, localizada no bairro Caçari, zona leste, a medida foi tomada em função da segurança dos acadêmicos, bem como a ausência do transporte público, utilizado por muitos.

No âmbito federal, a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Roraima (Sesduf) impediu a entrada de veículos no Campus Paricarana. A medida, no entanto, não foi aprovada por todos. Para um servidor da UFRR, que não quis se identificar, a decisão não foi correta. “Tive que deixar meu carro fora do Campus e entrar andando”, destacou. Contudo, foi necessário liberar a entrada pela Avenida Venezuela, uma vez que a carreata da Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes provocou congestionamento. (A.G.G)