Cotidiano

Com salários atrasados, funcionários da limpeza do HGR fazem paralisação

Vários setores ficaram sem limpeza, causando acúmulo de lixo e sujeira nos quartos dos pacientes e corredores do hospital

Funcionários terceirizados que atuam na área da limpeza e serviços gerais no Hospital Geral de Roraima (HGR) paralisaram momentaneamente as atividades na manhã de ontem, 25. O protesto ocorreu por conta do atraso de três meses no pagamento dos servidores. A manifestação ocorreu das 7h às 11h em frente do HGR.

A manifestação só foi suspensa em razão de os trabalhadores terem recebido um dos salários em atraso, o que serviu, amenizou a situação. No entanto, os funcionários disseram que se o restante do pagamento não for depositado até o final deste mês, ocorrerá novo protesto e suspensão das atividades.

Mesmo com a suspensão do protesto, a limpeza do HGR foi seriamente afetada. Os registros feitos pelos próprios servidores mostram acúmulo de lixo e sujeira nos corredores das unidades, em quartos e banheiros de pacientes, inclusive em setores que necessitam da higienização constante, como o do Trauma e o da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

INDIGNAÇÃO – A servidora terceirizada Clara Souza, que atua na área de serviços gerais, disse que chegou a ser despejada da residência onde costumava morar por não ter conseguido manter o aluguel. “Eu não aguento mais essa situação. Fui despejada de casa, moro de aluguel, tenho três filhos para sustentar. É inadmissível uma coisa dessas”, afirmou.

A situação do funcionário Roberto das Neves é ainda mais complicada. Segundo ele, a pensão alimentícia, que precisa ser paga mensalmente, está em atraso por conta da falta do salário. “Só que o juiz não quer saber disso, quer saber só do pagamento. Já estava para ser expedido o mandado de prisão por conta desse atraso. Felizmente saiu o salário e agora vai dar para tentar resolver a situação. Mas assim fica complicado”, frisou.

Outros funcionários também disseram que são vítimas de ameaças por parte da empresa. “Eles nos falam que não podemos reclamar nem paralisar os serviços, porque podemos perder o emprego ou que podemos ser processados por não trabalhar”, disse um deles.

Afirmaram que tentam entrar em contato com a empresa responsável e recebem a resposta de que os salários estão atrasados por conta da falta de repasse pelo Governo do Estado. Porém, quando os funcionários tentam questionar a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) são informados que o problema seria da empresa.

GOVERNO – A Sesau declarou, por meio de nota, que as obrigações trabalhistas são de responsabilidade das empresas terceirizadas e que o pagamento dos funcionários deve ser garantido, mesmo que haja atraso nos repasses. Sobre a manifestação, o governo afirmou que acompanha a execução dos serviços e que está adotando as providências necessárias para evitar novas interrupções.

A Folha questionou se a secretaria mantém algum plano emergencial para manter os serviços de limpeza nos casos de paralisação e foi informada que, diante de eventuais descontinuidades na execução do serviço, são priorizados os setores críticos, como o centro cirúrgico, UTI e Grande Trauma, mas que na tarde de ontem os serviços foram intensificados nas demais áreas da unidade.

EMPRESA – A Folha tentou contato com a empresa terceirizada responsável pela contratação dos funcionários até o fechamento desta matéria, mas não obteve sucesso. (P.C.)