Cotidiano

Conferência discute situação da educação indígena em Roraima

O lançamento da II Conferência Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEEI) acontecerá na segunda-feira, 5, para avaliar os avanços, impasses e desafios da educação escolar indígena. Organizações indígenas, gestores de escolas, diretores de centros regionais, representantes de órgãos públicos e parceiros estarão reunidos neste evento a partir de 8h no auditório do Corpo de Bombeiros, localizado no bairro Pricumã, Zona Oeste.

A Conferência com o tema “O Sistema Nacional de Educação e a Educação Escolar indígena: regime de colaboração, participação e autonomia dos Povos Indígenas” é realizada a cada dez anos. O evento servirá para formalizar as propostas de melhorias que já vêm sendo discutidas nas comunidades indígenas e que continuarão até 2017, quando serão apresentadas durante a Conferência Regional e depois na Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena.

O diretor do departamento de Gestão do Interior da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), professor Adejalmo Moreira Abadi, disse que serão tratados cinco eixos temáticos, como a organização e gestão, práticas pedagógicas diferenciadas, a formação e valorização dos professores indígenas, política de atendimento para a educação escolar e ensino superior para os povos. As propostas serão entregues à Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Segundo ele, na primeira Conferência foram discutidas 209 metas. Entre as que obtiveram sucesso está a criação dos territórios éticos educacionais. A Legislação da Educação Escolar Indígena com diretrizes para os povos, incluindo a formação específica para professores da educação indígenas, também é uma das conquistas e hoje é ofertada pela Universidade Estadual de Roraima (UERR) e Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Atualmente, o grande desafio é a implantação de um sistema nacional de educação indígena. “A ideia é construir proposituras para uma consolidação no Brasil. Pretendemos reafirmar o direito de uma educação bilíngue, pois além do português, muitas comunidades falam sua língua nativa. Será discutida a instituição de um Conselho Nacional de Educação Escolar Indígena. São mais de 300 povos no país com características e dialetos diferentes que precisam ser reconhecidos”, comentou Abadi.

Em Roraima, o professor informou que existem desafios para as 370 escolas indígenas geridas pelos municípios e Estado. Entre as 260 unidades estaduais, ele lembrou da dificuldade de acesso, inclusive para as 32 comunidades localizadas em terras Yanomami. Citou ainda como desafios os problemas de infraestrutura das escolas. “Com um Estado territorialmente extenso, o acesso a muitas comunidades se dá por meio de avião ou barcos. A infraestrutura de estradas e escolas é um desafio. Hoje, isso fica apenas por conta do Estado”, comentou.

O secretário Estadual do Índio, Dílson Ingarikó, ressaltou a importância dos debates para melhorias no setor. “A Conferência, com a participação efetiva dos povos indígenas, permite a construção de um diálogo comum a todas as comunidades, observando as peculiaridades. Só assim construiremos uma educação indígena de qualidade, permitindo avanços no ensino de nossas escolas indígenas”, observou Ingarikó. (A.D).