Cotidiano

Conselho Tutelar faz abordagens de orientação a imigrantes venezuelanos

Estrangeiros estão sendo orientados a não levar crianças para pedir dinheiro nas ruas, sob o risco de serem deportados

Com o intuito de garantir os direitos fundamentais das crianças e adolescentes que residem no Estado, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho Tutelar do Território 2, localizado no Terminal de Integração João Firmino Sampaio, no bairro Buritis, zona Oeste, realizou uma abordagem de orientação na manhã desta terça-feira,  após o recebimento de denúncia envolvendo imigrantes venezuelanos.

Conforme a denúncia, comprovada diariamente pelos boa-vistenses, indígenas da Venezuela estão com crianças de colo pedindo dinheiro dos motoristas no semáforo da Avenida Princesa Isabel com a Avenida São Sebastião, no bairro Tancredo Neves, zona Oeste. O conselheiro Franco Rocha explicou que, em um primeiro momento, as orientações serão repassadas para informar os imigrantes do crime. Para isso, o primeiro passo é o diálogo.

O crime corresponde à exploração de imagem infantil e maus-tratos, uma vez que as crianças ficam expostas sob o sol, sem alimentação durante horas e com risco de desidratação. De acordo com Franco, nos casos de reincidência, o Conselho Tutelar e o Juizado da Infância e Juventude, em ação conjunta, vão encaminhar as mulheres e homens que estiveram nessa situação de volta para a Venezuela.

Contudo, durante a abordagem que ocorreu por volta das 10h, as três venezuelanas que estavam no semáforo do cruzamento se mostraram agressivas com o conselheiro, indagando que só estavam trabalhando e se negando a tentar conversar. A que estava com a criança de colo pendurada por um pano ainda tentou conversar, mas foi impedida pelas demais.

“Não é porque a legislação deles é diferente que eles devem fazer o que acham certo aqui. O pior é que elas sabem que é errado, tanto que em alguns casos chegam a fugir de diálogo, como aconteceu agora, obrigando a gente a chamar suporte policial”, disse o conselheiro. Após a tentativa, a Polícia Militar foi chamada para que fosse atrás das imigrantes, que se negaram a parar e seguiram em direção ao acampamento onde dormem.

Os órgãos se dirigiram à Feira do Passarão, na Avenida Ataíde Teive, no bairro Caimbé, onde parte dos imigrantes está localizada, a fim de encontrar pessoas que conhecessem as mulheres para explicar a gravidade da atitude. No local, os cinco venezuelanos presentes negaram conhecer as mulheres e informaram que trabalham com artesanato. Ainda assim, o Conselho Tutelar relatou o ocorrido para evitar novos casos.

Na feira, o vendedor de bananas Francisco Moura é responsável pelo galpão que está sendo utilizado pelos imigrantes. Ele explicou que, perto das 22h, a área se enche de redes armadas. “São quase 30 deles. Antes das 5h eles já levantam, tomam banho e saem. Na hora do almoço voltam, juntam tudo que conseguiram e saem para comprar almoço na feira. É um ciclo”, disse.

Para Franco, apesar de não ter conseguido conversar com as indígenas, a orientação foi passada de alguma forma. “Depois desse susto que levaram e dessa correria, com certeza elas já estão cientes de que estão fazendo algo errado. Continuaremos realizando nosso trabalho, sempre visando o bem dos menores”, ressaltou. (A.G.G)

Entidades estaduais fazem mapeamento e levantamento de imigrantes no Estado

O tenente do Corpo de Bombeiros do Estado de Roraima, Guaracy Cabral, frisou que é preciso que as áreas sejam mapeadas para que as providências que o Estado quer tomar diante do caso sejam realizadas.

“Sabemos que eles são muito dispersos, então é preciso fazer o mapa para sabermos onde ficam os aglomerados pela cidade”, explicou o tenente relatando que ainda não há dados oficiais sobre o levantamento.

As medidas que serão executadas correspondem a ações sociais de apoio e ajuda aos imigrantes. Para isso, o tenente informou que o Gabinete Integrado de Gestão Migratória está em constantes reuniões, a fim de que os órgãos envolvidos discutam e decidam como as ações serão realizadas. Todas as secretarias do Estado e alguns órgãos Federais estão envolvidos.

Segundo o tenente Guaracy, as informações que as entidades receberem referentes à localização dos imigrantes são o ponto inicial do mapeamento. “Nos dirigimos ao local e fazemos a triagem”, disse. Ele ressaltou que alguns venezuelanos já passaram pelo procedimento quando ultrapassaram a fronteira de Pacaraima, ao Norte do Estado, enquanto os demais cadastros serão feitos agora. (A.G.G)