Política

Contendo a emoção, Teresa desiste de ser candidata ao Governo de RR

Prefeita de Boa Vista revelou que um dia será governadora de Roraima: “Tenho capacidade para isso”

A prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), concedeu entrevista à imprensa na manhã de ontem, 6, no Palácio 9 de Julho, para anunciar que não será mais candidata ao Governo do Estado. Rodeada por vereadores, secretários municipais, pelo deputado estadual Jorge Everton e pelo presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá, que fazem parte da sua base aliada, ela afirmou que deixará o sonho ser governadora de Roraima para depois.

Durante a coletiva, ela chamou o marido Marcelo Guimarães, as filhas e o enteado Rodrigo Jucá e mostrou emoção e chorou. “Tenho no meu íntimo, no meu coração de ser candidata a governadora e ser governadora um dia. Tenho capacidade para isso. Mas ouvi muitas pessoas, no período da pré-candidatura. Fiz pesquisa, embora eu saiba que esteja à frente nas pesquisas, muita gente pedia para sair [da prefeitura] e outras para ficar. Não quero ser lembrada como uma prefeita que renunciou no meio do mandato”, declarou.

Ela disse que sua candidatura nasceu das ruas, em função do trabalho que realiza em Boa Vista e que é natural se lançar pré-candidata e depois desistir. “Eu levo a política muito a sério e tenho muita responsabilidade em minhas decisões. Levando em consideração o fato que permanecerei na vida pública e que um dia serei governadora de Roraima, vou terminar meu mandato como prefeita. Por mais desejo que tenha de seguir a carreira política, vou continuar trabalhando e mais tarde chegar até onde quero. Temos apresentado resultados e o que as pessoas querem são resultados”, afirmou. “Nem sempre o tempo de Deus é o nosso tempo. Quero sim governar Roraima e assim farei. Mas, agora, avaliando o rumo das nossas vidas meu coração indica que esse é o caminho a se tomar”, completou.

Teresa frisou que ainda não sabe quem vai apoiar na campanha este ano e que não tem decisão tomada sobre isso. “Não conversei com ninguém, não existe nenhum acordo, não houve nenhuma reunião e só sei que não ficarei fora da campanha, mas ainda não sei quem vou apoiar”, revelou.

Surita enfatizou que a pré-candidatura foi um convite do presidente do MDB, Romero Jucá, e pediu desculpas pela desistência, explicando que pretende dar continuidade ao trabalho que vem desenvolvendo frente ao Executivo Municipal e terminar todo o planejamento que foi feito para Boa Vista até 2020.

“Apesar de ser um sonho e me preocupar muito com Roraima, eu segui meu coração. Nesse momento, eu vou continuar como prefeita até terminar o mandato. Eu respeito os quase 80% de votos que tive e, por respeito às pessoas que confiaram a mim o seu voto, eu continuo prefeita. Quero concluir aquilo que me comprometi a fazer, mesmo sabendo que existe um planejamento e que será feito. Quero ser lembrada como a melhor prefeita que Boa Vista já teve”, concluiu a prefeita.

Jucá afirma que grupo político ainda não tem novo candidato

Após a renúncia de Teresa Surita à pré-candidatura, o grupo político comandando pelo senador Romero Jucá passou o dia todo articulando com políticos para verificar qual seria o posicionamento do grupo. Segundo o senador, o partido queria que Teresa fosse candidata para o cargo de governadora.

“Respeitamos sua decisão e o desejo que ela tem de continuar sendo prefeita de Boa Vista. Foi uma das decisões mais difíceis da vida dela, pois liderava as pesquisas e, ao mesmo tempo, as pessoas não queriam que ela saísse da prefeitura, pois é o último mandato dela e ela resolveu valorizar os votos que teve”, enfatizou o senador.
Parlamentares ouvidos pela Folha afirmaram que é quase certa uma articulação com o ex-governador Anchieta Júnior (PSDB), um ex-aliado do grupo, que apesar de dizer diversas vezes durante a campanha que se aliaria a qualquer um menos a Jucá, foi visto em conversas fechadas com o senador.

Ao ser questionado sobre quem o MDB apoiaria para o Governo de Roraima, Romero Jucá disse que ainda tem até o mês de julho para articular uma aliança. “O MDB vai analisar a situação para ver que passo seguinte tomará. Nós temos tempo. A convenção [dos partidos] é só em julho. A única data limite certa da descompatibilização de Teresa. A partir de agora, vamos aguardar para ver como vamos nos posicionar”, respondeu.

A Folha procurou o ex-governador José de Anchieta, mas ele não atendeu as ligações nem retornou.