Cotidiano

Coreanos apresentam projetos ao governo

Empresa coreana tem interesse na soja produzida em Roraima e, em contrapartida, ajudaria na construção de 5 mil casas pré-fabricadas

Uma reunião do Governo do Estado com a comitiva de representantes da empresa sul-coreana Dong Chun Mool Sang, foi realizada na manhã de ontem no Palácio Senador Hélio Campos. As entidades discutiram possíveis parcerias econômicas nos campos da construção civil, agricultura, saúde e educação. Também estiveram presentes na reunião representantes da Venezuela e da Colômbia, países onde a empresa está instalada atualmente.

O presidente da empresa, Jang Mon, sinalizou que os principais investimentos da companhia estariam relacionados à utilização da matéria-prima local para a produção de casas pré-fabricadas sem a utilização de cimento, item mais caro na construção civil. O diferencial da proposta ressalta o prazo de construção das unidades. Segundo relatou o representante da Dong Chun na América Latina, Yong Gul Sul, em um mês será possível concluir a construção de cinco mil unidades (de aproximadamente 70 mts² de extensão), com garantia de 50 anos de durabilidade. Tudo isto seria aliado à tecnologia coreana, que a empresa poderia oferecer, em caso de uma possível parceria entre as duas partes. Yong Sul também garantiu que a mão de obra utilizada para a produção deve ser local.

O consultor do Governo do Estado, Neudo Campos, explicou que o diálogo com a empresa da Coreia do Sul surgiu em janeiro deste ano, após a observação dos avanços tecnológicos do país. Ele disse que também está em negociação um sistema de digitalização na área da Saúde, que a Coreia vende e atualmente distribui para hospitais nos Estados Unidos, Europa e Japão. “Este mesmo sistema viria para cá. Eles instalariam todos esses equipamentos, e nós poderíamos saber onde o médico e enfermeiro estão trabalhando. A produtividade aumenta substancialmente e isso pode significar redução de custos”, disse.

Segundo o consultor, o modelo abrange ainda a eliminação de papel (sem formulários ou prontuários) e automatização logística. Contudo, ressaltou que o Executivo deve, a princípio, observar o custo/benefício da implantação do sistema. “Estamos muito otimistas, mas temos que ver qual será o custo disto e de que forma podemos pagar. A Coreia vai nos financiar isso para pagarmos num longo prazo? Tudo ainda será negociado”.

Atualmente, a Coreia, com 55 milhões de habitantes, importa 95% da soja que consome. A maior parte do grão é comprada da China, próxima ao país. Conforme explicou Neudo Campos a Dong Chun, como parte do setor privado do país asiático, busca alternativas nas opções de compra do produto, Roraima quer ser uma destas alternativas. “Nosso desafio é exatamente o de nos estruturarmos para produzir soja aqui no nosso Estado cada vez mais. E temos todas as condições para que isto aconteça”, destacou, argumentando que atualmente Roraima tem plantados 25 mil hectares de soja. “Se tudo der certo, passaremos dos 50 mil no próximo ano”.

Yong Sul agradeceu a oportunidade dos diálogos com o Governo de Roraima, enfatizando que o interesse da empresa é intercambiar tecnologia por matéria-prima. “Ao contrário da Coreia do Sul, Roraima tem muito espaço, doze horas de sol e água de qualidade, ideais para a agricultura. Há 30 anos que a maior parte da comida consumida no nosso país é importada. Por isso, depois de algum tempo de reflexão, viemos até aqui”, disse à imprensa, em espanhol.

Ele, que também é médico, acredita que com o auxílio da tecnologia coreana é possível construir um centro de referência moderno de câncer em Boa Vista. No entanto, afirmou que, para que as parcerias aconteçam, tudo depende da permissão da população para que a empresa trabalhe no Estado.

O presidente da Dong Chun, Jang Mon (traduzido simultaneamente ao espanhol por Yong Sul), afirmou que a empresa precisa ter mais informações e aprender mais sobre Roraima. “Com a permissão de vocês, nós entramos com a nossa tecnologia para trabalharmos juntos, intercambiando a matéria-prima roraimense por tecnologia coreana”, destacou.

Os representantes da empresa devem permanecer em Roraima até amanhã. A comitiva visitou ontem as obras do Hospital das Clínicas, no bairro Pintolândia, Zona Oeste, e do Hospital Geral de Roraima (HGR), área central, acompanhada da equipe do secretariado do Governo do Estado. A agenda inclui ainda a visita a áreas de plantação de soja. (JPP)