Polícia

Corpo é identificado quase um mês após dar entrada no IML

No dia 3 de janeiro deste ano, o corpo de uma mulher foi encontrado num terreno baldio da rua Santa Maria, bairro 13 de Setembro, zona sul de Boa Vista, e na última quarta-feira, 31, a família conseguiu identificá-la. Trata-se de Graciella Fernanda Gonçalves, de 36 anos. O corpo foi liberado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) para sepultamento após a comprovação com documentos pessoais da mulher. A família não tem suspeitos, mas também não acredita na possibilidade de suicídio. O último contato da vítima com a família foi no município de Caroebe, região sul do Estado, dia 29 de dezembro do ano passado.

A filha da vítima deu informações sobre a última vez que viu a mãe. “Ela veio para o velório da minha vó [em Caroebe] e não estava psicologicamente bem, a gente percebia no olhar. Ela sequer falava. Quando a gente falava, ela apenas balançava a cabeça e não falava com ninguém”, relatou.

A família explicou que, após o enterro da mãe de Graciella, ela quis retornar para Boa Vista e como no dia 28 de dezembro todas as vans que fazem o trajeto Caroebe/Boa Vista estavam lotadas, marcou a viagem somente para o dia 29. “O motorista da van veio buscá-la aqui em casa às 5h. Ela não estava bem e eu vi que não tinha condições de ir só, mas como não tinha mais vaga na van e eu tinha que fazer prova na escola, eu não pude acompanhar”, disse a filha.

No quilômetro 500 [Vila Novo Paraíso] a vítima desceu para comprar o lanche, mas comeu dentro do banheiro. O motorista teve que pedir para ela sair do local porque precisavam seguir viagem e como a mulher apenas olhava para ele e não esboçava qualquer reação, foi levada pelo braço até a van. Chegando a Boa Vista ela teria pedido para ficar na Rodoviária porque iria pegar um ônibus para a Serra Grande I, no Cantá, onde morava. Quando o motorista voltou para Caroebe, no fim do dia, ele explicou para a irmã da vítima onde ela foi deixada e relatou todo o ocorrido na viagem.

Somente na noite da segunda-feira, dia 29 de janeiro, a patroa da vítima entrou em contato com a família dela para cobrar sua presença, uma vez que fazia mais de um mês que ela teria viajado e não retornou. Os familiares contaram que Graciella saiu de Caroebe com destino a Boa Vista dia 29 de dezembro e imaginavam que ela estivesse com o marido, mas a patroa também conversou com o marido e ele havia afirmado que ela não apareceu.

“Eu ainda fui à casa de duas amigas de minha mãe em Boa Vista para ver se tinham recebido a visita dela nesse período em que estava desaparecida, mas as amigas disseram que não”, acrescentou a filha da vítima.

Na terça-feira dia 30, uma prima de Graciella foi ao Hospital Geral de Roraima (HGR), mas descobriu que ninguém deu entrada na Unidade de Saúde com aquela identificação. Sem opção, a prima da vítima foi até a sede do IML e mostrou uma fotografia para uma funcionária e descobriu que havia um corpo com as mesmas características. Depois de fazer o reconhecimento ficou confirmado que era, de fato, Graciella.

“Fizeram a comparação e minha prima confirmou que era ela mesma. Aí solicitaram a documentação para liberar o corpo. Fomos ao Cantá para avisar o marido, pedir os documentos dela e perguntar se ele gostaria de ir a Caroebe para participar do enterro, mas ele ficou muito abalado porque não sabia”, ressaltou a filha.

Um Boletim de Ocorrência [B.O] foi registrado, a fim de que a Polícia investigue o caso. No corpo, segundo o IML, havia um corte, mas a família não perguntou onde estava a perfuração e nem o que poderia ter causado. “O laudo médico diz que foi asfixia e por isso temos dúvida sobre a morte, mas se foi alguém vamos descobrir e se foi ela [que tirou a própria vida], que Deus a tenha em um bom lugar”, concluiu a filha. (J.B)