Cotidiano

Corpos carbonizados ainda esperam liberação do IML por falta de exame

Sem laboratório de DNA, exames de corpos de quatro presos e de duas vítimas de acidente serão realizados em Belém na próxima semana

O Instituto Médico Legal de Roraima (IML) está tendo dificuldades para liberar quatro corpos de detentos mortos durante uma briga de facções, ocorrida em outubro, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), e também das duas vítimas do acidente envolvendo um Fiat Uno e um caminhão de carga, ocorrido no dia 07 deste mês, na BR-174, Município de Mucajaí, a Centro-Sul do Estado. O motivo é a falta de laboratório de DNA forense. Familiares pedem celeridade no processo.

Após a briga de facções, 10 corpos foram entregues ao IML, dos quais quatro não foram identificados por duas razões: decapitação e carbonização. Quase um mês se passou e, até o momento, familiares ainda esperam a liberação para realizar o enterro. “Ainda estamos aguardando um posicionamento do governo em relação ao exame de DNA. Apesar de serem presidiários, gostaria de repudiar a demora e que fosse dado tratamento digno. Afinal, são seres humanos e estavam na unidade prisional cumprindo a pena determinada pela Justiça”, desabafou um familiar que preferiu não se identificar.

Conforme o familiar, foi oferecida ajuda para acelerar o processo de identificação, mas não foi aceito. “Gostaríamos de uma resposta para que possamos proporcionar um enterro digno e, se for o caso, buscaremos na justiça a celeridade deste exame, pois já ficamos sabendo que o problema é a falta de recurso para encaminhar a equipe de perícia do IML que vai conduzindo os corpos”, relatou.

ACIDENTE – Lúcio Nascimento é cunhado de uma das vítimas do acidente envolvendo um carro pequeno e uma carreta, ocorrido na BR-174 na semana passada. Segundo ele, os familiares reconheceram o corpo de Kenedy da Silva, 26 anos, mas o instituto se recusou a liberar pela falta de certeza na identificação.

IML – Segundo a diretora do Instituto Médico Legal, Marcela Campelo, os restos mortais das vítimas do acidente estavam completamente carbonizados. Os dois corpos estavam decapitados e apenas uma cabeça foi encontrada entre os destroços, identificada pela perícia odontolegal como sendo de Nildo da Conceição Jesus, 32 anos. “De acordo com relatos de familiares, Nildo estava na companhia de Kenedy da Silva Pinto, entretanto, há a necessidade de identificação dos corpos através do exame de DNA, razão pela qual não foram liberados”, informou a nota enviada à Folha.

Conforme a nota, o governo está garantindo recursos junto à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para a instalação do laboratório de DNA forense e que, dentro de 15 dias, os técnicos da Senasp virão ao Estado para avaliar as estruturas físicas do instituto. Após isso, dará andamento ao processo de implantação do laboratório.

Em relação aos exames de DNA dos corpos dos detentos, o IML informou que duas peritas criminais viajarão na próxima semana para Belém (PA), onde serão realizados os procedimentos. A diretora afirmou que os quatro corpos estão devidamente conservados e aguardam os resultados do exame para que sejam identificados e liberados.

Com relação ao recurso que seria utilizado para realização dos exames, o governo informou que, com o apoio dos institutos dos estados do Pará, Pernambuco e Paraná, a diretoria conseguiu que esse custo fosse zerado, até que o laboratório seja implantado em Roraima. (C.C.)