Cotidiano

Crianças do abrigo Pedra Pintada serão as primeiras contempladas com projeto

Objetivo é que as crianças não fiquem muito tempo dentro da instituição e tenham a oportunidade de conviver com uma família durante o período de acolhimento

A vida das crianças abrigadas na instituição de acolhimento Condomínio Pedra Pintada, localizada, no bairro Centenário, zona oeste da capital, está prestes a mudar. Para que as crianças não fiquem muito tempo dentro da instituição e tenham a oportunidade de conviver com uma família durante o período de acolhimento, a 1ª Vara da Infância e Juventude da comarca de Boa Vista do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) está implantando o projeto ‘Apadrinhamento Afetivo’.

Conforme o juiz da 1ª Vara, Parima Veras, a previsão é que o projeto seja implantado e lançado até o mês de setembro deste ano. Após o lançamento do programa, as famílias interessadas poderão se cadastrar para participar da seleção e, sendo selecionadas, vão realizar o curso de capacitação. As crianças passarão também por um processo de triagem, uma vez que as mais novas não poderão participar do projeto. “Depois disso, as crianças vão passar a receber a visita dos padrinhos, que poderão levá-las para passeios e acompanhar o desenvolvimento escolar”, disse.

O juiz destacou que a capacitação é parte essencial do processo, considerando que é preciso saber se a criança vai se identificar com os padrinhos. Pelo fato de a instituição atender crianças de até 12 anos, Veras pontuou que não é possível o apadrinhamento sem a aproximação prévia. Ainda que haja boa vontade das pessoas que vão participar, a família não deixa de ser desconhecida à criança.

Apesar do vínculo que pode vir a ser criado com a convivência, o juiz pontuou que a fila do Cadastro Nacional de Adotantes deverá ser respeitada, ou seja, as crianças não poderão ser adotadas pelos padrinhos. Por este motivo, as famílias também serão capacitadas no quesito emocional. No entanto, ele informou que, no caso de não haver ninguém na fila, os padrinhos poderão se cadastrar para realizar a adoção caso haja identificação entre ambas as partes.

Parima Veras frisou que o objetivo principal é a retirada parcial das crianças da instituição de acolhimento, a fim de que possam conviver com uma família e realizar atividades que são importantes para o desenvolvimento. “A preocupação no Brasil todo é que os menores sejam inseridos numa família com menos traumas possíveis”, comentou.

FAMÍLIA ACOLHEDORA – Conforme o juiz Parima Veras, o Apadrinhamento Afetivo é como um sub-ramo do programa Família Acolhedora. Em vários estados do Brasil, os magistrados estão apostando na capacitação de famílias que possam acolher crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, em vez de encaminhá-las a entidades de acolhimento. Atualmente, o Paraná é o estado que possui mais famílias acolhedoras. (A.G.G)

‘Apadrinhamento Afetivo’ supre lacuna de instituições de acolhimento, diz juiz
 
Para o juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude da comarca de Boa Vista, do Tribunal de Justiça de Roraima, Parima Veras, os projetos Família Acolhedora e Apadrinhamento Afetivo suprem as lacunas que as instituições de acolhimento não conseguem. Ele explicou que as crianças que vivem muito tempo em uma instituição costumam se apegar ao espaço e aos servidores. “Mas esses profissionais não substituem uma família no dia a dia, não há como proporcionar isso numa instituição”, afirmou.

O juiz considera que a convivência da criança com outras famílias em locais públicos é positiva para o desenvolvimento dela, mesmo antes de ser devolvida à família biológica ou adotada. (A.G.G)