Cotidiano

Da fabricação da paçoca ao artesanato, mulheres dominam mercado roraimense

Conheça o trabalho inspirador de quatro mulheres que estão no comando de negócios bem sucedidos, mesmo em tempo de crise

Elas decidiram mudar de vida e transformaram seus lares em pequenas empresas. Mulheres que antes dependiam exclusivamente do dinheiro do marido, e que em casa apenas realizavam os afazeres domésticos, agora tocam o próprio negócio, dão aula de empreendedorismo e ganham um bom dinheiro.

É o caso da aposentada Maria Perpétua Mangabeira, de 75 anos, ou Tia Nega, como é mais conhecida na sua venda de paçoca de carne, na Av. Via das Flores, bairro Pricumã, zona Oeste da Capital. Ela começou a produzir a iguaria há 23 anos, mas hoje comemora o sucesso, revelando que “o segredo é fazer com dedicação e amor”.

A venda de paçoca de carne da Tia Nega é uma das mais tradicionais de Boa Vista. Por dia, ela vende uma média de 100 quilos de paçoca. O movimento não para no pequeno comércio que funciona em um cômodo da casa dela. Do lado de fora da casa, algumas mesas para os clientes que preferem comer a paçoca por lá mesmo. “É a paçoca mais gostosa de Roraima”, provou e comentou o servidor público Juarez de Azevedo.

Além de fazer a paçoca, Tia Nega também prepara a carne que vai utilizar. O processo de preparação dura alguns dias, mas o tempo é de fundamental importância porque a carne tem que estar no ponto para ser misturada à farinha de mandioca, que é o outro ingrediente da iguaria regional.

Bem descontraída ontem pela manhã, durante a entrevista, Tia Nega disse que hoje apenas coordena o processo de produção da paçoca, que envolve os seus 12 filhos e netos. Viúva há seis anos, a empreendedora disse que o que ganha com as vendas é muito superior ao salário da aposentadoria.

Hoje a paçoca é um sucesso, mas a empreendedora lembrou que no começo foi difícil, pois havia apenas um liquidificador pequeno para bater a carne com a farinha. “Começamos fazendo apenas três quilos de paçoca porque não tínhamos equipamentos, mas trabalhamos muito; e hoje, mesmo sem nunca ter recebido ajuda do poder púbico, vendemos uma média de cem quilos por dia”, frisou.

O preço do quilo sai a R$ 32, o que dá R$ 3.200 por dia. Todo o dinheiro fica com os próprios membros da família, envolvidos no processo de produção. “Filhos e netos tiram o sustento daqui. A ideia deu certo e vamos continuar vendendo”, garantiu a aposentada.

A paçoca de carne já viajou para o exterior e é reconhecida nacionalmente. Mas, mesmo indo longe, Tia Nega continua vendendo na sua humilde, porém agradável casa que ela transformou em um balcão de negócio.

“Tenho minha clientela feita. Até personalidades vêm aqui, como o Raimundo Marques, que foi chefe de Estado, o escritor Alfonso Rodrigues e o doutor Getúlio Cruz”, lembrou.

Apesar do sucesso da paçoca, Tia Nega, empreendedora nata, agora também serve espetinhos de carne e linguiça apimentada. O pacote custa R$15,00 e já vai pronto para ir ao fogo. “O negócio é não parar, é inovar sempre. Como disse: o segredo do sucesso é fazer tudo com amor”, frisou. (AJ)
 
Microempresária lucra com bonecas personalizadas

No decorrer da história, os homens sempre receberam a maior parte do crédito em negócios bem sucedidos. Contudo, as mulheres começam a ter um papel fundamental na sociedade e podemos até dizer que elas estão progredindo cada vez mais à frente aos homens, em especial no mundo do empreendedorismo.

Exemplo disso é a microempresária Giselle Cauper, de 23 anos, moradora do bairro Caçari, zona Leste da Capital. Há 10 anos, ela faz bolos, tortas e outras encomendas para festas de aniversário ou casamento. A jovem ainda produz peças artesanais personalizadas sob encomenda.

“Há dois anos comecei a fazer bonecas e outras peças artesanais como o cliente quer, como ele pede. Tudo começou quando eu fazia faculdade de Recursos Humanos. Via os modelos em sites e então decidi começar a fazer em casa. A ideia deu certo e hoje eu consigo uma renda a mais com o artesanato”, ressaltou.

As bonecas encantam e podem ter as características da cliente. Giselle detalhou que o trabalho é minucioso e requer um pouco de tempo. “Vejo as características físicas da cliente e então começo a construir a boneca com todos os detalhes possíveis. Também faço enxovais e outras peças”, observou.

A artesã disse que, se fizer um evento por mês, seja aniversário ou casamento, já é o suficiente para manter o negócio. Uma peça pode sair até por R$ 15,00, mas o preço depende do tamanho e da complexidade do trabalho. Giselle lembra que os modelos são de acordo como o cliente pede. “Acredito que, para uma pessoa se tornar empreendedora, ela deve tirar os sonhos da gaveta”, resumiu a artesã. (AJ)
 
Artesã faz arte com crochê
 
Para complementar a renda familiar a autônoma, Ivaneide Aparecida de Oliveira, de 50 anos, decidiu colocar em prática o que aprendeu com a mãe quando era criança. Com apenas 10 anos de idade ela começou a fazer crochê e, hoje, quase quatro décadas depois, vende as peças à um público diferenciado.

Moradora do bairro Doutor Sílvio Botelho, na zona Oeste de Boa Vista, dona Ivaneide relembrou os tempos em Manaus (AM), onde morava com os pais. “Minha mãe me ensinou a fazer crochê quando eu ainda era criança e agora esta arte é um meio de sobrevivência para mim, pois é dela que ganho o dinheiro que complementa minha renda familiar”, comentou.

As peças tricotadas são feitas sob encomenda. A artesã disse que o que ganha atualmente dá para se manter e pagar as contas. Cada peça varia de R$ 80,00 a R$ 100,00, mas o preço depende do tamanho e do estilo. Dona Ivaneide também faz o tricô em sandálias. O par custa R$ 50,00.

A artesã ainda faz jogo de tapetes, capas de cadeira e centro de mesa, além de bolsas estilizadas feitas com CD. “Nunca ninguém me incentivou, nem governo nem ninguém. Mas decidi arregaçar as mangas e correr atrás dos meus sonhos. Neste momento de dificuldade financeira, meu tricô me ajuda a superar esta crise”, ressaltou.

O ateliê de dona Ivaneide funciona na casa dela. “Hoje minha maior dificuldade é divulgar meu trabalho e assim oferecer minhas peças de tricô. Mas agora com esta matéria, acredito que vai melhorar”, ressaltou a artesã. (AJ)
 
Dona da casa reaproveita óleo para produzir sabão

Preocupada com a degradação ambiental a dona de casa, Doralice Barros, de 49 anos, agora produz o próprio sabão. Ela transforma o óleo de cozinha usado em frituras em barras do produto. Além de evitar que o óleo cause danos à natureza, ela também economiza no supermercado. “Desde quando passei a produzir não compro mais sabão no supermercado e, com isso, economizo todo mês. O bom também é que o óleo de frituras não irá provocar danos ao meio ambiente”, observou.

O “laboratório” improvisado funciona na área de lavabo da dona de casa, que mora no bairro Caranã, zona Oeste. Ela lembrou que uma amiga a ensinou a fazer o produto pelo telefone. “Aí eu fui anotando e deu certo. Agora junto o óleo que utilizo e faço as barras. O produto dura até três meses”, detalhou.

A dona de casa disse que espera ganhar um dinheirinho extra com a venda de seu produto. “Quem sabe agora, a partir desta matéria, eu comece a me tornar empreendedora e ganhe um dinheiro para complementar a renda familiar”, sugeriu. Interessados podem ligar para 98103-2465. (AJ)