Cotidiano

Dados apontam que registros de crimes contra a mulher subiram quase 50%

Índice que mais cresceu é referente aos crimes de ameaça, com um aumento de mais de 400 casos registrados

Dados repassados pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) revelam que, nos últimos dois anos, foi registrado um aumento de 50% no número de ocorrências de crimes contra a mulher em Roraima. Conforme os dados foram registrados 1.985 casos em 2015, entre eles crimes de injúria, furto, dano e perturbação da tranquilidade. Os maiores dados são referentes à ameaça, com 298 casos, ofensa, com 243 registros. Além disso, também foram registrados três crimes de estupro e três de homicídio de mulheres.

No ano passado, foram registrados 2.833 casos, um aumento de mais de 800 casos de um ano para o outro. Os crimes de ameaça também foram superiores, com o registro de 478 casos. Em seguida, vem o crime de ofensa, com 380 casos. Houve também o aumento de crimes de estupro, com 13 casos registrados em 2016. Já os crimes de homicídio e de danos materiais sofreram redução. Em 2015 foi registrado um caso a menos de assassinato contra mulheres e 28 a menos de danos materiais.

Os números aumentaram em 2016 devido ao registro de outros crimes que não foram catalogados em 2015, como o de violação de domicílio, com um caso registrado em 2016, seis casos de difamação e um caso de vias de fato, ou seja, atos agressivos de provocações mais leves que não causam uma lesão corporal grave e que normalmente não deixam marcas, como um empurrão.

INQUÉRITOS – A Deam também informou que em 2015 foram instaurados inquéritos policiais para 625 casos de lesão corporal, 804 casos de ameaça, 422 de injúria, 12 tentativas de estupro, 16 estupros e 106 danos materiais, o que corresponde a 1.985 casos no total. Em 2016, foram 939 inquéritos de lesão corporal, 1.209 de ameaça, 571 de injúria, 13 tentativas de estupro, 25 estupros e 78 por danos materiais, o que corresponde a 2.833.

Também foram solicitadas 175 medidas protetivas em 2015 e 380 em 2016, uma ferramenta direcionada às vítimas de violência doméstica e familiar, que podem tratar do afastamento do agressor do local de convivência com a vítima, a fixação de uma distância mínima entre os envolvidos e até a suspensão da posse e porte de armas.

AVALIAÇÃO – Para a delegada Elivânia Aguiar, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, o aumento do número de registros não significa obrigatoriamente que houve um aumento do número de casos de violência. Ela ressaltou que existe uma demanda muito reprimida com relação à violência doméstica e que muitas vítimas permanecem por anos em uma situação de violência até criarem a coragem para denunciar o agressor.

“Muitas mulheres sofrem violência, mas elas não procuram a delegacia. Então, a gente pode também trabalhar com a hipótese de que a mulher passou a confiar mais no trabalho da polícia e decidiu ir à delegacia para denunciar”, afirmou. “A gente não pode dizer que esse aumento no número de registros de boletins de ocorrência significa que aumentou a criminalidade. A gente não tem como afirmar isso. É preciso trabalhar com essas duas hipóteses”.

SEM DADOS – Com relação aos dados referentes a 2017, a Folha entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), que informou que os dados referentes a este ano são catalogados semestralmente e, portanto, o balanço mais atual só estará disponível a partir do mês de junho. (P.C.)