Cotidiano

Defesa Civil sugere criação de novos abrigos em parceria com o Exército

Estado vai recomendar que ginásio do bairro Treze de Setembro seja revitalizado para receber imigrantes

O coordenador da Força-Tarefa Logística Humanitária em Roraima e general da Base de Apoio Logístico do Exército, Eduardo Pazuello, fará visita ao Estado na segunda-feira, 19. Durante a estadia, a Defesa Civil Estadual espera debater a possibilidade de criação de novos abrigos para atender os imigrantes venezuelanos.

Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Doriedson Ribeiro, desde que o presidente Michel Temer (MDB) assinou a medida provisória decretando emergência social em Roraima, todas as ações relacionadas à criação de novos abrigos serão articuladas juntamente ao Governo Federal.

Ribeiro explicou que o general Pazuello já está ciente da situação por conta de uma conversa prévia da governadora Suely Campos (PP) com as Forças Armadas, ocasião em que ele solicitou o apoio dos órgãos que estão atuando na questão da migração venezuelana no Estado, como a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes).

“Somente a partir de segunda-feira, com a chegada do general, que nós vamos poder informar de fato quais serão as estratégias que serão adotadas de forma conjunta. A ideia é que nós possamos retirar todas as pessoas das ruas. A partir daí, com elas tendo condições mais adequadas, podemos partir para outras atitudes, como a interiorização e um reforço na imunização dos migrantes”, explicou.

SOLICITAÇÕES – Dentre os pedidos que serão abordados durante uma possível reunião, estão a criação e a revitalização de abrigos. O foco, no primeiro momento, é o espaço localizado no bairro Tancredo Neves. “Queremos dar melhores condições às pessoas que estão ali dentro até porque ali está superlotado”, disse.

Outra situação é a revitalização para disponibilização do ginásio do bairro Treze de Setembro, próximo à escola Maria das Dores. “Solicitamos que o Exército faça a revitalização das instalações para que lá possa ser mais um abrigo, para que a gente possa retirar mais pessoas das ruas, as que estão na Praça Simón Bolívar e os que estão ocupando os prédios públicos”.

Migrantes devem permanecer em prédios públicos até a criação de novos espaços

Especificamente se tratando sobre os migrantes que ocupam prédios públicos abandonados, como a antiga sede da Secretaria de Gestão Estratégica e Administração (Segad), o coordenador da Defesa Civil informou que os migrantes devem permanecer temporariamente nos locais até a criação de novos espaços.

Doriedson afirmou que a equipe da Defesa Civil possui um laudo técnico atestando que o prédio não possui condições estruturais adequadas para a permanência dos venezuelanos, mas, que devido à situação, os migrantes devem permanecer onde estão.

“Houve a invasão daquele local. As pessoas não estão autorizadas a estar ali, mas no primeiro momento nós não iremos fazer a retirada das pessoas porque nós não temos para onde levá-los. Reforço que a partir do momento que conseguirmos outro abrigo, nós vamos fazer a retirada dessas pessoas por questões de segurança delas mesmas”, declarou.

Já com relação ao Teatro Carlos Gomes, o coordenador afirma que o prédio oferece mais risco e não há condições de estadia de pessoas por ali, sob o risco de desabamento. Doriedson disse ainda que a Defesa Civil solicitou que a Secretaria de Infraestrutura (Seinf) fizesse o fechamento daquela área com tapumes para que as pessoas não pudessem adentrar no local. “Nós estivemos lá, conversamos com as pessoas, informamos que o prédio oferece risco, que são estruturas antigas”, completou.

Retirada de migrantes será feita em parceria com órgãos de Direitos Humanos

Com a possibilidade de criação de novos abrigos, a retirada das pessoas das ruas e praças públicas será organizada, segundo a Defesa Civil, com apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e demais organizações não governamentais de Direitos Humanos que prestam apoio. O objetivo é que a ação seja realizada de forma coesa e organizada.

Doriedson Ribeiro frisou que a desocupação será feita somente para as pessoas que assim o desejarem. “Elas não podem ser obrigadas a irem para os abrigos. A ideia somente é levá-las para um lugar mais seguro porque as pessoas nas ruas geram outros problemas, a questão da vulnerabilidade das crianças e os casos de furtos e agressões”, concluiu. (P.C)

Quase 200 venezuelanos estão no antigo prédio da Segad

A reportagem da Folha foi ao antigo prédio da Segad, no bairro São Francisco, e ao Teatro Carlos Gomes, no Centro de Boa Vista. No primeiro, 180 pessoas de 56 famílias estão dividindo o espaço, que está abandonado há muito tempo. No segundo, apenas roupas e pertences.

De acordo com um dos moradores do prédio da Segad, as famílias que moram ali não têm brigas nem conflitos. “Não aceitamos bebida alcoólica ou uso de drogas. Apenas famílias constituídas. Somos todos venezuelanos, todos irmãos. Fomos autorizados a ficar aqui, mas depende do nosso comportamento”, revelou.

Não há energia elétrica, apenas água. Uma das regalias que o prédio oferece aos quase 200 venezuelanos é o uso de banheiro.