Cotidiano

Demora no atendimento e falta de material são discutidos em audiência pública

Governo do Estado prometeu convocar mais profissionais para suprir demanda reprimida

A qualidade do atendimento de saúde bucal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Roraima foi o tema da audiência pública realizada na manhã de ontem, 10, no auditório do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR). Representantes dos governos estadual e municipais, entidades de Odontologia, diretores das unidades de saúde e profissionais da área apresentaram suas dificuldades, melhorias e sugestões.

A audiência começou a ser desenhada no ano passado, quando a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde encabeçou uma vistoria junto com a Vigilância Sanitária e o Conselho Regional de Odontologia de Roraima (CRO-RR) nos serviços de atenção bucal nas áreas básica, e de média e alta complexidade. Em seguida, as queixas registradas nas Ouvidorias foram coletadas.

A promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Jeanne Sampaio, disse que foram encontradas muitas reclamações quanto à demora do atendimento, cancelamento de consultas, falta de materiais e equipamentos sequer instalados. Tudo isso gerou uma demanda reprimida, que é quando as pessoas buscam um serviço e não conseguem obtê-lo. Somente no Centro de Especialidade Odontológica (CEO), dentro da Policlínica Cosme e Silva em Boa Vista, existia no ano passado uma fila de espera de 516 pessoas: 204 buscando odontopediatras, 164 querendo endodentistas e 148 os cirurgiões. Atualmente, esta fila saltou para 900 pessoas no total.

“Nós sabemos que é difícil em razão das outras demandas políticas, mas estes serviços precisam ser ampliados e os equipamentos comprados precisam funcionar. Se muitas vezes a saúde bucal é vista como uma mera dor de dente precisando ser resolvida, essa dor pode levar a tratamentos de altíssimo custo para o Estado e o município. Queremos que hoje todas estas questões sejam levantadas. O MPRR não descarta outras medidas que venham a ser adotadas, como Termos de Ajustamento de Conduta (TACs). Mas o papel de fiscalizar, realmente, é em boa parte da própria população que utiliza esses serviços. Pedimos o apoio na busca por um serviço de melhor qualidade”, declarou. (N.W)

Conselhos reivindicam convocação de concursados e melhor infraestrutura

O conselheiro regional de Odontologia, Derlano Bentes, afirmou que a principal queixa dos profissionais é a demora na convocação de aprovados em concursos. Para ele, a presença dos concursados é importante principalmente nas localidades do interior, onde atualmente os serviços não estão sendo feitos por profissionais de Odontologia. “Outra queixa nossa é quanto ao material. Muitas licitações são de produtos com qualidade duvidosa, o que causa quebra de objetos e impedindo o atendimento para a população”, acrescentou.

O conselheiro federal de Odontologia em Roraima, Rodrigo Matoso, pensa o mesmo, adicionando a necessidade de se alinhar saúde e educação. “É importante promover a saúde bucal dentro das escolas, para que a criança tenha preocupação desde pequena. É a principal bandeira que levantaremos hoje”, sugeriu.(N.W)

Sesau anuncia convocação de servidores e reforma de consultórios

O secretário estadual de Saúde, César Penna, esteve na audiência pública. Ele explicou que o atendimento odontológico é fornecido em 16 unidades de saúde no interior de Roraima e em três locais de Boa Vista (no CEO, na Policlínica Cosme e Silva; no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth; e no Pronto-Atendimento Airton Rocha). Somente neste ano, foram mais de mil serviços prestados no Airton Rocha e 750 no CEO. Na Maternidade, 730 gestantes foram atendidas por odontólogos, que atuaram principalmente na prevenção de infecções nas gengivas.

Em 2017, serão convocados oito especialistas na área até julho, aprovados no concurso da Sesau. Até abril do próximo ano, os 16 consultórios do interior serão reformados. O levantamento dos equipamentos necessários está sendo feito, pois alguns gabinetes precisarão de renovação de materiais. “Há 16 anos eles não são revitalizados, mas agora estamos com viabilidade financeira para a reforma”, anunciou César Pena.

“A odontologia no âmbito estadual funciona na média e alta complexidade e no alívio da dor. Após a melhora, o paciente é acompanhado pelas unidades básicas de saúde das prefeituras. Temos muito que evoluir, mas ao mesmo tempo, já nos desenvolvemos muito. Só que é a médio e longo prazo”, defendeu. (N.W)

Prefeitura de BV investiu 16,5% do orçamento em saúde em 2016

O secretário municipal de Saúde em Boa Vista, Cláudio Galvão, reconheceu que há dificuldades financeiras, como a falta de financiamento das equipes de saúde bucal pelo Ministério da Saúde, assim como se faz necessário priorizar a conclusão do tratamento bucal dos usuários e melhorar o atendimento nas unidades.

Segundo ele, outro problema é a confusão por parte dos pacientes, que muitas vezes buscam serviços estaduais nas unidades municipais e vice-versa. “Mas melhoramos muito: ano passado, investimos 16,5% do nosso orçamento em saúde, pois ela é nossa prioridade e vamos tentar melhorar o máximo possível”, disse. Atualmente, a Prefeitura de Boa Vista soma R$ 1 milhão em investimentos na estrutura física dos consultórios odontológicos, como equipamentos, reforma e ampliação das salas. (N.W)