Política

Deputado defende ‘distritão’ e prevê que reforma será adiada

Parlamentar afirma que os atuais programas do governo Temer, como as privatizações, precisam ser mais bem explicados

O deputado federal Hiran Gonçalves (PP) é o entrevistado desta quinta-feira, 31, na série de reportagens sobre o cenário político que a Folha está fazendo com os integrantes da bancada federal em Brasília.  Ele foi o único até o momento a se posicionar a favor do chamado “distritão” e disse que vê a mudança de forma positiva por se tratar de uma transição para o sistema distrital misto, que é o mais moderno que se utiliza no mundo, em termos eleitorais.

“Ele, a despeito da lista fechada, é mais fácil para que as pessoas entendam que é o candidato mais votado que se elege. A gente eliminaria aquele famoso efeito Tiririca e Russomano. Na coligação do PR, lá de São Paulo, por exemplo, o Tiririca, que tem mais de 1,5 milhão de votos, puxa mais quatro deputados, principalmente aqueles com aproximadamente 40 ou 50 mil votos, em detrimento de outros que tenham 400 ou 500 mil votos, que mesmo com essas votações expressivas não conseguiram se eleger”, disse.

Para o parlamentar, no sistema atual, a representatividade daquele com menor votação acaba se tornando muito desproporcional, o que não representa um segmento da população, se comparado aquele com maior aceitação. “Existem alguns questionamentos com relação à fidelidade partidária, que ainda precisam de correção no projeto de lei, mas que não mudam meu posicionamento favorável ao distritão”, complementou.

Sobre o fundo partidário, Gonçalves disse que se a sociedade não quer mais o financiamento privado de campanha, então é necessário que os políticos tenham uma fonte de algum lugar. “Porém, é necessário avaliar de onde tiraremos tal recurso para que possamos fazer campanha, evitando o caixa dois, a corrupção que acaba insistindo em existir nessas relações pouco republicanas entre o poder público, as empresas estatais e a política, como é vista atualmente em relação à operação Lava Jato”.

Hiran Gonçalves destacou que, na semana passada, foi feita uma sinalização importante, quando se acabou com a questão percentual de 05% da receita corrente líquida do País, que daria em torno de R$ 3,6 milhões destinados para o financiamento de campanha política.

“Depois ficou combinado que se discutiria sobre o assunto no orçamento para o próximo ano, que a meu ver foi evolutiva. O importante é que se tenha um modelo, pois estamos aproximadamente a um mês do limite de criar uma lei que vai regular as nossas eleições gerais em 2018, pois até o momento, ninguém sabe como acontecerá. Com isso, pode ocasionar o enfraquecimento das instituições, o que me deixa muito preocupado”, avaliou.

Sobre o cenário do Congresso nesse momento em relação ao presidente Michel Temer (PMDB), o parlamentar afirmou que ele ainda possui suas bases políticas “Como os grandes partidos o apóiam, são aliados importantes para que ele possa trabalhar tranquilamente com suas ações para o desenvolvimento do País”.

A respeito das reformas previdenciária e tributária propostas pelo governo, o parlamentar disse que não acredita que elas sejam discutidas neste ano ou no próximo. “São situações que envolvem perdas e o sacrifício da sociedade. Na minha opinião, o governo deve lidar com essa questão em um início de mandato, e não em final de gestão. Acredito que ninguém vai querer se expor no término de um mandato, principalmente aqueles que têm pretensões de candidatura ou reeleição. Ninguém vai querer encarar um tema que causa tanta controvérsia no país como a Reforma da Previdência”, frisou.

Na área econômica, Hiran Gonçalves afirmou que o Teto de Metas é uma questão que envolve a responsabilidade fiscal. “O governo tinha que sinalizar que tem transparência para aumentar, pois incorreria em crime de responsabilidade se não fechasse as contas no final deste e do próximo ano. Acredito que foi absolutamente necessário e tem que trabalhar para que seja diminuindo paulatinamente. Em minha opinião, tanto o mercado quanto a sociedade entenderam perfeitamente. É importante ressaltar que essa medida não foi criação desta gestão, pois é uma situação que já vem de mais de 12 anos de desequilíbrio das contas públicas”.

Para o parlamentar, é necessário que se tenha algumas gestões para que possa melhorar o déficit fiscal. “É preciso controlar as contas do governo para que se gaste menos, evitando desperdícios e comprar melhor. Desta forma, o novo governo com amplo apoio da sociedade, melhorará o déficit, aí poderemos tratar com as questões que envolvam a reforma da previdência”.

Sobre o programa de privatizações do Governo Federal que envolve principalmente a energia da Amazônia, o deputado Hiran Gonçalves afirmou que é necessária uma ampla discussão com a sociedade. “O governo tem que ser o mais transparente possível para discutir e colocar essa questão, pois se não estiver claro que uma privatização vai ser positiva para o país, a gestão não terá meu apoio. Caso contrário, algo que seja bem explicado, como sendo o melhor e moderno para a nação, conseguindo enxugar a máquina pública, que é grande, que as empresas estatais são mastodônticas, muitas vezes com suas administrações impregnadas com pouca tecnologia, neste caso eu votarei a favor. Porém, sempre é necessário analisar caso a caso, pois a intenção é não prejudicar os interesses do Brasil”, afirmou.

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