Cotidiano

Deputado defende realização de provas de concurso estaduais em Roraima

Para Joaquim Ruiz, candidatos devem vir ao Estado para participar de certame e disputar as vagas de trabalho

A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) aprovou por unanimidade na última quarta-feira, 15, o projeto de lei nº 015/2017 de autoria do deputado Joaquim Ruiz (PTN), que dispõe sobre realização de provas de concurso público para vagas no Estado sendo promovidas obrigatoriamente em Roraima.

Conforme o parlamentar explicou no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 19, a premissa é se adequar a uma realidade já aplicada nos demais estados do país e ampliar a igualdade na concorrência dos candidatos.“Os estudantes que fazem o curso de Direito aqui no Estado, por exemplo, viajam para outros Estados para fazer o concurso”, informou.

A ideia é regulamentar a realização de concursos públicos no Estado. “Por exemplo, recentemente o Ministério Público Estadual abriu um concurso para promotores com a possibilidade de realização de provas em Brasília e em São Paulo. Eu não conheço na história do Brasil nenhum Estado que tenha feito isso. O concurso público tem que ser feito aqui no Estado. Qualquer cidadão de qualquer local que queira fazer o concurso tem que vir aqui. Daqui a pouco, o sujeito passa na prova e não sabe nem onde é Roraima”, criticou o parlamentar.

“Com a sanção da lei, todos os concursos públicos do poder Executivo, do poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público do Estado e Tribunal de Contas terão que ter todas as etapas realizadas aqui no nosso Estado.

O concurseiro de Brasília, de São Paulo, do Paraná ou Mato Grosso, qualquer um que queira fazer concurso vai ter que fazer aqui no nosso Estado, como os nossos filhos, quando querem fazer para lá, que precisam viajar”, disse Ruiz.

O parlamentar defendeu ainda que, quando os roraimenses vão fazer concursos em outros estados, têm que arcar com todas as despesas, o que não vem ocorrendo em alguns certames realizados em Roraima.

“Não é justo que a gente abra oportunidade para os que mais têm e tire a oportunidade dos que menos têm. A partir do momento que você faz prova em Brasília e São Paulo, você tira a oportunidade dos que mais precisam. O que não pode é abrir um concurso para Roraima com prova em São Paulo, em que mais de cem mil advogados se inscrevam e venham tirar a vaga de um roraimense ou de alguém que escolheu Roraima para viver”, salientou o deputado.

Joaquim Ruiz pontuou ainda que o projeto não tenha a intenção de impedir que candidatos de outros estados disputem uma vaga em Roraima, mas que os concorrentes também invistam economicamente em Roraima,
“Eu não sou contra que alguém venha de fora, longe disso. O meu interesse é justamente que essas pessoas venham para cá, para os nossos restaurantes, nossos hotéis, pagar o táxi e outras despesas. Girar a nossa economia como os nossos concurseiros fazem fora do nosso Estado”, afirmou.

Ele finalizou revelando o projeto já está pronto para ser sancionado pela governadora Suely Campos e que espera que a resposta seja positiva. “A informação que eu tenho da Casa Civil é que a governadora vai sancionar em breve, por que beneficia a população do Estado”, concluiu. (P.C)

Concurseiros esperam que projeto seja sancionado

Os concurseiros aprovaram a ideia e esperam que o projeto vire lei. É o caso da estudante Ana Paula Cardoso. Para ela, se a vaga ofertada é destinada para o Estado, os interessados que moram em outras regiões devem se deslocar a Roraima para cumprir a prova e, assim, disputar de forma justa com os demais.

A estudante não acredita em desigualdade de ensino, mas considera que as pessoas que moram fora de Roraima têm um interesse maior nos concursos locais. “Tem muito concurso aqui. Parece mesmo que as pessoas de fora têm mais interesse porque muita a gente faz prova aqui. Mas, se as pessoas vão trabalhar em Roraima, elas precisam se dirigir ao Estado”, disse.

As estudantes Karine Ramalho e Marina Oliveira também aprovaram o projeto e acreditam na qualificação que o roraimense tem, não sendo necessária a aplicação de um concurso local em outras unidades da Federação. “É um absurdo a prova de um órgão de Roraima ser feita em outros Estados. Não é justo com o povo daqui. Muitas pessoas estão preparadas”, disse Marina.

Como professor de Gramática e filho de Roraima, Willer Lira afirmou ser a favor dos concursos destinados aos concorrentes do Estado, tendo em vista que é preciso valorizar, tanto o candidato, como o professor, a escola e tudo que pode ser relacionado à preparação do candidato às provas. Conforme relato, a oportunidade de outras unidades federativas em conseguir fazer a prova fora do Estado abre um leque que não costuma ser aprovado.

“Existem concorrentes que participam do certame, acabam conseguindo aprovação e tiram aqueles que tinham oportunidade de assumir e estavam no Estado. Dentre os fatores favoráveis a não permitir que as provas sejam feitas fora, eu considero a valorização dos profissionais e dos concorrentes às vagas que são do Estado”, ressaltou.

A professora Gracinara Teixeira também concordou com a aprovação do projeto. Segundo ela, o concurseiro que deseja realizar um concurso fora do seu Estado, deve se dirigir ao Estado em questão para fazer a prova. A professora defendeu que é preciso valorizar quem está em Roraima. Ela destacou o vestibular como um exemplo para falar da quantidade de pessoas que vêm a Roraima para realizar provas. No vestibular, o curso de Medicina é o principal alvo.

Gracinara relatou que, fora do Estado, muitas pessoas ainda acreditam que o vestibular local é mais fácil que em outros locais. Contudo, ela explicou que várias estudantes de Roraima também já se deslocaram a outras cidades a fim de fazer prova. “Quando o concurseiro quer, ele sai da cidade para realizar a prova. A aprovação é uma forma de valorizar quem está aqui há muito tempo, sendo roraimense ou não”, finalizou. (A.G.G)