Política

Deputados vão à Pamc para verificar situação depois do massacre de presos

Falta de prioridade do Governo do Estado em não destinar recursos para formar e equipar o setor de segurança foi um dos motivos apontados pelos deputados

Depois do anúncio do massacre ocorrido na madrugada desta sexta-feira, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona rural de Boa Vista, que resultou na morte de 31 detentos, parlamentares estiveram no local para acompanhar de perto a apuração dos fatos. Os deputados estaduais que estiveram na Pamc foram o vice-presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), Coronel Chagas (PRTB), e os deputados George Melo (PSDC) e Chico Mozart (PRP).

Coronel Chagas reconheceu a cena como uma barbárie e destacou o trabalho dos profissionais da Segurança Pública, como Policiais Civis e Militares, agentes penitenciários e da criminalística, que atuaram desde o início da manifestação. “São heróis, somente pessoas gigantes suportam a pressão que eles estão suportando”, enfatizou.

Ele atribuiu a situação à falta de prioridade do Governo do Estado em não destinar recursos para formar e equipar a segurança. Segundo comentou, “quando se controla o sistema prisional, se controla a segurança pública. Quando se perde o controle verifica-se nas estatísticas o aumento no índice de criminalidade da cidade.

Chagas lamentou que o Governo do Estado tenha perdido a gestão sobre  o Sistema Prisional e de ter passado dois anos com um secretário de Justiça e Cidadania na administração da Pasta, sem ter condições e conhecimento de gerência da Sejuc. “Uma pessoa estranha na Segurança Pública”, enfatizou.

Para ele, o Estado precisa rever as prioridades de investimento e oferecer mais condições estruturais e humanas de trabalho aos profissionais ligados diretamente ao Sistema Prisional em Roraima e isso significaria mais armamentos, capacitações e melhorias na estrutura.

Como vice-presidente, Chagas lembrou da contribuição do parlamento com a autorização do Orçamento e aprovação de emendas com destino de recursos para as polícias e instituições, além do andamento dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Prisional.

O deputado Chico Mozart faz parte da CPI e falou que as denúncias recebidas estão em processo de análise pelo grupo que tem como principal meta apurar as falhas do Sistema. As condições inadequadas das Unidades, conforme Mozart, “contribuiu muito para essa barbárie que aconteceu hoje”, lamentou.

O líder do G13 na ALE, deputado George Melo, diversas vezes criticou a falta de gestão dos recursos nos setores estaduais. Para ele, o governo passou dois anos em omissão aos problemas penitenciários. “O Estado precisa fazer uma gestão de responsabilidade, tem que olhar pra essas pessoas que estão pagando suas penas com respeito”, falou.

Melo questionou o que é feito com os recursos. Segundo ele, ao contrário do Executivo realizar licitações, opta por contratos emergenciais. “Tenho batido constantemente nessa tecla. O Ministério Público Estadual, o Tribunal de Contas e o Ministério Público de Contas não podem mais aceitar esse tipo de situação”, declarou.

GOVERNO – O Governo de Roraima, por meio de nota, explicou que vem, desde 2015, adotando uma série de medidas para combater o descaso e o abandono de 10 anos no sistema prisional, segundo ele, a principal causa da barbárie enfrentada hoje. “Em respeito às famílias das vítimas e ao povo de Roraima não vai polemizar uma questão grave, cuja solução passa, inexoravelmente, pela interferência de todos os poderes, inclusive dos parlamentares, que não destinaram emendas para melhorias no sistema”, concluiu a nota.