Cotidiano

Desperdício de água potável chega a 59% em Roraima

Vazamentos, ligações clandestinas e uso irregular de água favorecem para o aumento do número

Um estudo feito pelo Instituto Trata Brasil, que desenvolve trabalhos para qualidade de saneamento básico, mostrou que em 2016 o número de desperdício de água potável em todo país chegou a 38%, o que equivaleria a sete mil piscinas olímpicas. Esse percentual tem aumentado consideravelmente. O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostrou também que de 2015 para 2016 o aumento foi de 1,1% no número de perdas na distribuição de água.

Em Roraima os números também são alarmantes. De acordo com o presidente da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caerr), Danque Esbell, anualmente, 59% da água é desperdiçada. Isso ocorre por alguns fatores muito conhecidos, como casas sem hidrômetro, número elevado de ligações clandestinas e vazamentos de redes.

Para tentar reduzir esse percentual, o presidente afirmou que a empresa adquiriu novos equipamentos para facilitar a identificação dos problemas. “Estamos realizando vários estudos. Para atender de uma maneira mais rápida os vazamentos, adquirimos 20 mil hidrômetros e esse ano mais 20 mil, além de equipamentos que conseguem identificar gato sem necessidade de escavar”, afirmou.

Dentro destas providências estão também a realização de balanços hídricos para localizar os bairros da cidade que precisam de melhorias na distribuição, ou seja, pontos que recebem muita pressão de água e podem acarretar em um cano estourado.

O presidente ressaltou que a Caerr também realiza projetos socioambientais para que a população tenha mais consciência e evite o desperdício de água. Para ele, essa participação é fundamental para que as ações comecem a dar resultados, pois os impactos financeiros são incalculáveis.

“Que as pessoas não desperdicem lavando calçadas, carros, dar atenção a vasos sanitários e torneiras ligadas, por exemplo. Tem muitas pessoas que quando vão tomar banho não desligam o chuveiro ou deixam a torneira ligada quando vão lavar a roupa. Isso tudo é o que faz crescer esse número. É um número que a gente tem procurado combater, mas é importantíssima a participação da população para que a gente consiga os resultados”, frisou.

PREJUÍZOS – O número assusta, mas conforme explicou Danque, na região Norte os indicadores são bem desfavoráveis por uma questão cultural. Segundo o presidente da Caerr, muitas pessoas acreditam que, por morarem na Amazônia a água é mais abundante, e é quando praticam o desperdício. A meta atual é para que esse número seja reduzido em 5% e que posteriormente venha diminuindo conforme os trabalhos aplicados.

Fora os problemas financeiros, é importante dar atenção para os impactos ambientais que o desperdício de água potável representa. “A gente vê que a água não é um bem renovável que nem as pessoas achavam. Vários estados brasileiros que tinham muita água hoje já passam por racionamento. E isso ocorre porque a tendência da população é aumentar. É um trabalho que temos priorizado”, finalizou.