Política

Disputa pela Mesa do Senado será o principal assunto na volta do recesso

A senadora Ângela Portela foi a única parlamentar de Roraima que se pronunciou sobre o assunto e disse que não tem candidato

O processo sucessório no Senado e na Câmara será de grande importância para o país. No Senado, o quadro é de relativa tranquilidade, com franco favoritismo do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), aliado do atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A complexidade e polêmica resumem as duas principais peças legislativas do ano que se inicia: a reforma da Previdência e as alterações na legislação trabalhista. As duas matérias são importantes para o Planalto.

Mesmo com três baixas nos últimos dois anos, o PT segue como a terceira bancada, com 12 senadores. A bancada perdeu Delcídio do Amaral (MS), que deixou a sigla depois de ser preso e antes ainda de ser cassado por quebra de decoro, Walter Pinheiro (BA), que está licenciado e comanda a Secretaria de Educação da Bahia, e Marta Suplicy (SP), que se transferiu para o PMDB.

Com o acordo envolvendo quase todas as legendas para a escolha de Eunício como novo presidente do Senado e a distribuição proporcional dos demais cargos da Mesa Diretora, segundo a proporcionalidade do tamanho das bancadas, os petistas teriam direito a uma vaga na direção da Casa. O PT já decidiu que esse cargo será ocupado por José Pimentel (CE), no lugar de Jorge Vianna (AC), em um rodízio já previsto entre os petistas há dois anos. O PT também ocupa a quarta secretaria com Ângela Portela (RR), escolhida quando a bancada tinha 15 parlamentares.

Em entrevista à Folha, a senadora Ângela Portela disse que está tendenciosa a não apoiar a candidatura de Eunício. “Somos cinco senadores que estamos tendenciosos a não aceitar na bancada a ideia de apoiar a candidatura” explicou, acrescentando que no dia 1º de fevereiro haverá reunião preparatória para a eleição da Mesa Diretora.  “Vamos definir nessa reunião o nosso candidato. Existe toda essa movimentação pela candidatura do PMDB, mas por todo histórico do partido, que ajudou a tirar a Dilma da presidência participando do golpe, vamos discutir na bancada e definir uma decisão conjunta”, frisou.

O PMDB tem 19 senadores e está negociando a filiação de três novos congressistas – Davi Alcolumbe (AP), que sairia do DEM, Elmano Ferrer (PI) e Zezé Perrella (MG), que pretendem deixar o PTB. Com 12 componentes e a segunda maior bancada, o PSDB tenta atrair Lasier Martins (RS) e Telmário Mota (RR). Os dois entraram em litígio com o PDT depois que votaram a favor do impeachment da ex-presidente Dilma e da emenda que limita os gastos da União.

Lasier se antecipou ao processo de expulsão e se desfiliou da sigla. A Executiva do partido resolveu na terça-feira expulsar Telmário. Mas a decisão precisa ser referendada pelo diretório nacional em março.

Caso as duas filiações se concretizem, o PSDB passará a ter 14 senadores, o que lhe garantiria folga na condição de segunda maior força no Senado – hoje está empatado com o PT. Essa nova configuração das bancadas só reforça a candidatura do atual líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), até agora único concorrente à presidência da Casa na eleição interna marcada para o dia 2 de fevereiro.

O troca-troca de legenda envolve até mesmo senadores licenciados para ocupar cargos de ministros, como Blairo Maggi (MT). Ele negocia trocar o PP pelo PMDB quando deixar o cargo no Executivo e retornar ao Senado.

Para ter um maior controle da direção do Senado, Eunício negocia a indicação de um petista para o cargo de primeiro-secretário, cargo responsável pelo funcionamento da estrutura do Senado, uma espécie de prefeito da Casa. A preferência do líder do PMDB é que o posto seja ocupado por um senador petista para não dividir poder com os tucanos. O cargo de primeiro-secretário é o segundo mais poderoso do Senado e, pela proporcionalidade do tamanho das bancadas, caberia ao PSDB. O tucano cogitado para o cargo é o líder da bancada licenciado Cássio Cunha Lima (PB). Hoje a função é exercida pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO).

OUTROS SENADORES – A Folha entrou em contato com os senadores Thieres Pinto (que assumiu no lugar de Telmário Mota, que se licenciou) e Romero Jucá, mas nenhum deles se pronunciou sobre o tema.