Política

Disputa pela presidência da Câmara Municipal pode dividir base aliada

Os vereadores ensaiaram a posse nesta quinta-feira, 29, e conversaram com a Folha

Na Câmara de Vereadores de Boa Vista, a prefeita Teresa Surita (PMDB) vai começar 2017 com um conflito na própria base aliada. A disputa pela presidência da Câmara de Vereadores segue acirrada, com três dos candidatos pertencentes ao grupo político do Executivo. A briga pelo comando da Casa pode deixar fissuras na relação entre os aliados, colocando em xeque o andamento dos projetos que devem ser aprovados pelo grupo governista.

Efetivamente, segundo parlamentares ouvidos pela Folha, as negociações para os cargos na Mesa Diretora seguem mesmo nos bastidores, o que pode dirimir conflitos e agregar interesses. Alguns reportaram que chegaram a receber ofertas de natureza econômica para posicionarem-se ao lado de alguns dos candidatos na disputa pela presidência. “A pressão econômica está forte, e todos receberam propostas ou ouviram falar delas. Tem gente que começará 2017 com lucro”, disse um dos parlamentares à Folha, pedindo sigilo do nome.

Segundo esse parlamentar, a questão envolve principalmente a disputa pelo poder entre o Executivo Estadual e o Executivo Municipal. “Quem tiver a presidência, tem poder de aprovar ou vetar projetos de interesses tanto do Município quanto do Estado. Então assessores estão visitando a Câmara e conversando de forma sigilosa com os vereadores”, comentou.

Um dos candidatos não oficiais é o vereador Idázio da Perfil (PP), mas a Folha não conseguiu contato com ele para falar sobre a eleição. Em ampla movimentação para angariar votos, o atual líder da prefeita na Casa, vereador Mauricélio Fernandes, disse contar com apoio de vários parlamentares e fala de harmonia na disputa. “Eu me sinto preparado para disputar a presidência e estive conversando com os vereadores que se elegeram e com os novos e recebi muito apoio”, explicou.

O parlamentar acredita que com a experiência que tem no legislativo e o fato de ser líder da prefeita Teresa Surita conta pontos a seu favor. “Sou do PMDB e sou líder da prefeita, então o apoio está tranquilo. Acho que, independente de quem ganhar, será da base e estaremos bem representados. Não vou me eximir da responsabilidade e estou disposto a assumir a Casa e a coordenar o Legislativo de forma transparente e harmônica para dar garantias de tranquilidade na Câmara”, assegurou.

Outro candidato ao cargo, o vereador reeleito Renato Queiroz (PSB), afirmou estar melhor preparado para assumir o posto. “O que levou a nossa candidatura é acreditar que administrativamente estou preparado para lidar com os desafios que a Câmara necessita em 2017 para fazer esse reencontro com a população com sobriedade e baseado no que diz a Lei Orgânica Municipal e a Câmara Federal”, disse.

Queiroz explicou que pretende fazer uma gestão respeitando o Regimento Interno da Casa, o decoro e as leis que regem os parlamentares. “Tenho certeza que irei representar bem a população e meus colegas, pois tenho conhecimento de como deve ser conduzida a Câmara e quais os anseios em relação aos vereadores. Conversei com vários colegas, recebi apoio e estou confiante na vitória”, afirmou.

O vereador Zélio Mota (PSD), também da base aliada, disputa a vaga. “Estou colocando meu nome à disposição dos colegas e conversando com todos para tentar levar transparência para a Mesa Diretora e quero fazer uma administração sólida e coesa. Vamos participar de um processo democrático de escolha, e se houver consenso, vou disputar com tranqüilidade. Se não houver consenso, vou fazer composições. Quem tem transparência, tem vida política longa”, garantiu.

O vereador Manoel Neves (PRB) foi o único dos candidatos que confirmou sua candidatura em plenário de forma oficial, mas explicou, em entrevista à Folha, que desistiu da disputa. “Não era o meu momento. Melhor dar um passo atrás e avançar de forma mais firme em um momento mais adiante”, disse.