Política

Em artigo na Folha de S.Paulo, Suely ressalta impactos da crise migratória

Em artigo publicado na edição desse domingo, 6, no Jornal Folha de São Paulo, a governadora Suely Campos destacou os impactos gerados nos serviços públicos locais pela chegada em massa de venezuelanos. 

“Se o Brasil quer lidar de forma correta com a crise humanitária na fronteira, precisa ouvir mais os roraimenses”, disse a chefe do Executivo ao mencionar os reflexos da crise humanitária provocada pela imigração desordenada.

Segundo a governadora, a maioria dos venezuelanos que chega ao Estado é totalmente dependente de amparo do poder público. “Nenhuma cidade, Estado, ou País está preparado para suportar um acréscimo populacional repentino”, disse Suely Campos.

No artigo ela reforça que cerca de 50 mil venezuelanos chegaram ao Estado nos últimos três anos, o que representa 10% da população local, estimada em 522 mil habitantes, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Essa entrada em massa tem reflexos importantes em setores considerados essenciais: saúde, segurança e educação. De acordo com Suely Campos, no setor da educação, houve aumento de 400% do número de estrangeiros matriculados em escolas públicas, com um custo médio de R$ 5.159,19 por aluno.

Os atendimentos em saúde são outra preocupação da governadora. Dados da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) indicam que o registro de atendimentos a estrangeiros nos postos de saúde do Estado, desde 2014, saltou de 766 para 50.286. Um aumento de 6.500%, e custo adicional de R$ 70 milhões. “Estado não suporta a demanda”, ressaltou.

Ainda segundo ela, a onda imigratória trouxe epidemias, especialmente o sarampo, doença erradicada no Brasil desde 2001. Já são 300 casos notificados e três mortes registradas em Roraima.

“Cerca de 700 imigrantes entram diariamente no Estado sem nenhum tipo de controle sobre documentos, antecedentes criminais ou um simples Cartão de Vacinação”, afirmou. A falta de controle resultou também no crescimento da violência. “Houve aumento de 173% dos crimes envolvendo estrangeiros nos últimos dois anos. A fronteira livre e o grande fluxo favorecem a entrada de drogas, de armas e de bandidos, que aproveitam para se infiltrar entre o grande número de refugiados”, frisou a governadora.

“Brasília não entendeu o tamanho da crise, porque a crise reside em Roraima e muito pouco avança de nossas divisas”, afirmou Suely Campos e cobrou mais ação do governo federal. “Em todo esse tempo, o único repasse específico feito ao Estado de Roraima foi de R$ 480 mil, em 2017, para a compra de alimentos e de gás para os abrigos. Esse valor não representa, sequer, o gasto mensal com a manutenção dos espaços”, disse.

“Somos o Estado menos populoso do País, com uma economia ainda em formação, e que registra o menor PIB (Produto Interno Bruto) entre as unidades Federativas. A Constituição Federal é taxativa ao atribuir à União a responsabilidade pelo controle das fronteiras, seja ele policial, de saúde ou sanitário; e pela política de imigração, em particular, quando se trata de refugiados”, afirmou, reforçando a necessidade de ações mais efetivas do governo federal para solução da crise causada pela migração em Roraima.