Cotidiano

Empresários denunciam favorecimento de serviço funerário pelo setor público

Denunciantes afirmam que empresa contratada pelo governo para atender apenas famílias de baixa renda estaria sendo beneficiada

Donos de funerárias da Capital procuraram a Folha para denunciar que a Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) estaria favorecendo uma funerária contratada pelo Governo do Estado. Conforme os denunciantes, a funerária que deveria receber da Setrabes somente as famílias em situação de vulnerabilidade financeira estaria atendendo todos os casos.

Um dos donos, que pediu para não ser identificado, afirmou que na quinta-feira passada, 08, chegou a fechar um serviço no valor de R$1.200,00 com uma família que alegou ter condições de pagar. No entanto, o óbito foi passado para a funerária contratada pelo governo. O empresário atribuiu esse favorecimento aos profissionais de assistência social do Hospital Geral de Roraima (HGR), onde ocorre a maioria dos óbitos.

Segundo o denunciante, as funerárias estão proibidas de entrar no hospital. “Fomos chamados por uma assistente social, que disse que tem uma lei que proíbe a nossa entrada no hospital, mas eu procurei e ainda não achei nada”, disse. Outro empresário dono de funerária, que também pediu para não ser identificado, disse que vai levar o caso aos órgãos competentes e frisou que, se o Estado não tomar as providências para mudar a situação, as funerárias vão paralisar as atividades por 48 horas.

 “Acho que o Estado precisa tomar providências. Se for só pela Setrabes, não precisaremos mais trabalhar. Está havendo um favorecimento”, frisou o denunciante ao ressaltar que já perdeu casos junto a famílias que tinham condições de pagar pelo sepultamento, mas que foram encaminhadas para Setrabes pelo serviço social do HGR. (A.G.G)
 
Sesau afirma que famílias têm liberdade na escolha do serviço

A respeito da denúncia sobre manipulação de óbito por parte do Estado, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que, quando há uma morte por causas naturais, no Hospital Geral de Roraima (HGR), é realizado o acolhimento das famílias por uma equipe composta por médico, psicólogo e assistente social e que, durante as orientações, os familiares são informados de que é livre a escolha do serviço funerário.

Conforme destacou, apesar de haver empresas de plantão para prestar o serviço, os familiares têm livre arbítrio para escolher a funerária de sua preferência. Nos casos em que as famílias não possuem condições financeiras para arcar com os procedimentos fúnebres, a Sesau informou que o setor orienta sobre a existência do auxílio funerário concedido pela Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes).  Nestes casos, o Núcleo de Serviço Social do HGR realiza uma entrevista social com os familiares e elabora um estudo de caso. Caso necessário, o serviço é liberado.

HGR – O diretor administrativo do HGR, Raimundo Nonato Santos, explicou que as empresas funerárias, por meio do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços Funerários do Estado de Roraima (Sindeferr), estão cientes de que não há necessidade de entrar na unidade para oferecerem seus serviços.

“As funerárias já foram comunicadas de que não há necessidade de entrarem na unidade e muito menos de fazerem abordagem aos familiares fragilizados pelo momento da perda. Caso isso ocorra, vamos tomar as devidas providências junto ao sindicato para evitar transtornos e incômodo às famílias”, frisou.

OUVIDORIA – A Sesau afirmou que, até o momento, não existe nenhuma reclamação formalizada quanto à atuação dos servidores no HGR. Em caso de qualquer insatisfação, destacou que é necessária a formalização de uma denúncia que, por se tratar de servidores públicos, pode ser feita na Ouvidoria Geral do Estado, as quais serão prontamente averiguadas. (A.G.G)
 
Funerária contratada pelo governo nega favorecimento

A responsável pela funerária contratada pelo Governo Estado negou o favorecimento apontado na denúncia por empresários do setor. Explicou que, há cerca de um ano, a empresa ganhou a licitação proposta às funerárias e que, à época, apenas três empresas participaram do certame por apresentarem a documentação necessária em dia.

“Não existe benefício. Todos tiveram direito de participar. A licitação foi aberta para todo mundo”, destacou a responsável pela funerária. Ela disse que o trabalho realizado é regido pelo contrato, no qual consta que o atendimento é direcionado às famílias de baixa renda. Afirmou que os casos encaminhados pelos profissionais de assistência social são de vulnerabilidade comprovada e, na maioria deles, os óbitos são de pessoas aposentadas e sem renda fixa. (A.G.G)