Cotidiano

Escultor se torna empresário e passou a lucrar transformando madeira em arte

Há mais de 15 anos no ramo de obras, empresário superou vício das drogas e a falta de incentivo financeiro para se tornar artista plástico de sucesso

De dependente químico a artista plástico de sucesso. A vida do empresário Discípulo Rodrigues, de 43 anos, poderia ser como a de tantas outras pessoas que se entregam para o mundo das drogas e não conseguem mais sair. Mas foi por meio da arte esculpida em madeira que ele soube dar a volta por cima e hoje lucra com a confecção de móveis rústicos e peças artesanais.

Antes de iniciar o negócio, em 2001, o empresário trabalhou como desenhista em uma escola de samba. A experiência com os traços e o incentivo de um amigo o fez abrir uma pequena oficina, onde começou a transformar madeira em verdadeiras obras de arte.

“Eu era dependente químico e estava no fundo do poço, sem opção e perspectiva de vida. Eu fazia umas pinturas comerciais e um amigo meu artista plástico me ajudou e me incentivou na área da madeira, pois ele acreditava que isso ia dar certo. Hoje trato a confecção como um sonho”, disse o empresário.

Aos poucos, o negócio acabou se tornando rentável e a oficina virou uma pequena fábrica de móveis personalizados e esculturas. Ali o artista confecciona painéis, esculturas, mesas, cadeiras, pilão, placas, troféus e até mesmo animais entalhados, todos ao gosto do cliente, que pode escolher diversos tipos de temas, como fauna, flora e country.

“A ideia é que não seja apenas marcenaria. Nós trabalhamos também com material reciclado, algumas madeiras vêm do interior e não fabricamos nada industrializado. O que confeccionamos aqui são móveis esculpidos e rústicos e animais entalhados, tudo feito como verdadeira obra de arte”, destacou Rodrigues. (L.G.C)

Sem incentivo, empresário apostou no dom e lucra R$ 5 mil por mês

Nem mesmo a falta de incentivo financeiro foi suficiente para que o empresário deixasse de apostar no dom que tinha em transformar madeira em obra de arte. “Tudo começou aos poucos, sem nenhum recurso e incentivo financeiro, mas com a fé e força de vontade de vencer”, disse.

Ele iniciou o negócio com pouca estrutura e, aos poucos, viu o trabalho crescer. “Hoje consegui ter uma estrutura básica para trabalhar. Eu comecei com apenas três máquinas, mas consegui comprar o terreno e fui trabalhando e construindo as coisas tudo devagar, com muita dificuldade. Montei o galpão que levou quase um ano para ser concluído, o que fez com que pudesse aumentar minha produção”.

O artista disse que o trabalho é único e que, com isso, conquistou clientes de diversos ramos e setores. “Eu vendo muitas obras para militares do Exército e fazendeiros. O engraçado é que às vezes o cara quer comprar só uma placa da fazenda e acaba levando banco, cadeiras e outros produtos. Alguns dos meus clientes são integrantes do Centro de Tradições Gaúchas [CTG], além das igrejas, que são grandes consumidoras das minhas artes”, ressaltou.

Conforme Discípulo, o custo de um banco personalizado em madeira sai, em média, por R$ 1,2 mil. “Eu levo muito em consideração a questão da mão de obra, da criatividade. As pessoas pensam que estão comprando apenas um banco de madeira, mas eu não vendo madeira, vendo arte. Um banco desses em outros estados custa em média de R$ 5 mil. Aqui, em Boa Vista, não sei se tenho concorrentes, não vejo um banco desses em lojas e outros lugares”, afirmou.

Com o trabalho árduo e único, o ex-dependente químico conseguiu sair do fundo do poço e lucrar, por mês, cerca de R$ 5 mil. “É claro que depende muito da demanda. Às vezes eu vendo e outras vezes nem tanto. Eu fecho o mês com cerca de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Eu produzo uma média de três a quatro bancos por semana. As esculturas de animais dão mais trabalho porque possuem mais detalhes e assim vão se diferenciando”, frisou. (L.G.C)

Parceria com madeireiras e até com clientes são fundamentais

O empresário Discípulo Rodrigues explicou que, para conseguir produzir em larga escala, tem parcerias com madeireiras locais e até mesmo com clientes, que levam o principal insumo para que o artista o transforme em obras de arte.

“Às vezes, os clientes trazem a madeira e eu abato no preço e dou o desconto. Geralmente, quem traz quer desconto no preço. Tem as madeiras que eu compro o material todo certificado, às vezes o cliente quer um painel maior e levo em serrarias que fazem a medição e cortam para mim”, explicou.

Todas as madeiras usadas para as confecções das peças são legalizadas e da melhor qualidade. “A madeira é certificada. Utilizo a espécie angelim pedra, que é mais resistente e apropriada para esse tipo de arte”, frisou.

A fábrica de móveis personalizados e outros produtos em madeira que são produzidos pelo artista plástico e empresário, fica localizada na Rua Raimundo Rodrigues Coelho, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste de Boa Vista. As obras podem ser solicitadas pelo fone 99110-8712. (L.G.C)