Cotidiano

Estado está em guerra contra o crime organizado, afirma secretário da Sejuc

Em entrevista coletiva, autoridades falaram das ações para desarticular as facções criminosas que atuam em Roraima

Em entrevista coletiva realizada na manhã de ontem, 31, o secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), coronel Ronan Marinho, ressaltou que as instituições de segurança pública estão preparadas para responder qualquer ofensiva vinda do crime organizado. “Nós estamos em uma guerra declarada contra essas pessoas, e sabemos que existe muita gente fora do sistema prisional que está cooperando com isso”, disse.

Segundo ele, já houve prisões em outras operações, inclusive com o apoio da Polícia Federal, e outras pessoas deverão estar em breve atrás das grades. “Aqueles que se deixam induzir como ‘inocente útil’, que está cooperando com essas ações criminosas, vão ser alcançados. O Estado vai pegar essas pessoas e, se houver confrontação, nós vamos com tudo para cima deles, porque a polícia defende a sociedade, o cidadão de bem”.

A declaração do secretário é em resposta às informações de que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) promoveria uma série de mortes em alusão às comemorações de seu aniversário de criação. Além de Ronan Marinho, participaram da coletiva a titular do Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD), delegada Mirian Di Manso, a delegada-geral da Polícia Civil, Edinéia Santos Chagas, o diretor da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), coronel Cledemar Félix, e o delegado-geral de Homicídios (DGH), Cristiano Camapum.

Durante os dois últimos dias do mês de agosto, a Sejuc, em conjunto com as polícias Civil e Militar, promoveu uma grande operação que resultou na apreensão de materiais na Pamc, localizada na zona rural de Boa Vista. “Essa operação teve como objetivo neutralizar qualquer possibilidade de tentativa de crimes praticados por facções criminosas contra integrantes presos no sistema prisional. Também esses grupos estariam se comunicando com pessoas fora do sistema prisional para cometer crimes. É um trabalho que exige todo um preparo e articulação entre setores da Segurança Pública, para termos de fato êxito nessa questão do crime organizado”, destacou o secretário.

Na operação, foram utilizados mais de 150 agentes, resultando na apreensão de 100 armas de fabricação artesanal e 20 celulares, além de farto material com anotações relacionadas à articulação das facções criminosas que atuam dentro e fora das unidades prisionais do Estado.

“Todo esse material passará por uma triagem do Setor de Inteligência da polícia, para que sejam identificados e responsabilizados os donos dessas anotações”, complementou o diretor da Pamc, coronel Cledemar Félix.

Ação também tenta localizar sete presos dados como desaparecidos

Outra finalidade da operação na Penitenciária de Monte Cristo foi facilitar as investigações por parte da Polícia Civil, no que diz respeito ao desaparecimento de sete presos daquela unidade. O fato teria ocorrido nos dias 23 e 24 de abril. Para auxiliar nesse tipo de trabalho, cães farejadores do Canil da PM do Amazonas foram utilizados, conforme destacou a delegada do Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD), Mirian Di Manso.

“O inquérito continua tramitando no NIPD, as diligências na parte externa da Cadeia Feminina e da PAMC foram realizadas com o intuito de verificar se realmente há alguma consistência nas denúncias sobre o desaparecimento desses sete presos que teriam sido mortos e enterrados. Os trabalhos foram concluídos na quarta-feira, 30. Esses corpos não foram localizados. Então, nós vamos aguardar novas informações para que as investigações prossigam até termos a certeza do paradeiro dessas pessoas”, salientou.

Edital para novo presídio é publicado e obras prosseguem em Rorainópolis

Além dos dados da operação, o titular da Sejuc, Ronam Marinho, falou a respeito do andamento do processo para a construção do presídio de segurança máxima que será construído próximo à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).

Segundo ele, o edital que dá início à concorrência pública para a construção da unidade foi publicado na edição de ontem do Diário Oficial. Com isso, o Estado terá prazo de 45 dias para escolher a empresa que construirá no novo presídio, que terá capacidade para abrigar 286 presos do regime fechado.

“Nós ficamos felizes com a abertura desse edital justamente porque a construção desse presídio sinaliza um novo momento no sistema prisional de Roraima. Com isso, nós vamos ampliar a oferta de vagas e ter condições de segregar os presos por regime de cumprimento de pena, melhorando a gestão da Sejuc, no sentido de equilibrar o custo do preso em face do nosso orçamento”, salientou.

Outra obra que deverá minimizar a problemática do sistema carcerário local é a do presídio do Município de Rorainópolis, no sul do Estado. A obra foi retomada recentemente e deverá ser finalizada até o final desse ano. “Todas as licenças foram retiradas e a empresa está lá dando prosseguimento aos trabalhos. Nós vamos a cada 15 dias visitar o local, acompanhar de perto o que está sendo feito. Essa é mais uma boa notícia, porque essa unidade é fruto de um convênio de 2006 com o Depen [Departamento Nacional Penitenciário], sendo mais antigo dos acordos firmados e que estava paralisado e que nós tivemos a satisfação de colocar em dia, com a ajuda oportuna e fundamental da Seinf [Secretaria Estadual de Infraestrutura], que não nos faltou em apoio para que pudéssemos concluir esse presídio, que deverá ser finalizado até dezembro”, frisou. (M.L)