Política

Executivos não estão preparados para receber recursos federais, diz Telmário

Senador licenciado criticou tanto a administração estadual como as municipais

A primeira edição do programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020 AM, ocorreu no domingo, 8, e contou com a participação do senador Telmário Mota (PDT/RR), que comentou, entre outros assuntos, sobre a sua licença do cargo, investimentos e sobre os planos para o Estado em 2017.

De acordo com o parlamentar, a seu ver, Roraima não deveria estar com a mesma intensidade de crise que o resto do País por conta da dependência do Estado com o setor público, que continua recebendo recursos federais. “O Estado de Roraima nem deveria ter passado por determinadas crises porque a fonte econômica do nosso estado é o contracheque, é recurso federal. Roraima não vive da indústria, não vive do comércio, então a maioria é recurso federal, seja ele de repasse obrigatório, seja ele de emenda adquirida”, comentou.

Para Telmário, o que ocorre é um problema na hora de aplicar os recursos que chegam ao Estado e aos municípios. “Os recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM) estão sempre crescendo, então eu acredito que seja mais um problema de gestão”, afirmou o senador.

Para exemplificar a questão, Telmário revelou que enviou uma série de recursos que, segundo ele, foram encaminhados ao Estado e Município, e que não puderam ser aproveitados para investimentos. “Eu aloquei uma emenda para a Companhia Energética de Roraima (Cerr) e não se teve capacidade de gerenciar. Perdeu R$ 8,5 mi. Eu coloquei R$ 3 mi para a governadora [Suely Campos] investir em tratores, ela não teve a capacidade de gerenciar e perdemos. Coloquei mais R$ 3,7 mi para eletrificação e perdemos. Coloquei R$ 12 mi para a Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Humanos (Femarh) fazer o cadastro rural, tomara que não percam. Trabalhei muito nessas emendas. Eu tenho colocado recursos no Governo do Estado, em todos os sentidos. Agora, pensa em um governo incompetente que não saber fazer projeto para as coisas acontecerem!”, criticou.

Conforme Telmário, a postura das administrações municipal e estadual dificulta o seu trabalho no Senado Federal. “Agora eu consegui R$ 20 mi para trazer para o Estado de Roraima. Cacei entre os municípios e não tinha nenhum para receber. O município que conseguiu foi o Bonfim, que vai receber R$ 3 mi para a recuperação de praças e compra de tratores e caminhões. É muito difícil trabalhar nesse sentido. Os órgãos daqui – as prefeituras e Governo – não estão nem preparados para receber dinheiro. Isso é fato!”, acredita o senador.

LICENÇA DO CARGO – Ainda durante o Agenda da Semana, o senador Telmário tratou sobre o licenciamento do cargo por quatro meses, momento em que será substituído pelo seu suplente, Thieres Pinto, até abril. O motivo do licenciamento foi a necessidade de estar mais próximo da população. “Como eu moro em Roraima, eu chego sexta-feira, ao meio-dia, aqui e volto no domingo à noite a Brasília. Dos sete dias da semana, eu passo dois dias em Roraima e esses dois dias são insuficientes para saber qual a necessidade, a demanda dos municípios”, revelou.

“Agora é um momento de recesso, então, nesses quatro meses eu vou poder andar por todo o Estado de Roraima. Começo dia 16 de janeiro por Pacaraima e vou passar cinco dias em cada município, andando em todas as localidades, para poder levantar essa demanda e fazer os investimentos necessários”, acrescentou o senador.

Telmário não descarta candidatura ao Governo em 2018

O senador licenciado Telmário Mota comentou ainda sobre a possibilidade de candidatura ao Governo do Estado em 2018, uma vez que a licença de quatro meses indicaria um fortalecimento junto à sua base eleitoral. O senador não negou a probabilidade, porém reforçou que a licença seria um momento para avaliação. “Vou fazer uma reflexão, vou andar agora em todas as localidades desse Estado, ver o que o povo quer para ver se realmente é lançada uma candidatura. Não descarto”, revelou.

Já sobre uma possível saída do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Telmário confirmou que realmente houve um descontentamento com a postura do partido, que, segundo ele, pouco investiu nos candidatos para vereador e prefeito na última campanha eleitoral, em 2016.

“Roraima recebeu apenas R$ 50 mil para ajudar na campanha de todos os candidatos, em todos os municípios, quando outros partidos investiram milhões. Eu falei para o Lupi [Carlos Lupi, presidente do PDT] que eles estavam preocupados só com as eleições em outros estados. Nós estamos debatendo, eu também não aceito as coisas de cima para baixo. Tem realmente o convite de outros partidos, mas estamos conversando. A minha vontade não é essa [de sair do PDT], mas também não vou aceitar imposição do partido quando o partido não está cumprindo a sua parte”, afirmou Telmário. (P.C)