Facção criminosa ordenou ataques de dentro da PAMC

A noite do domingo, dia 29, e a madrugada de ontem, dia 30, foram marcadas por uma série de atentados criminosos ao patrimônio público. As ocorrências aconteceram simultaneamente em diversos bairros de Boa Vista e em três cidades do interior. A ordem para a execução dos crimes partiu de um detento da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona Rural do município. Ninguém ficou ferido durante os incêndios ou nas tentativas de incêndio.

A Polícia Militar conseguiu prender quatro indivíduos. Quem também participou das ações foi a Guarda Civil Municipal (GCM) que atendeu, principalmente, os casos de incêndio em prédios dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras). O primeiro ataque aconteceu por volta das 21h, quando os guardas municipais foram acionados para averiguar um incêndio no prédio do Cras do bairro Nova Cidade, zona Oeste.

Quando a Guarda Municipal chegou ao endereço, homens do Corpo de Bombeiros já faziam a contenção das chamas. Os vidros da porta estavam quebrados. O incêndio queimou o forro e danificou o piso do prédio. O vigilante não estava no local quando os bandidos lançaram o coquetel molotov [garrafa de vidro cheia de líquido inflamável com um pedaço de tecido ou papel na ponta].

O Cras do bairro União, na zona Oeste da Capital, também foi alvo das investidas do crime organizado. Mas apesar da tentativa, o incêndio não teve grandes proporções porque os bandidos não conseguiram quebrar a porta quando arremessaram a garrafa. As chamas ficaram acesas por alguns minutos do lado de fora do prédio. Ontem funcionários tiveram que encerrar o expediente mais cedo porque o cheiro de combustível era forte no local.

No bairro Centenário, os bandidos não conseguiram incendiar o prédio do Cras, mas um caminhão-baú que está dentro do terreno ficou com a cabine totalmente queimada. Os elementos lançaram a bomba caseira e fugiram. A Guarda Municipal também atendeu a ocorrência, enquanto o Corpo de Bombeiros fazia a contenção do fogo. O vigia disse aos guardas que ouviu apenas um barulho e, quando saiu do prédio, viu a parte dianteira do caminhão em chamas e ligou para o 190.

BANCOS – Duas agências bancárias da Capital foram atacadas pelos bandidos no final da noite de domingo e na madrugada de ontem. O primeiro ataque ocorreu por volta das 23h40, quando os elementos quebraram as vidraças do prédio que fica localizado às margens da Avenida Ataíde Teive, bairro Alvorada, zona Oeste e, em seguida, jogaram as garrafas com produto inflamável. Pelo menos seis caixas eletrônicos foram destruídos pelo fogo.

Desde o momento em que o crime ocorreu, a Polícia Militar foi acionada e, por sua vez, comunicou a Polícia Federal (PF), que é responsável pela guarda da agência e pela investigação do crime, tendo em vista que o banco em questão é uma instituição federal. Durante toda a madrugada e o dia de ontem, uma viatura da PF esteve em frente ao prédio.

O outro caso se deu enquanto policiais faziam patrulhamento pela Avenida Estrela D’alva, no bairro Raiar do Sol, e avistaram a vidraça da agência quebrada e, ao se aproximarem, encontraram gasolina derramada pelo chão e estilhaços de vidro. A suspeita é de que o fogo apagou antes de ter contato com o produto inflamável. A área que deveria ser atingida, nas instalações do banco, era destinada aos caixas eletrônicos, mas nenhum dano foi registrado. Na manhã de ontem, o atendimento aconteceu dentro da normalidade.

MICRO-ÔNIBUS – Um micro-ônibus da Polícia Militar, que funciona como trailer fixo, em frente ao Colégio Militar do bairro Cidade Satélite, no Residencial Vila Jardim, zona Oeste, foi atacado por quatro elementos no fim da noite do domingo. Por volta das 23h40, uma equipe do Núcleo de Inteligência da PM conseguiu intervir e prender Felipe Guilherme de Oliveira Lima, de 21 anos. Ele é considerado um dos líderes do bando e estava em posse de uma mochila contendo aproximadamente 2,2 litros de gasolina numa garrafa pet e um isqueiro.

Os comparsas que estavam em duas motos tentaram fugir a pé, mas foram seguidos e detidos pelos militares. Flamir da Silva Júnior, de 20 anos, e Waldiner Alencar de Medeiros, 22 anos, foram presos e uma adolescente, de 15 anos, apreendida. Todos foram levados para a delegacia juntamente com Felipe Guilherme.

Eles conseguiram quebrar o vidro da janela do ônibus/trailer, mas não incendiaram o veículo porque foram interceptados. Com os elementos foram apreendidos mais de 13 litros de gasolina, uma balaclava [máscara de pano], barbante e isqueiro. Todos eles moram no bairro Cidade Satélite, sendo que três vivem no Residencial Vila Jardim. Os indivíduos são conhecidos das guarnições que atuam na área. 

O quarteto foi levado para a Central de Flagrantes do 5o DP, juntamente com o material apreendido, para que as providências legais fossem adotadas. Os três jovens foram autuados em flagrantes (APF), enquanto o Auto de Apreensão em Flagrante por Ato Infracional (AAFAI) foi lavrado contra a adolescente.

DRACO – O Distrito de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil vai ficar responsável pelas investigações dos atentados, tendo em vista que a ordem partiu do líder de uma facção criminosa que está na Pamc. Num áudio divulgado pelo whatsapp, o preso pede que todos os faccionados, que ele chama de “irmãos”, se reúnam e “ponham Roraima a baixo”. A única exceção dos ataques deveriam ser creches, escolas, postos de saúde e hospitais. (J.B)

  NOVOS ATAQUES  

Ônibus é incendiado no Conjunto Cidadão

Por volta das 20h de ontem, dia 30, um ônibus foi incendiado por criminosos que lançaram garrafas com material explosivo enquanto o veículo estava estacionado, aguardando o retorno ao itinerário. O ônibus estava ao lado de um muro, no fim da linha, localizada na Rua Major Elcidon Pinto, no Conjunto Cidadão, bairro Laura Moreira, zona Oeste da Capital.

Testemunhas relataram à polícia que os criminosos estavam em uma motocicleta e agiram rapidamente. Como o transporte público não estava ocupado, ninguém ficou ferido. As chamas tomaram conta do veículo em pouco tempo e quem presenciou a cena não teve tempo de agir para impedir que o incêndio ganhasse contornos trágicos.

A Polícia Militar foi acionada e logo em seguida o Corpo de Bombeiros também foi chamado para fazer o combate ao fogo. O incêndio foi controlado, mas o veículo já estava com a estrutura comprometida. Os policiais ouviram testemunhas e iniciaram as diligências pelas ruas do bairro e pelas regiões adjacentes, mas até as 21h ainda não tinha prendido nenhum suspeito.

Na noite do domingo, dia 29, a frota de ônibus parou de circular mais cedo, pois os motoristas ficaram com medo de ataques. O caso foi registrado na delegacia da área para que a autoridade policial tome conhecimento e instaure inquérito para investigar os fatos. (J.B)