Política

Facções contribuem para o aumento da violência em RR

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, domingo, 6, o comandante geral da Polícia Militar de Roraima (PMRR), coronel Edison Prola, afirmou que nos últimos dois anos, os índices de violência cresceram consideravelmente em Roraima. Um dos principais motivos são ações de facções criminosas, organizações cada vez mais presentes nas unidades prisionais do Estado. Outro fator, que também colabora para esse aumento, é a imigração em massa de venezuelanos. 

Segundo o comandante da PMRR, atualmente três facções dominam as unidades prisionais de Roraima, sendo duas de nível nacional e uma comandada por criminosos do Estado do Amazonas. “Uma dessas facções é comandada por criminosos do Paraná. Já o comando de outra vem dos presídios de Manaus. O crime mais comum cometido pelos membros desses grupos é o tráfico de drogas, atividade que financia o crime organizado”, detalhou.

Sendo membro dessas facções, o criminoso encarcerado paga uma espécie de mensalidade, que gira em torno de R$ 400,00. Como não possuem atividade remunerada esse dinheiro é pago pela família. Quem está fora também paga e o dinheiro é adquirido por meio de crimes que vão além do tráfico de drogas.

“Esses criminosos assaltam a população à mão armada e muitas vezes em plena luz do dia. Levam o que podem, vendem, trocam e esse dinheiro vai parar nas mãos dos líderes destas facções”, disse Prola.

Ele informou que a rivalidade entre as facções é a maior responsável pelos homicídios registrados nos últimos dois anos. “Essas mortes são fruto de acerto de contas. O Anel Viário, por exemplo, se tornou um depósito de corpos a céu aberto. Os criminosos matam o indivíduo e desovam o corpo naquela localidade”, afirmou o comandante.

Já em crimes como assaltos, roubos e furtos, a participação de venezuelanos é grande. O objeto mais furtado são os aparelhos celulares. “No mercado negro, um aparelho celular custa entre R$ 50,00 e R$ 100,00. Esse dinheiro nas mãos de quem vive na rua, marginalizado é muito. Alguns até mandam pra Venezuela para manter os familiares que ficaram por lá”, detalhou.

Prola ressaltou que em momento algum a PMRR generaliza a situação. “Sabemos que entre esses milhares de imigrantes muitos estão aqui atrás de sobrevivência, fugindo da fome e da ditadura no país de origem. Entre esse povo existem pais e mães de famílias que estão apenas tentando refazer a vida. Porém, não podemos negar que os poucos que optam pelo crime têm colaborado para o aumento da violência em nosso Estado”, pontuou.

COMBATE – O comandante da PMRR ressaltou que a corporação trabalha sem intervalos para combater o crime, não importa a natureza. “Nós estamos bem equipados. Temos uma frota nova de viaturas, armas, munição e coletes balísticos para todos os policiais. Isso não acontece em outros estados da federação. Ainda temos condições de combater o crime de forma eficiente”, detalhou.

Prola destacou ainda que os índices não diminuem porque nem todos os criminosos são presos. “A PMRR tá nas ruas. Nós prendemos criminosos todos os dias, porém quando chega na audiência de custódia eles são soltos, pois não vão lotar as unidades prisionais com quem furta um celular ou com quem é encontrado com uma pequena quantidade de drogas. Se isso acontecesse, precisaríamos de muitos presídios. Eles são soltos e voltam a cometer os mesmos crimes”, concluiu.