Cotidiano

Familiares de vítimas de acidente cobram agilidade no exame de DNA

Peritos precisam viajar para outro Estado a fim de realizar o exame de DNA nos corpos, mas até agora não receberam as passagens

Na tarde ontem, 09, familiares de duas pessoas que morreram carbonizadas em um acidente no trecho sul da BR-174, se reuniram em frente ao Instituto Médico Legal (IML), no bairro Liberdade, zona Oeste, para cobrar agilidade para a realização do exame de DNA, já que o processo não é feito no Estado, para que seja feita a liberação dos corpos.  Kenedy da Silva, 26 anos, e Nildo da Conceição, 32 anos, tiveram seus corpos carbonizados dentro de um Fiat Uno ao colidirem com uma carreta na noite de segunda-feira, 07.

O cunhado de Kenedy, Lúcio Nascimento, disse que os parentes reconheceram os corpos, mas, mesmo assim, o IML se recusa a liberar por não ter certeza sobre a identificação. “Os familiares reconheceram os dois corpos. Mas nos informaram que era preciso fazer o exame de DNA”, disse.

Em Roraima, não há um laboratório para a realização do exame, então é necessário enviar o material para Brasília (DF), Belém (PA) ou para o Paraná. “É preciso custear a passagem de ida e volta de um perito do IML, que custa cerca de R$ 2 mil, para fazer o exame. No entanto, os responsáveis nos disseram que o governo não tem repassado a verba para o Instituto”, disse Nascimento.

Ele afirmou que as famílias pretendem arcar com as despesas necessárias para a efetivação do exame de DNA. “Fazendo isso, nos disseram que a gente estará ajudando outras famílias, pois os corpos daqueles que foram mortos na guerra entre facções na Penitenciária até hoje se encontram aqui”, frisou, ao acrescentar que, em uma única viagem, o perito pode levar o material para fazer o exame de vários corpos que precisam ser identificados.

Para ele, a situação que os parentes estão passando seria “uma falta de respeito e de compaixão com o próximo”. “Não podemos aceitar. Se fosse alguém da família dos governantes, com certeza o corpo não passaria sequer um dia aqui. Mas com a gente eles fazem isso. A gente não pede nada ao governo, queremos que respeitem a nossa dor nesse momento. É uma sensação horrível não poder enterrar o nosso ente querido”, frisou Nascimento.

O pai do Nildo, Antônio de Jesus, disse que o IML deu um prazo de 30 dias para a liberação dos corpos devido a falta de dinheiro: “Se nós, familiares, pagarmos por esse processo, o tempo cai pela metade, mas não entendemos tudo isso porque já reconhecemos o corpo do meu menino e, mesmo assim, eles não querem liberar”, afirmou. “O governo precisa fazer algo por nós, somos seres humanos e estamos sentindo muito, não podemos esperar tanto tempo”.

GOVERNO – Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), por meio do IML, informou que os restos mortais das vítimas do acidente foram completamente carbonizados. “Com o impacto entre os veículos, as vítimas foram decapitadas e, devido ao estado em que ficaram os corpos, tornou-se impossível o reconhecimento sem a realização de exame de DNA. Por esse motivo não é possível a liberação dos corpos”, frisou.

O diretor do Instituto de Criminalística, Sttefani Pinheiro, disse que o instituto já solicitou passagens e diárias para que duas peritas criminais viajem para a realização do exame de DNA a custo zero para o Estado. “O pedido foi feito em caráter de urgência, respeitando os trâmites burocráticos”, disse.

Questionado sobre a construção de um laboratório de DNA, o Governo do Estado afirmou estar pleiteando recursos junto à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para a instalação do laboratório forense. “Dentro de 15 dias, os técnicos da Senasp virão a Roraima para avaliar a estrutura necessária e iniciar o processo de implantação do laboratório”, afirmou. (B.B)