Cotidiano

Ferro-velho no bairro Raiar do Sol preocupa moradores da região

Uma empresa de ferro-velho a céu aberto tem deixado moradores do bairro Raiar do Sol, zona oeste da Capital, preocupados. Isso porque, devido ao matagal, acúmulo de lixo e chuvas constantes, o local tem servido para a reprodução do mosquito Aedes aegypti. Segundo relatos, algumas pessoas que residem nas proximidades contraíram chikungunya. Além dos riscos à saúde, o descuido com o espaço também tem comprometido a segurança do bairro.

Após as constantes reclamações, a Folha foi até o local. O ferro-velho está situado na Avenida Estrela Dalva e possui uma quantidade expressiva de sucata espalhada, além de não contar com nenhum tipo de cobertura. Alguns pedaços de ferro e lixo acumulam água parada.

Na mesma avenida, a poucos metros de distância, reside o vendedor Ricardo Moreira, um dos moradores que contraiu a doença transmitida pelo mosquito. “Fui diagnosticado com chikungunya há três semanas. Até hoje ainda não estou 100%. Tive que faltar três dias de trabalho, coisa que antes nunca tinha acontecido. E eu não fui o único. Algumas pessoas aqui, na vizinhança, também estão acamadas. A vizinha da rua de trás, inclusive, está internada no HGR [Hospital Geral de Roraima] por conta da mesma doença. Já ligamos para a Prefeitura, mas nada foi feito até o momento”, relatou.

Moreira reside em uma casa com duas crianças e a esposa, Thaís Silva. Ela disse que já tomou diversas providências, principalmente preocupada com a saúde dos filhos. “Ligamos para a Central 156, denunciamos em todos os números da Prefeitura e hoje [29] fui até a Vigilância Sanitária pedir que alguém viesse até o local. Até agora não tivemos nenhum resultado. Precisamos que limpem, espalhem veneno ou multem o responsável. A maioria dos moradores já fez uma limpeza geral no seu quintal, mas a doença continua afetando muita gente. Temos muitas crianças nesse bairro”, frisou.

Ainda segundo Thaís, os problemas ocasionados pelo ferro-velho vão além do acúmulo de lixo e água parada. “Estamos preocupados também com a segurança do bairro. O ferro-velho é completamente aberto e pode servir de esconderijo para pessoas mal intencionadas. O mato ali chega a dois metros de altura”, denunciou.

FERRO-VELHO – A Folha entrou em contato com o proprietário da empresa, empresário Pita Ramirez. Por telefone, ele afirmou que o terreno é limpo a cada dois meses. “O ferro-velho não está abandonado como as pessoas estão dizendo. Vou todos os dias lá e mandamos limpar a cada dois meses. Como se trata de ferro, acumula pouca água, porque qualquer momento de sol essa água evapora com muita facilidade. Esquenta muito e não há risco de proliferação”, alegou.

Segundo o empresário, atualmente o local conta com cerca de 70 toneladas de ferro. “Aquele material se juntou ali porque, devido à crise, a empresa que mandava a prensa parou de enviar. Recentemente, tirei 21 toneladas de material. Estou trabalhando conforme as minhas condições e tirando aos poucos. Fechei parceria com uma empresa de Manaus [AM] há pouco tempo e ela irá fazer uma nova prensa ainda esta semana. O material não passa nem dez dias no local”, afirmou.

PREFEITURA – Depois de questionada sobre a infestação do mosquito na localidade, a Prefeitura de Boa Vista informou que uma vistoria já está sendo programada. Informou que, no momento, as equipes municipais estão mobilizadas para a implantação das unidades disseminadoras, que funcionam como uma armadilha com inseticida e que vão auxiliar no combate ao Aedes aegypti.