Cotidiano

Fórum discute propostas e desafios para melhorias no ensino do meio rural

Agricultores, acadêmicos e professores estão participando do II Fórum Estadual de Educação do Campo de Roraima (Foeec-RR) para a discussão de propostas de melhorias e reflexão sobre a atual conjuntura do ensino no meio rural. O evento está acontecendo desde ontem na sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Roraima (Fetraferr) e se estenderá até amanhã com discussões que envolvem a valorização dos educadores e os desafios do ensino no campo.

Os debates estão ocorrendo por meio de mesas redondas com a participação de representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), da Fetraferr, da Universidade Estadual de Roraima (UERR) e da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Também estão acontecendo apresentações culturais e exposições de pesquisas desenvolvidas por especialistas no assunto.

A intenção do II Fórum é resgatar a importância da educação no campo e ampliar os debates para nível nacional diante do novo contexto político do Brasil. A ideia é apresentar proposituras ao poder público para continuidade aos programas de educação para o meio rural, criados nos últimos 10 anos. Entre as propostas está a introdução no currículo escolar de conteúdos que se relacionem com a vida na comunidade.

“Criamos esse Fórum no ano passado para que possamos ter uma educação de qualidade”, disse a presidente da Fetraferr, Maria Alves ao reforçar que a importância da valorização de educadores e alunos do campo, com melhores ofertas de transportes merenda e material escolar, e infraestrutura das escolas.

Para o representante da Contag, Antônio Lacerda Souto, a escola do campo exerce um papel fundamental para a promoção do desenvolvimento da comunidade. Segundo ele, garantir o ensino é evitar o êxodo rural, quando alunos e até famílias se mudam para o ambiente urbano em busca de estudo.

“Temos que desmitificar a ideia de que no campo é lugar de atraso com pessoas que não estudam. Sem escolas, é comum os alunos irem estudar nos centros urbanos”, disse Souto ao comentar que a educação resgata o desenvolvimento local e contribui para evitar o crescimento da criminalidade. Ele considera necessária a manutenção e a ampliação de escolas no campo não apenas em Roraima, mas em todo o país. “Quando se fecha uma escola no meio rural, a vida no campo também é fechada”, frisou.

LICENCIATURA – Os acadêmicos que estão participando do evento cursam Licenciatura em Educação no Campo na UFRR e UERR. Só na Federal são duas turmas com 120 alunos que estudam em aulas alternadas nos campus Paricarana e Murupu. Também há ocasiões em que os professores vão até as comunidades acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos realizados pelos alunos. “Quero me formar e lecionar na própria comunidade que moro”, disse a acadêmica Nislai Vidal de Oliveira, moradora da zona rural do município de Cantá, Centro-Leste do Estado.

CARTA PROPOSTA – Ao final do Foeec-RR será elaborada uma carta com reivindicações e propostas de melhorias e continuidade da educação no campo que será direcionada às prefeituras das cidades de Roraima, ao Governo do Estado e ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). (A.D).